Nahima Maciel
postado em 13/12/2016 07:06
O maestro norte-americano Jeffrey Sean Dokken escolheu um repertório de música norte-americana para a apresentação que faz hoje à frente da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS). ;Escolhi peças que mostram a dimensão e a profundidade da música americana;, avisa. De Aaron Copland, Dokken vai executar Lincoln portrait por enxergar na obra uma mensagem de tolerância, humanidade e liberdade, algo ;desesperadamente; necessário no mundo contemporâneo. Porgy and bess suite, de George Gershwin, entrou por ser um clássico da música americana. Um pot pourri do musical idealizado por Gershwin, a obra passeia pelos mais diversos estilos, do jazz e do folk à ópera.No repertório, entraram ainda peças de dois compositores vivos, Philip Glass e Brian Wilbur Grundstrom. ;Eles são de escolas de composição bem diferentes e ambos são brilhantes e muito influentes. Glass é um minimalista que força as fronteiras da harmonia, do ritmo e da expectativa da audiência;, avisa o maestro. De Grundstrom, ele executa Contentmen. Será a estreia mundial da obra e o próprio compositor estará presente. ;Grundstrom é um neoclássico que representa o retorno à melodia, à harmonia da luxúria, e que mistura as linhas divisórias entre a cinemática, a dramaturgia e a composição orquestral;, explica Dokken. ;Este concerto terá algo para cada pessoa.;
Dokken é regente da Orquestra Sinfônica da Virgínia do Norte (Sonova) e já esteve à frente de algumas sinfônicas latino-americanas. A convite, conduziu a Orquestra Sinfônica de Guayaquil, a Orquestra Sinfônica de Cuenca e na Orquestra Sinfônica de Loja (Equador). ;Uma coisa que toda orquestra latino-americana que conduzi têm em comum é a paixão;, avisa.
Concerto com Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional
Regência: Jeffrey Dokken. Hoje, às 20h, no Teatro Pedro Calmon (Setor Militar Urbano). Entrada gratuita com limitação de 1,1 mil pessoas
TRÊS PERGUNTAS PARA / JEFFREY SEAN DOKKEN
Você já regeu algumas orquestras latino-americanas. Como definiria o som dessas formações?
Toda orquestra pode tocar notas e ritmos, mas as latino-americanas colocam tanta emoção e paixão em suas performances! Elas compreendem a sensibilidade que a música precisa e o que o regente quer.
Como encorajar o público a ouvir música clássica e frequentar concertos?
Eu tento tornar a música clássica acessível para todos. O gênero é muito mais que apenas Beethoven e Mozart. Mesmo que os grandes compositores sejam incrivelmente importantes, às vezes, você precisa fazer concertos com estilos diferentes de música para atrair nova audiência que, felizmente, acabam indo para Mozart e Beethoven. Eu tento planejar concertos com temas, qualquer tema, e escolher músicas que apelam para diferentes pessoas de formas diferentes. Se for tocada de maneira bela, qualquer um pode apreender alguma coisa de qualquer música. Outra coisa muito importante é tornar os clássicos acessíveis. Não devia ser uma forma de arte para as elites. E mais importante ainda é a ideia de que música clássica pode ser divertida.
O que o senhor conhece da música clássica brasileira?
Fora Villa-Lobos, conheço pouquíssima coisa. Tenho muitos amigos músicos que são brasileiros e cada vez mais músicos brasileiros estão fazendo carreira nos palcos de concertos internacionais. Infelizmente, pouca música brasileira é tocada nas orquestras americanas. Mas estou muito contente porque no próximo ano a Orquestra Sinfônica da Virgínia do Norte, fará um concerto com música brasileira tocada por solistas brasileiros.