Ricardo Daehn
postado em 22/12/2016 07:03
Com muita experiência e energia, o ator Paulo Gustavo aposta no que pode parecer clichê: ;Quero chegar à minha velhice com saúde;. Temporariamente, virose e asma (mas nada alarmante) atrapalham os planos mais imediatos: teve que pular algumas das pré-estreias do longa Minha mãe é uma peça 2 ; O filme que chega às salas de cinema hoje.
Há pouco mais de três anos, o humorista apostou na estreia em cinema com a primeira parte da comédia em que vive Dona Hermínia ; bizarro ser que compacta um punhado de defeitos e virtudes de uma mãe. Sucesso de peso, no ranking das produções feitas entre 1970 e o ano passado, o longa ocupou a 17; posição, atrás claro das comédias ostentadas pelos Trapalhões e por êxitos contemporâneos como Se eu fosse você 2 e De pernas pro ar 2.
[VIDEO1]
[SAIBAMAIS];Se o que se vê nas telas faz rir, significa que nós nos divertimos muito fazendo;, explica, em torno do novo longa. Seria oportunismo reinvestir no que já deu certo? ;Graças a Deus, eu não tô precisando caçar níquel. Quero mesmo é surpreender as pessoas;, observa o ator que, há seis anos, dedica muito da carreira ao Mutishow, canal que, em 2017, terá na grade novo o programa A vila, com o ator. Na esteira dos longas Xuxa em o Mistério de Feiurinha, Divã, Os homens são de Marte... E é pra lá que eu vou! e Vai que cola ; O filme, o novo longa confirma a multiplicidade de Paulo Gustavo, que admite: ;Sou mega trabalhador, e guardo meu dinheiro. Logo de cara, apliquei tudo em benefícios para minha família toda. No entanto, sou zero deslumbrado com a fama e muito tranquilo;.
Cinco perguntas // Paulo Gustavo
O novo filme brinca com sexualidade. É uma válvula de escape para tema sério, no retrógrado Brasil atual?
A questão da sexualidade transparece no fato de o filho da protagonista ser gay ou de não ser; de Dona Hermínia brincar com a terceira irmã, dizer que não tem uma lésbica na família, então só pode ser ela ; porque toda a família tem uma. Acaba que, no filme, consigo brincar com um assunto que é sério, revestido por muito preconceito, com gente, ainda hoje, sem ser aceita na família. Com essas abordagens, recebo muito e-mail do tipo ;Paulo, aqui em casa, você me ajudou à beça, pelo fato de você ser gay, e falar, tranquilamente, abertamente, sobre isso, e minha família assistir ao Vai que cola, 220 volts e Minha mãe é uma peça. Com você, minha família parece que passou a me aceitar melhor;.
Isso se espalha também pelas suas atitudes?
Ouço também coisas do tipo ;Depois que você casou, minha mãe passou a olhar melhor meu namorado;. No filme, com a comédia deixando você dizer muita coisa, há permissão de a gente falar de coisas delicadas e difíceis. Mas, não é só isso. Há o jeito, na minha vida, de como me posiciono, e na arte levo assuntos com leveza ; é o meu modo. Não preciso deixar minha vida como um livro escancarado, mas me posiciono, nos meus posts, nas minhas atitudes e apareço de forma muito espontânea e natural. Nisso, consigo me comunicar até com as pessoas que parecem mais difíceis. Aos pouquinhos, modifico e transformo as pessoas.
Como é ser nacionalmente desejado, aos 38 anos, na pele da Dona Hermínia?
Pôxa! Tinha entendido que era de mim que você falava (risos). Ok, é sobre a personagem! Não sei se é porque eu fico bem bonito de mulher, né (risos), mas Dona Hermínia é desejada porque é hilária, irreverente, extrovertida. Ela tem várias tiradas, e o filme é engraçado ; ela trata a vida dela e tudo mais com muito humor. O filme fala de relações familiares, fala sobre amor, solidão, amizade e é um filme que toca as mães e os filhos, e é por isso que Dona Hermínia é tão desejada.
Brasileiro ri de que tipo de piada com mais gosto?
Não saberia precisar. Mas, na minha arte, no que eu faço, gosto de falar das coisas do dia a dia. Sou um cara muito observador e que busca na padaria, no supermercado, na farmácia, na casa de um amigo, na festa ; qualquer lugar pra mim é lugar para eu estar me inspirando. Faço piadas do dia a dia, e acho que com são piadas com as quais as pessoas se identificam bastante.
Em que apostou para que a continuação fugisse da ideia de repeteco?
Ouço muito isso: ;Tem medo de ficar preso na comédia?;; ;Tem medo de se repetir?;; ;De ficar muito exposto e cansar?;; ;Tem medo de fazer só mulher?;. Não. Não tenho medo de nada! Na verdade, me divirto na minha profissão, amo o que faço. Amo fazer comédia que é o gênero que mais rende no teatro. Vou fazer drama, quando eu quiser, vou fazer homem, quando eu quiser. O importante é eu estar feliz, e quanto mais estou, mais bem eu faço e o público é que se diverte muito. No filme, fiz algo despretensioso, sem fazer questão de me reinventar, fazer genial. Quis homenagear as mães em geral. Quis fazer algo sensível e delicado para os meus fãs. Tem novidades, com o ninho vazio, a visita do netinho, a chegada da irmã do exterior.