Integrada por filmes consagrados, inovadores e também intrigantes: assim é a seleção proposta na Mostra de Cinema Atual Espanhol, a partir de hoje em cartaz no Cine Brasília (EQS 106/107), numa série de projeções espalhadas por outras 14 capitais brasileiras. Vencedor de 10 prêmios Goya, o mais prestigiado no âmbito do cinema espanhol, Pecados antigos, longas sombras, assinado por Alberto Rodríguez, abre o evento, transbordando suspense, na trama programada para as 19h.
Valorizado como melhor filme, pela melhor direção e ainda pela atuação do protagonista (Javier Gutiérrez), Pecados antigos traz no roteiro, igualmente premiado, a rota do desaparecimento de duas adolescentes, na remota região do delta do rio Guadalquivir, ao sul da Espanha. Com reapresentação também marcada para as 18h de sábado, Pecados antigos, longas sombras enfoca a atuação de uma dupla de detetives de homicídios, Pedro (Raúl Arévalo) e Juan (Javier Gutiérrez). Destacados pela polícia madrilenha, nas investigações, ambos vão esbarrar numa rede de tráfego de drogas e em resquícios da ambiguidade do fim da ditadura de Francisco Franco, uma vez que a fita é ambientada nos anos de 1980. A caracterização do período é muito marcante, dadas excelentes fotografia e direção de arte.
[SAIBAMAIS]
Também detido numa época bem definida ; no caso, na contemporânea fase de estagnação econômica ;, ;rtico é a atração de amanhã (às 19h), com enredo aos cuidados de Gabriel Velázquez. Num cenário de limitações, a trama revela o dia a dia de dois jovens que, pelas ruas, apostam em aplicar pequenos golpes. Um descontentamento com as perspectivas azeda o cotidiano de um, muito sufocado pela família, e do outro, cansado da solidão. ;rtico (com reapresentação às 20h de sábado), incluído no Festival de Berlim de 2014, faturou menção especial de júri, em seleção paralela do evento alemão.
Amanhã, às 21h, Todos estão mortos traz um colorido de realismo mágico à mostra Cinema Atual Espanhol. No primeiro longa a cargo de Beatriz Sanchís, o conceito de revival é assustador: a Noite de todos os mortos é sinônimo de celebração e de um pedido de ajuda, em pleno ritual mexicano, por parte da estranha matriarca Lupe. Mãe de um adolescente renegado, Lupe invoca a ressurreição do ex-parceiro em famosa banda de rock na qual ela atuava, nos anos de 1980. Atriz renomada de fitas como A pele que habito (de Pedro Almodóvar), Elena Anaya, que vive a protagonista, foi candidata ao prêmio Goya de melhor atriz, pelo filme de Sanchís.
Duas realidades
Filmes com dois enfoques bastante diferentes estão entre as atrações para o fim de semana. Na sexta-feira, às 19h, é a vez de Flores (também em cartaz, no domingo), e às 21h, Linda juventude (a ser reprisado sábado). O primeiro, com a peculiaridade de ser falado em euskera (língua do país Basco), tem direção de José Mari Goenaga e revela os destino de três mulheres unidas pela admiração de um anônimo empenhado no envio sistemático de flores a cada uma delas. Selecionado para o Festival de São Sebastián, o longa competiu a prêmios Goya (incluindo o de melhor filme).
Bem mais radical, Linda juventude (de Jaime Rosales) trata de sobrevivência numa dura conjuntura. Menção especial no segmento Um Certo Olhar do Festival de Cannes, o longa mostra um casal europeu sem maiores esperanças: às vésperas do nascimento da filha Julia, eles ; por falta de perspectivas financeiras ; têm que se render momentaneamente à indústria da produção de fita pornô amadora.
Programe-se!
Hoje, às 19h, Pecados antigos, longas sombras
Amanhã, às 19h, ;rtico; e às 21h, Todos estão mortos
Sexta, às 19h, Flores; e às 21h, Linda juventude
Sábado, às 16h, Linda juventude; às 18h, Pecados antigos; e às 20h, ;rtico
Domingo, às 18h, Todos estão mortos; e às 20h, Flores