Diversão e Arte

Um salve ao grande Dimer Monteiro!

Brasília se despede de um dos seus mais competentes e atuantes artistas

postado em 25/10/2016 14:00
Brasília se despede de um dos seus mais competentes e atuantes artistas
Embora estivesse internado há algumas semanas, com a saúde debilitada, a morte de Dimer Camargo Monteiro não era exatamente esperada. Ninguém estava preparado para se despedir de um dos mais queridos e importantes artistas do teatro candango. Mas uma parada cardiorrespiratória encerrou as atividades de uma carreira fundamental para as artes cênicas da cidade. Não à toa, assim que a notícia foi confirmada, as redes sociais foram tomadas por depoimentos e relatos de amigos da classe artística e, acima de tudo, de espectadores. Éramos todos espectadores de Dimer.

Com Alexandre Ribondi, em 1982Atuante desde os anos 1970, o artista fez história pelos palcos do Distrito Federal, sendo impossível mensurar o legado que nos deixa. Há quem diga que a participação em Saltimbancos (1977), do grupo Pitú, seria o bastante para colocá-lo entre os grandes. Outros lembram de O exercício (1976) ; que levou multidões ao extinto (e saudoso) Teatro Galpão ; no qual Dimer dirigia a jovem e já incrível Iara Pietricovsky. Os amigos mais próximos listam ainda Gota d;água (1980) e Os rapazes da banda (1982) como trabalhos cânones da jornada de Dimer. De qualquer forma, elencar as contribuições de Dimer se revela tarefa árdua e, certamente, injusta.

'Saltimbancos', de 1977Ficam as memórias na mente de tantos brasilienses que formaram fila para vê-lo e sobram as lições impregnadas em cada um dos alunos que o tiveram como professor, fosse na sala de aula (onde formou tantos intérpretes de gerações subsequentes), fosse na vida.




// Depoimento

A última vez que vi Dimer foi na Marcha da Maconha, este ano. Lá estava ele empossado com cartaz e tomado por uma vontade louca de fazer e acontecer, como lhe era recorrente. Determinada hora, quando eu estava a caminho de cumprimentá-lo, ele foi parado por policiais que exigiram revistá-lo. O tal do baculejo. Os policiais exageraram na dose e criaram uma situação desnecessária.

E o que ele fez? Apresentou-se. Destilou palavras de ordem, discursou contra a opressão policial, falou em prol da democracia. Convocou quem estava perto para repudir atos de intolerância. Em poucos instantes, estávamos todos olhando para ele. Era ele a atração principal da marcha. Paramos todos para reconhecer a figura que protagonizava aquela catarse por entre jovens, famílias, maconheiras, policiais e caretas. Como se ele estivesse em um palco. E, quer saber? Ele estava sim. Sempre esteve. Nunca deixará de estar.
A benção, Dimer Monteiro! Por todas as lições!
A benção, Chico Sant;Anna, Guilherme Reis, Iara Pietricovsky, Alexandre Ribondi, Hugo Rodas, Bidô Galvão, Tullio Guimarães, Fernando Villar... e todos aqueles que escreveram (e escrevem) os principais capítulos do teatro desta cidade. Dimer segue em cada um de vocês. Nossa gratidão!
(Diego Ponce de Leon)

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