Ricardo Daehn
postado em 02/11/2016 07:30
;Minha missão, como cineasta, é explorar as mais íntimas relações, tanto com demonstrações nos campos privados quanto em terrenos mais expansivos;, destaca o diretor Derek Cianfrance, no material de divulgação do mais recente filme dele: A luz entre oceanos. Quem conhece a obra do diretor ; nascido no Colorado, nos EUA, sabe o quanto a futura adaptação de Cianfrance, saída do livro Empire of the summer moon, vai desviá-lo da costumeira rota. O diretor de Namorados para sempre (2010), entende mesmo da representação de amor, nem que seja entre pai e filho, capazes de sair da criminalidade, pela força dos laços familiares, em O lugar onde tudo termina (2012). A luz entre oceanos, que estreia hoje, leva o tradicional pedigree de Cianfrance.
Assumindo a intenção de ser excessivamente fiel ao que foi narrado no livro de estreia da autora M.L. Stedman, de 2012, Cianfrance entrega ao espectador um filme raro, nos dias de hoje, todo calcado em transbordante amor. Traduzido para 40 línguas e com vendas superiores à casa dos dois milhões de exemplares, o romance ; que figurou no topo dos best-sellers do The New York Times e do USA Today ; conta da extrema intimidade de casal interpretado pelos excepcionais Alicia Vikander e Michael Fassbender (juntos na vida real), respectivamente, conhecidos pelos papeis românticos em A garota dinamarquesa (2015) e Jane Eyre (2011).
A luz entre oceanos, selecionado para o último Festival de Veneza, se afirma num gigantesco dilema moral brotado da relação entre Tom e Isabel. A ação se passa em Janus Rock (isolada ilha em que Tom trabalha num farol) e ainda em Partageuse (cidade de origem de Isabel), ambas fictícias áreas australianas do pós-Primeira Guerra Mundial. A temática da ;eterna história de amor;, como classifica o diretor, passa pelas sucessivas perdas do casal (anteriores ao enredo) e pela decisão tomada, no contato dos dois com um par de náufragos (pai e filha, em cena). Hannah, uma viúva interpretada por Rachel Weisz (O jardineiro fiel), aparece para embaralhar a vida a dois de Tom e Isabel.
Amores brasileiros
Quase um ano depois da estreia de Marina Person como diretora de um longa de ficção (Califórnia), o marido dela Gustavo Rosa de Moura faz o mesmo percurso, à frente de Canção da volta, com feitos como o documentário Cildo (centrado na figura do artista plástico Cildo Meirelles), além das participações em festivais como os de Roterdã (Holanda) e Clermont-Ferrand (França).
Canção da volta, que traz na trilha sonora composições interpretadas por Dolores Duran e Caetano Veloso, monta um quebra-cabeças delicado (com quê de thriller psicológico), no qual a relação entre o casal Julia (Marina Person, na estreia como protagonista, em cinema) e Eduardo (João Miguel) nunca parece estável.
Sempre na corda bamba, especialmente depois de uma tentativa de suicídio, Edu e Ju repassam dúvidas emocionais para os filhos: a pequena Maria e Lucas (Francisco Miguez, destaque em As melhores coisas do mundo). Uma das curiosidades de Canção da volta (com roteiro assinado pelo diretor e Leonardo Levis) está no fato de, arquiteto de formação, o cineasta Gustavo Rosa de Moura ter aproveitado a própria residência como locação para a fita.
Também embarcando na linha dos extremos, o primeiro longa da paulistana Lô Politi se chama Jonas. Motivado por um cenário que intrigava a diretora ; os carros alegóricos espalhados pela Marginal Tietê ;, Jonas tem enredo transcorrido durante o carnaval, época em que o protagonista (Jesuíta Barbosa) resolve agir, em relação ao sentimento pela personagem de Laura Neiva. Um sequestro e a ocupação de um carro alegórico estão na rota das escolhas de Jonas. No filme, Criolo e Chay Suede fazem participações.
Estreias previstas
Cinema novo
Curumim
Indignação
13 minutos
Cícero Dias, o compadre de Picasso (a partir de amanhã, no Cine Itaú Casa Park)