Alexandre de Paula
postado em 16/10/2016 07:28
Escrever para jovens é uma missão difícil, mas pode trazer também muitas recompensas. O público infantojuvenil é responsável por parte considerável do mercado e não tem vergonha de levantar a bandeira do que gosta. Autoras como Paula Pimenta e a blogueira Bruna Vieira fizeram sucesso conquistando exatamente esse público. As duas agora apostam em outra paixão de muitos jovens: os quadrinhos.
A escritora Paula Pimenta conta que ela mesma começou a ler por causa dos quadrinhos. As revistinhas da Turma da Mônica foram a primeira paixão e, a partir delas, Paula nunca mais quis parar de ler. Ela acredita que os quadrinhos, assim como a literatura produzida por elas, podem fazer esse papel de ajudar a criar hábitos de leitura.
A chegada nos quadrinhos se deu mais por uma vontade de continuar histórias que já tinha explorado no mundo da literatura. É o caso da série Fazendo meu filme. Depois de terminar os livros, Paula achava que já tinha feito tudo com a personagem no mundo das letras. O público, no entanto, queria mais.
;Quando eu terminei de escrever a série, meus leitores pediram (e ainda pedem) muito por uma continuação. Eu não quis fazer isso, pois acho que dei para a Fani (protagonista) o melhor final feliz que eu poderia imaginar e também gosto de deixar um pouco para a imaginação dos leitores;, conta.
A saída encontrada foi produzir quadrinhos com acontecimentos que se passavam durante o mesmo período da série, mas que não entraram nos livros. ;Assim não seria bem uma continuação, mas os leitores poderiam matar a saudade dos personagens (e eu também);, conta. ;Os quadrinhos são baseados em capítulos novos que estou escrevendo especialmente para esse projeto. Então, eu já escrevo imaginando como os acontecimentos ficariam em quadrinhos;, conta.
Para ela, uma característica interessante dos quadrinhos é que os leitores podem ver, de fato, como ela imagina o cenário das histórias e os personagens. ;Eu fiz um verdadeiro retrato falado para os desenhistas e aprovei cada uma das imagens até ficar exatamente como a minha imaginação;, explica.
Ela fala também sobre as diferenças entre as linguagens dos quadrinhos e da literatura. ;A maior diferença é ter que explorar mais os diálogos, pois, nos livros, toda a descrição da cena é feita com palavras e, no caso dos quadrinhos. Estamos vendo o que está acontecendo, então, o que realmente importa são os pensamentos e conversas dos personagens.;
Fenômeno de vendas, Paula se consolidou na literatura escrevendo livros para jovens. Adorada entre os adolescentes, ela chegou a mais de 1 milhão de cópias vendidas, principalmente com as séries Fazendo meu filme e Minha vida fora de série.
>>Três perguntas / Paula Pimenta
Como é escrever para o público infantojuvenil?
É maravilhoso! Os adolescentes são muito intensos, quando gostam de algo, eles amam! Se não gostam, odeiam... Então, o retorno deles é muito sincero e imediato. Eles chegam às sessões de autógrafos abraçando os livros, me enchem de beijos, cartinhas, presentes... Eu realmente amo escrever para esse público!
Acredita que a literatura escrita por você pode ajudar na formação de leitores?
Sim, todos os dias recebo e-mails e recados nas redes sociais de leitores me contando que não gostavam de ler, mas que, ao terem contato com os meus livros, não conseguiram parar até terminar a leitura... e que agora leem de tudo! Os pais também me escrevem agradecendo, contando que eu fui a única que conseguiu tirar a filha da internet... Eu fico muito feliz de saber que estou incentivando esse gosto pela leitura desde cedo!
Os quadrinhos também podem auxiliar nisso?
Sim, toda forma de literatura é uma porta. Eu mesma comecei a ler por meio de revistinhas da Turma da Mônica. E, a partir delas, quis ler cada vez mais. Tenho leitoras bem novinhas que começaram lendo os quadrinhos da Fani e que agora me contam que já estão lendo todos os livros da série.