Diversão e Arte

Exposição fotográfica mostra realidade dos povos africanos

A fotógrafa Marilu Cerqueira passou quatro meses registrando a vida das pessoas na República Centro-Africana em meio aos conflitos político-sociais

postado em 12/12/2016 08:40
Algumas das fotos na exposição mostram o trabalho artesanal feito no lugar
Depois de quatro meses numa missão contra a poliomielite na África, a fotógrafa Marilu Cerqueira voltou para casa com várias histórias e as fotos que compõem a Murmuro B; Afrik. A seleção de 36 imagens mostra como vivem as pessoas na República Centro-Africana em meio aos conflitos político-sociais, de forma a romper qualquer preconceito. ;Me chama atenção os muros (invisíveis) que nós construímos. A maioria dos estrangeiros os cria por causa do distanciamento cultural e eu queria tirá-los, mostrar como é importante ultrapassar e que por trás deles pode ter muita coisa bacana;, explica Marilu.

A exposição tenta mostrar um pouco de tudo que chamou a atenção da fotógrafa. Ela apresenta a situação dos desalojados, alguns tipos de trabalho realizados no lugar, as especificidades das religiões, as danças que fazem parte da cultura e outras situações cotidianas. Entre as experiências capturadas, ela destaca a história de uma mulher que conheceu no campo de desalojados, onde ainda vivem cerca de 28 mil pessoas.

;As pessoas, geralmente, ficam curiosas por eu ter a pele mais clara que elas e também por causa da câmera. Alguns ficam desconfiados, outros são mais abertos. Uma das moradoras falava apenas sangô ; dialeto oficial ; e se aproximou de mim rindo, dançando e brincando. Eu tentei várias vezes fazer uma foto, mas ela não deixava. Só consegui quando ela trouxe um abacaxi enorme e colocou na frente do rosto, como quem diz ;agora pode;.;

Marilu já participou de outros projetos ligados a campanhas de vacinação e conta que sempre vive situações de estranhamento com as crianças. ;Ao mesmo tempo que elas gostam de ver algo novo, elas têm medo. Eu lembro que quando chegava nos lugares elas vinham correndo para cima e gritavam algo que eu entendia como ;bonjour; e ficava super animada. Depois eu descobri que na verdade é uma palavra em sangô e significava ;o branco, o branco chegou;;, relata entre risos.

A fotógrafa também aponta que é importante mostrar a cultura da República Centro-Africana para os brasileiros e expor as dificuldades que, mesmo em outro continente, estão muito próximas a nós. Marilu enfatiza que é a cultura que faz a união e resistência do povo e que é necessário revelar a problemática religiosa e os conflitos existentes na porque o ódio que deu início às guerras lá também é visto na atual conjuntura política do Brasil.
Serviço
Murmuro B; Afrik
Museu Nacional da República (Eixo Monumental). Abertura: 12 de dezembro, às 19h. Visitação: De 13 de dezembro a 29 de janeiro, de terça a domingo, das 9h às 18h30. Exposição de fotografias de Marilu Cerqueira feitas na República Centro-Africana. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

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