Em três meses de exibição nos cinemas estrangeiros, o mais recente filme com a assinatura do diretor Clint Eastwood já ocupa a quarta posição entre os filmes com maior público voltados à temática da aviação. Com US$ 219 milhões de lucro, a fita superou filmes populares quando o assunto é acidente aéreo, à frente de êxitos como O voo (com Denzel Washington indicado ao Oscar em 2012) e Voo United 93, que, em 2006, reviu incidentes ligados ao fatídico 11 de setembro.
Eastwood lançou Sully ; O herói do rio Hudson, em 9 de setembro passado, ao reproduzir, na ficção, um episódio verídico e com desfecho solar para um acidente aéreo. Recrutado, nos anos 1950 para a Guerra da Coreia, o ator e diretor enfrentou uma realidade semelhante, com a queda do avião em que estava, na área de São Francisco. ;Sou provavelmente o único diretor que esteve, de verdade, num pouso na água. Mas, isso não teve influência decisiva na feitura do filme;, observou ele para a mídia internacional.
;Como Sully (o nome do piloto retratado no longa); quando faço filmes, eu faço apenas o que deve ser feito;, observou o lacônico cineasta de 86 anos, ao jornal El País. Quem completa o propósito da fita é o próprio comandante do voo US Airways 1549 (desviado de uma tragédia, pela ação do piloto) Chesley Sully Sullenberger, que reforça: ;Queria que, no filme, estivesse enfatizado o enorme senso de humanidade cotidiana com o qual podemos contar;, destaca o diretor.
Mais de 150 pessoas dependeram ; e ganharam o que muitos chamam de segunda chance ; da perícia de Sully para sobreviver. Ao jornal britânico The Telegraph, o astro do longa Tom Hanks comentou que, se há ressonância de contexto sociológico no longa, ;se deve ao fato de ser um exemplo de que instituições (e pessoas) podem abraçar cargas de responsabilidades esperadas;. Mobilizado pelos mais de 40 anos de experiência como piloto, Sully foi de encontro a orientações vindas da torre de controle, e tomou atitudes questionáveis, durante o perigoso voo.
Crise
Pela falta de conflito e tensão num enredo do qual o público já sabia, de antemão, o desfecho pairavam dúvidas quanto à adaptação do livro escrito por Sully, Highest duty (algo como O mais elevado dever). A reação do comandante ; tomada em pouco mais de três minutos, de ignorar a orientação do regresso às pistas do aeroporto La Guardia ;, e que, na vida real, se deu em crise econômica acentuada de 2009, aumentou a mítica em torno do ato dele. ;Acho que o evento deu a chance de as pessoas terem esperança, quando todos precisavam disso;, observou, em entrevista.
Inicialmente cotado para o papel vivido por Tom Hanks, Harrison Ford (que virou notícia, por pouso forçado, ano passado) foi quem deu andamento ao projeto entregue ao amigo e produtor Frank Marshall (dos filmes de Steven Spielberg e da série De volta para o futuro). Num equivalente à nacional Anac, a NTSB (Nacional Transportation Safety Board), dotada de capciosos advogados, tem papel de relevância, no longa do republicano Eastwood.
Já tendo desbancado a bilheteria de Capitão Philips (2013), outro título que expôs Hanks a perigo real e imediato, Sully, feito a partir de US$ 60 milhões, trouxe desafios para o gabaritado protagonista. Além da presença regular do cinebiografado, atento ao exemplar do roteiro, cheio de orelhas e rascunhado, ele se disse ;intimidado; pela primeira atuação num filme de Eastwood. ;Atravessamos, com Sully, cada página do roteiro e, a todo momento, cada marcação tinha um comentário do piloto. Ele foi firme, nas opiniões;, comentou Hanks.
Tom Hanks em perigo
; A fogueira das vaidades (1990)
; Apollo 13 ; Do desastre ao triunfo (1995)
; O resgate do soldado Ryan (1998)
; Náufrago (2000)
; O código Da Vinci (2006)