Diversão e Arte

Simone & Simaria abraçam sertanejo em novo álbum gravado em Goiânia

O sucesso do 'Bar das coleguinhas' tornou a dupla baiana, que já era conhecida no Nordeste, um fenômeno em todo o país

Adriana Izel
postado em 20/11/2016 07:58
O sucesso do 'Bar das coleguinhas' tornou a dupla baiana, que já era conhecida no Nordeste, um fenômeno em todo o país
São Paulo ; Há um ano, as irmãs Simone & Simaria conseguiram se destacar em todo o Brasil com o lançamento do álbum Bar das coleguinhas. Gravado de forma intimista e imitando, como o próprio nome diz, um bar, as cantoras montaram um repertório daqueles que o espectador precisa curar o desamor com a bebida. A sofrência das canções fez sucesso, tornando a maioria das faixas do material em hits, como Meu violão e nosso cachorro, Quando o mel é bom e Não vou mais atrás de você (em parceria com Wesley Safadão). Além de ter sagrado diversos bordões da dupla, como ;Chora não, coleguinha;, ;Dá vontade de meter o chifre no chão e sair arando a terra; e ;É hoje que eu bebo até cair, se eu cair, eu continuo bebendo deitada nessa ;misera;;.

O sucesso do Bar das coleguinhas tornou a dupla baiana, que já era conhecida no Nordeste, um fenômeno em todo o país. Porém, não foi só a sofrência que garantiu a boa repercussão das cantoras. Na verdade, uma série de fatores podem ser apontados, como a mudança de protagonismo do discurso (agora são as mulheres que dão as cartas), a ausência de uma segunda voz (as duas se dividem na primeira voz), os bordões e a transição do forró para o sertanejo (elas começaram a carreira como backing vocal de Frank Aguiar e fizeram parte do Forró do Muído). ;O projeto Bar das coleguinhas foi a realização de um sonho do nosso pai, que já morreu. Era o sonho dele ver a gente cantando sertanejo. Além disso, desde muito pequenas a gente já ouvia Milionário & José Rico, Zezé di Camargo & Luciano...;, conta Simone.

Um ano depois e aproveitando o bom momento, Simone & Simaria lançam no mercado um novo álbum, formado por 14 faixas inéditas e duas regravações de Bar das coleguinhas. Simone & Simaria live foi gravado em Goiânia e tem algumas diferenças de Bar das coleguinhas. Se o primeiro era para pouca gente, agora elas lotaram um espaço na capital goiana. Se o cenário era mais simples, agora elas estão cercadas de telões de LED em um superpalco, uma característica do mundo sertanejo, ao qual elas abraçaram de vez no novo material. ;É engraçado porque, na época do forró, nós já tínhamos 20 minutos de bar (repertório de sertanejo). Quando chegava nos lugares, os fãs ficavam gritando ;abre o bar, abre o bar;. Eles amavam aquela coisa de a gente cantar sertanejo. Acho que o mercado estava carente de ter mulheres cantando músicas que só os homens cantavam. De ver uma dupla casando voz. A gente ainda canta forró, mas tem funk, axé;, explica Simaria, citando Quem me viu mentiu, um dos forrós do DVD.

Novo material
Lançado no início de novembro, Simone & Simaria live acumula alguns hits. Das 16 faixas, algumas já estão entre as mais pedidas nas rádios e mais executadas nas plataformas digitais, como é o caso de Regime fechado, 126 cabides (que tem um clipe gravado em Buenos Aires), Duvido você tomar uma, Te amo chega dá raiva (em parceria com Bruno & Marrone) e Amor mal resolvido (dueto com Jorge & Mateus). Para as irmãs, esse era o principal desafio do sucessor de Bar das coleguinhas, ter a mesma quantidade de hits. ;A maioria das músicas que fizeram sucesso eu escrevi com parceiros. Mas também tenho um amigo especial, o Nivardo Paz, que ele é um dos caras que me ajuda na escolha do repertório. Acho que essa caminhada serviu para tudo, hoje eu posso ouvir uma música e saber se o povo vai gostar. Eu consigo filtrar;, revela Simaria.

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Se, nesse trabalho, as composições, em sua maioria, não são de Simaria, coube a cantora dirigir, produzir e ficar responsável pelos arranjos das faixas em parceria com o amigo Nivardo Paz. Minutos antes do início da gravação, Simaria conta que estava no palco ajustando som, checando a luz. ;Eu estava no palco para ver se estava tudo do jeito que tinha que ser. Entrei agoniada, nervosa, porque era uma pressão grande. Mas tudo a que se entrega de coração, vale a pena;, revela.

Entre os convidados, a dupla contou com Bruno & Marrone e Jorge & Mateus, artistas que elas classificam como ídolos e também amigos pessoais. ;A gente tinha uma história com Jorge & Mateus. No começo, eles faziam shows com o Forro do Muído no Nordeste para mostrar o som deles. Já Bruno & Marrone tem aquela coisa da admiração. São duas duplas maravilhosas;, explica Simone.

Um início de carreira difícil

Apesar de terem ficado conhecidas apenas no ano passado pelo país todo, Simone & Simaria estão na estrada há bastante tempo. Elas começaram a cantar ainda na infância por influência do pai. Aos três anos, Simaria já cantava no trabalho do pai, a faixa Meu mundo vazio, de Milionário e José Rico. O pai fazia de tudo para que as duas cantassem juntas. ;Vendo nosso talento, colocava a gente cantando juntas. Às vezes, uma atrapalhando a outra;, lembra Simone aos risos.

Na adolescência, elas se mudaram para São Paulo para fazer backing vocal de Frank Aguiar. A carreira ao lado do cantor durou sete anos para Simaria e cinco para Simone. Até que elas decidiram trilhar o próprio caminho. ;Foi uma escola maravilhosa, mas, assim que saímos, sofremos muito. Passamos a viver em São Paulo com R$ 200 por mês. Só não passamos fome porque Deus não quis. Cansadas de sofrer, fomos buscar outra coisa;, diz Simone. Ela então entrou em contato com um amigo no Nordeste e surgiu a oportunidade das irmãs cantarem em Fortaleza.

Inicialmente, elas trabalhavam para uma banda de baile, que tocava em festas, churrascos e confraternizações. Insistiram muito para gravarem um CD, até que o sonho se realizou e deu certo. Assim começou o Forro do Muído, com influência do forró pé-de-serra e da música latina, com batidas de guitarras e frases loucas, como elas definem. ;Tínhamos essas coisas que ninguém tinha. Gravamos o CD e um ano depois estávamos tocando para 15 mil pessoas;, afirma Simaria.

Na banda, elas ficaram por cinco anos, até que decidiram montar a dupla, por influência dos fãs e porque queriam que sua música ultrapassasse a fronteira do Nordeste. Hoje, as cantoras têm agenda lotada com passagem por todos os estados brasileiros, inclusive, fizeram uma turnê internacional neste ano, passando pelos Estados Unidos e pela Europa. O sucesso fora do Brasil também já faz com que as irmãs pensem numa carreira internacional. ;Foi incrível. Como eu sou casada com um espanhol e amo música latina, eu penso, sim, em gravar um CD todo em espanhol. Todos os sucessos que o povo ama no Brasil em espanhol;, completa Simaria.

Cinco perguntas / Simone & Simaria

O sucesso do 'Bar das coleguinhas' tornou a dupla baiana, que já era conhecida no Nordeste, um fenômeno em todo o país

Depois do sucesso de Bar das coleguinhas como foi pensar esse novo projeto?
Simaria: Foi muito difícil pensar em um novo projeto, porque quando você tem um projeto que dá certo, fica pensando se o próximo tem que ser no mesmo caminho ou se pode abusar e ousar um pouco mais. Foram algumas semanas sem dormir pensando no que iriamos fazer. O que eu falo sempre é o que mais importante não é o LED, a luz e tal, mas o conteúdo. Aqui no Brasil as pessoas ligam muito para o repertório. Se você pode agregar os dois, melhor ainda. Acho que conseguimos isso. É um DVD lindo, com um repertório que você não quer parar de ouvir. É cada música... É porque eu não bebo, porque se bebesse, poderia se preparar para me carregar em um dos braços, porque eu estaria caída no chão (risos).

Vocês acham que o mercado precisava de uma dupla feminina e com um discurso diferente?
Simaria: Viemos para mostrar que a mulher pode ser bem-sucedida, independente, ter filhos, trabalhar e ter uma banda de sucesso. Que ela pode beber quando levar chifre e estiver lascada. Os homens não bebem? O povo não bebe? Por que a gente não podia beber uma? Se tiver uma amiga para carregar, então, se joga. Se você achar que é da sua conta, que deve, jogue duro. Não pense não. Todo mundo tem direitos iguais, basta fazer as coisas com consciência, seguir seu coração e saber que vai sofrer as consequências. Eu não tô mandando ninguém beber não, bebe se quiser.

Vocês passaram por essa transição para o sertanejo. Apesar disso, não cantam com primeira e segunda voz. Era a intenção de vocês ir para o sertanejo, mas com esse outro formato?
Simone: Nosso diferencial é esse, por isso que deu certo. Se estivéssemos feito a mesma coisa, íamos passar como todo mundo. Tem música que eu canto a primeira voz, tem música que a Simaria canta. A gente divide isso muito bem e temos estilos muito diferentes. A minha voz é mais forte, a da Simaria é mais doce. Quando estamos com as canções já sabemos o que combina mais com cada uma. Esse diferencial que fez com que o nosso som chamasse atenção.

Como é o processo de criação dos bordões?
Simone: Na verdade, o termo ;coleguinhas; veio da nossa mãe. Ela sempre tratou as amigas como colega. Lá no Nordeste, a galera tinha e ainda tem mania de gravar CD ao vivo. Nisso, num show, eu tava cansada e Simaria me acordando ficou: ;Vai coleguinha, vai, vai coleguinha;. As pessoas começaram a nos apelidar assim. Acabou que essas coisas que a gente soltava naturalmente no show, a galera se identificava. Tem horas que eu fico rindo muito e nem consigo cantar. E o povo hoje fica esperando a gente soltar alguma coisa. virou uma marca da gente essa coisa de bordão.

Vocês têm o sonho de gravar com alguém?
Simaria: A gente tem um sonho de fazer uma parceria com Roberto Carlos e tem o Romeo Santos (cantor de bachata), que eu amo. É o tipo de música e o som que eu gosto. No dia que eu gravar com esse homens, Deus pode me levar (risos). É um sonho.
A repórter viajou a convite da Universal Music
Simone & Simaria Live
Universal Music, 16 faixas. Preço médio: R$ 24,90 (CD) e R$ 31,90 (DVD).

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