Gabriel Shinohara*
postado em 10/12/2016 07:20
Entre os museus e teatros da cidade, existe um lugar incomum onde cultura se manifesta e resiste. No meio da quadra 709 da Asa Norte, a Sousa Auto Mecânica abre seu espaço, normalmente ocupado por carros com problemas, para que músicos e instrumentistas apresentem ritmos brasileiros, como samba, forró e sertanejo. A 9; edição do Show Oficina Cultural acontece hoje e é de graça e aberto para o público.A história começou há três anos quando o tocantinense Olavo de Sousa Filho, o proprietário da oficina, resolveu juntar uns amigos para ;fazer um som; nos fins de semana. A reunião acabou chamando a atenção dos moradores, que gostaram da ideia, e o público aumentou. ;Os vizinhos começaram a vir, colocavam o banquinho do lado, traziam uma bebida, ligavam o violão e entravam na roda;, explica Sousa.
Na última edição, em julho, o público foi de 70 pessoas e, mesmo assim, o formato de festa americana continua. O público leva o que for beber e comer, os músicos trazem os equipamentos de som e até comerciantes da região participam dando apoio ao evento. ;A intenção aqui é reunir os amigos mesmo, se o cara toca um violão pode trazer, um pandeiro pode trazer, tem espaço para todos;, afirmou Sousa.
Além de dono de oficina, Sousa também é artista e costuma se apresentar nesses eventos com os amigos, muitos deles músicos profissionais. Quem participa pode ouvir uma mistura de estilos, desde o tradicional samba, representado por integrantes do Clube do Choro, até o forró pé de serra e a clássicos da MPB.
A edição deste sábado é a última do ano e vai reunir artistas que costumam se apresentar na oficina, como o Fabrício do Bandolim e o Luiz Gonzaga, mais conhecido como Luizão do Forró, que participou de todas as edições até hoje. ;Conheço o Souza há muito tempo e ele gosta de abraçar a cultura, é muito importante porque não tem nada naquele setor;, destaca Luizão. Quem quiser participar do evento é convidado a doar 1kg de alimento não perecível para o Lar dos Velhinhos Maria Madalena.
Oficina Perdiz
Essa não é a primeira vez que uma oficina se torna espaço cultural no DF. Em 1969, o mecânico José Perdiz cedeu seu lugar de trabalho para que o sobrinho, estudante de teatro da faculdade Dulcina de Moraes, fizesse seus ensaios. Em pouco tempo, o local se tornou um espaço de teatro, com camarins e arquibancadas improvisadas, que funcionava como oficina de manhã e dava lugar a peças teatrais no período noturno.
Em 2009, o espaço foi fechado para espetáculos, mas retornou com um novo endereço no fim de 2015. Desde então, o palco da oficina é aberto para peças de artistas locais, como Chorando pessoa, do diretor Marcos Pacheco.
*Estagiário sob supervisão do editor José Carlos Vieira
9; Show Oficina Cultural
Sousa Auto Mecânica (SCLRN 709, Bl. E, Lj. 20; 3340-6844). Hoje, às 14h. Apresentação de música brasileira por artistas locais. Entrada franca (os participantes do evento são convidados a doar 1kg de alimento não perecível para o Lar dos Velhinhos Maria Madalena). Classificação indicativa livre.