Nada menos do que nove pedaços de férias passadas no Brasil. E, pela primeira vez, a trabalho no país, o ator argentino Chino Darín ; que divulga o longa coproduzido entre Brasil e Uruguai O silêncio do céu ; se desmancha, diante da beleza do Rio de Janeiro, de Búzios, da Praia do Rosa, de Pelotas e de Florianópolis, além das praias do Forte e de Pipa. "Um dos lugares que quero visitar é a Chapada Diamantina. O Brasil é tão grande que, infelizmente, nunca terminarei de conhecê-lo", observa o entusiasmado ator de 27 anos.
O olho do ator é afiado de berço para as artes ; já que é filho de ninguém menos do que Ricardo Darín. ;A coisa mais certa que aprendi com ele foi ser filho dele;, sublinha o ator que, no atual longa dirigido pelo brasileiro Marco Dutra, teve que se descolar, em muito, da própria personalidade. ;Néstor, meu personagem, é muito diferente de mim. Fico intrigado até que ponto é consciente nele o uso de violência ou se é incapaz de lidar com emoções ou ainda se é mera marionete para realizar atrocidades;, avalia, sobre o longa à la Hitchcock e Brian De Palma, no qual persegue e estupra a personagem vivida por Carolina Dieckmann.
;Com as injustiças sociais, nós, latino-americanos, somos mais permeáveis à violência. Vivemos à beira do precipício onde ela pode vir a nos afetar, diretamente;, observa o ator que não faz muito atuou na polêmica série História de um clã, em torno de uma família que realmente existiu na Argentina, cometendo chocantes crimes. ;Acabei de viver 10 meses na Espanha, e lá, a violência tem a ver com terrorismo, não é algo de condição interna do país. Nós convivemos com o tema da violência muito mais, no dia a dia. Daí ser um tema atrativo quando se fala em ficção. Há conteúdo para estabelecermos causas e consequências de atos violentos;, comenta.
Produções
O estreitamento de Chino com a produção audiovisual brasileira se deu com a série da HBO O hipnotizador, que teve participação do brasiliense José Eduardo Belmonte. ;Estão pujantes os cinemas latino-americanos, em especial os do Brasil e da Argentina, em nível mundial. Podemos estar orgulhosos;, destaca. Alcançar um intercâmbio cultural e afunilar os caminhos futuros de aproximar e fazer fluir as produções latinas é causa defendida pelo ator, que, recentemente, filmou A rainha da Espanha, com o mestre Fernando Trueba, por sinal, já contou com o pai de Chino, na realização do longa A dançarina e o ladrão (2009).
;Sei da febre que meu pai causa no Brasil, na Argentina e na Espanha. Para mim é muito difícil separar a figura do pai da do ator. O aprendizado vem mais do ser humano. Viajamos, muito seguido, em família. Com ele, aprendo de vida, amizade e amor, muito mais do que de profissão;, conta. E quanto à carreira, ele esclarece dúvida: Já estiveram em cena pai e filho, juntos? ;Somente uma sequência, mas em nada foi marcante;, diverte-se Chino.