Diversão e Arte

Filme Maresia trata de rara visão em torno das artes plásticas

Ricardo Daehn
postado em 01/12/2016 07:34

Vez por outra, numa janela rara, o cinema brasileiro flerta com os bastidores das artes plásticas, como no caso de Bodas de papel, A coleção invisível e Eternamente Pagú, entre outros poucos. Maresia vem com o lastro da literatura de Rubens Figueiredo, duas vezes premiado com o Jabuti. O filme se apoia numa estrutura mais modesta, que joga a favor, dando aspecto de algo muito cuidado, com acabamento artesanal.

Serve de inspiração, para o estreante diretor Marcos Guttmann, o romance Barco a seco, de Figueiredo. E Guttmann, que examina certezas e autenticidades que acompanham o perito de arte Gaspar (Julio Andrade), sabe do que fala, já que foi assistente de direção do desbravador Carlota Joaquina, Princeza do Brasil (de onde saiu ainda a corroteirista Melanie Dimantas) e teve o roteiro de Maresia incrementado pelo historiador da arte Rafael Cardoso.

Na trama, detida na carreira do pintor Emilio Vega (novamente Andrade, em outro personagem), o que pesa é a elaboração da expressão do artista, desapegado da sua futura repercussão e descompromissado, na errância de um vilarejo de pescadores, em que desponta nova inspiração (a brasiliense Mariana Nunes, de Alemão). Entremeados, na hábil montagem, Vega e Gaspar dialogam, pelos interesses e pela retidão, sempre inflexíveis.

Ótimo como o coreógrafo Lennie Dale, em Elis, Julio Andrade (Gonzaga, de pai para filho) tem outra atuação destacada, no longa de Marcos Guttmann. Tanto diretor quanto ator foram vencedores de prêmios, no 26; Cine Ceará Festival Ibero-Americano de Cinema. Completam o elenco: Vera Holtz, na pele de Angelina, a chefe de Gaspar; Pietro Bogianchini, que se diz Inácio Cabrera, um velho amigo de Vega e Álamo Facó, o problemático Humberto, filho de Angelina.

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