Diversão e Arte

Com muita luta, mulheres tentam firmar espaço no hip-hop de Brasília

Vera Verônika e DJ Donna são destaques nos palcos e picapes da cidade

Adriana Izel
postado em 21/12/2016 07:30

Vera Verônika celebrará os 25 anos de carreira em 2017 com gravação de DVD

Em poucos dias, a rapper brasiliense Vera Verônika completará 25 anos de atuação no cenário do Distrito Federal. Cantora, professora e feirante, ela começou a carreira ainda na adolescência, aos 13 anos, com o objetivo de dar voz aos invisibilizados. ;A primeira coisa importante na música é a reflexão. Nós que estamos na periferia, que estamos acompanhando de perto, vemos que as mulheres sofrem violência física e sexual, enquanto artista, eu preciso relatar isso. É a revolução por meio da palavra;, explica a artista, que utiliza a temática feminista, negra e periférica em seu trabalho.

A trajetória até aqui não foi fácil. A cantora viu várias colegas desistirem pelas dificuldades, mas ela permaneceu. Até hoje, participou de vários grupos de rap feminino na capital federal, além de ter lançado dois discos, MPB-Rap (2003), com 26 faixas, entre elas a primeira composição autoral de 1992, Heroínas de geração; e Vera Verônika 20 anos, de 2013, com participação de nomes como Ellen Oléria, Tribo da Periferia, Renata Jambeiro e Rapadura. O segundo álbum não teve cópias físicas, apenas versão para download na internet. Além disso, a cantora tem no currículo apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro e cidades do Nordeste.

Em 2017, ela aproveitará para gravar mais um trabalho, um DVD comemorativo aos 25 anos de trajetória da primeira rapper da capital federal. O projeto começou neste ano, com a gravação de alguns videoclipes (ao todo, serão 10), e está previsto para ser finalizado em março, quando a artista gravará o DVD com show no Teatro Dulcina, no Conic.

O DVD faz parte de um projeto financiado pelo FAC (Fundo de Apoio à Cultura) da Secretaria de Cultura do Distrito Federal e contará ainda com um financiamento coletivo na internet. ;Essa vaquinha on-line tem como objetivo ser uma complementação para o show do DVD. Por exemplo, precisamos de grana para bancar a presença dos artistas que vêm de fora;, comenta. Vera Verônika se refere aos convidados previstos, como Ellen Oléria, Rapadura, Codigo Penal, Nelson Triunfo, Kiko Santana e Bsb Girls.

Há 16 anos no mercado, DJ Donna se destaca como um dos nomes da discotecagem feminina

Na última semana, a artista, inclusive, compartilhou nas redes sociais imagens da gravação de um dos vídeos na Cidade Estrutural, em Taguatinga, da canção Reciclando sonhos. A produção do clipe é de autoria da Dona Filmes, Fernando Brito e Higo Melo. ;Como faço 25 anos de rap no DF em 2017, estou gravando esses videoclipes, farei um DVD com mais de 15 músicas e está previsto para julho um show comemorativo durante o festival Latinidades (Festival de Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha);, conta.

Sobre o pioneirismo no rap brasiliense, Vera Verônika revelou que se orgulha disso, principalmente, por trazer essa visibilidade. ;No meu caso, minha maior temática é feminista, por ser eu ser uma mulher negra e já ter sofrido vários tipos de preconceito. Essa é uma forma de representatividade, de fazer as pessoas se sentirem empoderadas. Também é uma forma de visibilidade, porque a gente acaba ficando muito invisível enquanto artista;, analisa.

Destaque nas picapes
A DJ Donna é outro nome importante dentro do cenário hip-hop do Distrito Federal, que lidou com as dificuldades. Há 16 anos, ela estreou na carreira de DJ. Ela aprendeu a manusear toca discos com o DJ Ocimar e a princípio sua atuação era na música eletrônica. Depois ela foi migrando para a black music, com ajuda de nomes como do DJ Chokolaty e também tem na sua trajetória, uma turnê pelo país ao lado do grupo Patubatê. ;Hoje em dia, estar nesse mercado não é tão assustador, porque há várias meninas articuladas, que fazem as suas próprias festas;, comenta a DJ.

Durante 2016, Donna se destacou ainda mais no cenário ao participar de projetos dedicados ao hip-hop e também as mulheres. Ela esteve na festa Makossa ajudando a montar o line-up da pista As minas pá, dedicada apenas às mulheres, e participou de festivais como Latinidades, Favela Sounds e Satélite 061.

Ao longo do ano se apresentou ainda com os projetos paralelos: os trios Pretas Sonoras, ao lado de Tammy (RJ) e Simmone (SP), e Duafe, composto por Larissa Umaytá e Louise Lucena. ;Minha inspiração maior sempre será a música negra, seja ela de que vertente for. Acho que as mulheres tomaram uma posição bem forte dentro do hip-hop. Estamos muito presentes;, completa.

Como ajudar o projeto de Vera Verônika
Financiamento coletivo disponível no site Vakinha. Contribua pelo link https://www.vakinha.com.br/vaquinha/dvd-vera-veronika-25-anos-gravacao-do-dvd-ao-vivo.

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