Diversão e Arte

Sertanejo ficou marcado em 2016 pelas modas de sofrência e empoderamento

Entre os destaques do ritmo estão cantoras, como Marília Mendonça e Naiara Azevedo

Beatriz Queiroz*
postado em 26/12/2016 07:30
Marília Mendonça é considerada a Rainha da sofrênciaA partir dos anos 1990, a famosa ;dor de cotovelo; se tornou a principal temática da música sertaneja, a exemplo da canção Evidências, de Chitãozinho & Xororó. Desde 2014, o estilo passou a se inspirar ainda mais em histórias fracassadas de amor, dando origem à quase nova vertente intitulada ;sofrência;. Em 2016, o grande diferencial foi que a mulherada dominou o gênero e trouxe boas letras de situações que acontecem com todo mundo e normalmente ninguém conta.

;O sertanejo feminino com certeza foi o que predominou em 2016. É como a Marília Mendonça falou numa entrevista para o Faustão: quando elas estavam sofrendo e queriam ouvir uma música, sempre era o lado do homem. Mulher só cantava música de vida de princesa. Então elas trouxeram isso e explodiram, porque a mulherada também esperava esse tema;, explica o sertanejo Ruan, da dupla brasiliense Henrick & Ruan.

O cantor também diz que a presença feminina foi um dos assuntos que dominou o cenário sertanejo, principalmente por conta da nova visão apresentada pelas mulheres sobre términos, traições e inseguranças.

Com letras ora tristes, ora engraçadas, as artistas contaram algumas histórias um tanto chocantes. Afinal, não é sempre que uma música conta a história do marido flagrado no motel com a amante. Mas foi essa experiência que tornou Naiara Azevedo um dos maiores sucessos de 2016.

Ao lado de Maiara & Maraísa, ela soltou a voz para contar a história de uma traição no hit 50 reais. Lançada em maio, a música ainda toca nas rádios e faz sucessos nas festas. ;Foi uma das músicas que mais apareceram no nosso repertório. Ela é apontada como uma das melhores músicas do ano no sertanejo;, conta Ruan.

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Falando nas irmãs que têm conquistado os palcos sertanejos, não se pode deixar de citar a música 10%. A moda traz uma mulher, assim como é de costume em músicas cantadas por homens, que afoga as mágoas de um término no copo de cachaça. Ao mesmo tempo que empodera a figura feminina para fazer o que quer, a moda resgata as fases de sofrimento. ;Eu já tô lembrando da gente fazendo amor/ celular na mão, mas ele não tá tocando/ se fosse ligação, nosso amor seria engano, seria engano.;

Rainha


Falar de sofrimento na música sertaneja é, também, falar de Marília Mendonça. Considerada a rainha da sofrência, ela estourou com a música Infiel e ganhou cada vez mais espaço com letras que traziam experiências passadas. Assim como 50 reais, o hit da goiana conta a história de uma traição. Dessa vez, a música não é tão direcionada ao homem, e sim à amante. ;E agora será que aguenta a barra sozinha? (...) Tá na sua mão, você agora vai cuidar, de um traidor, me faça esse favor.; Ela também manda um recado ao infiel num dos refrões mais cantados em 2016: ;Iêê, infiel. Eu quero ver você morar num motel. Estou te expulsando do meu coração, assuma as consequências dessa traição;.

Com um toque de ameaça, Eu sei de cor, também de Marília, relata os passos do fim de um relacionamento. ;Se eu não me engano, agora vai me deixar só, o segundo passo é não me atender, o terceiro é se arrepender.; Com uma melodia lenta e bem ritmada, a música se divide entre sofrimento e avisos diretos.

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Mas o sofrimento não acaba por aí, depois de Meu violão e o nosso cachorro, Simone & Simaria trouxeram uma letra apaixonada sobre o vazio no guarda-roupa, e no coração em 126 cabides. Além das roupas, o amado leva também a alegria e o futuro. Com um término que parece ser dos mais doloridos, o desgosto é forte e a nova companhia parece ser a tal da solidão. ;Tô negociando com a solidão, tô tentando convencer que ela não fique não, se vá.;

Quem acha que Wesley Safadão é só Camarote e Vou dar virote está muito enganado. Em parceria com Matheus & Kauan, o cantor mostrou que nem tudo é festa e trouxe uma boa dose de sofrência com o single Meu coração deu PT. Lançada em agosto, a música tem quase 80 milhões de visualizações no YouTube e é sucesso nacional. O hit também leva Safadão para um estilo mais sertanejo e resgata a velha história do ;beber para esquecer;.

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Um ano também de volta por cima


Há quem reclame de como o ano foi ruim e também aqueles que resgatam as memórias boas vividas. E, enquanto muitos consideram esse o ano da sofrência, a própria rainha do estilo traz uma espécie de resposta com a música Me desculpe, mas eu sou fiel.

[SAIBAMAIS]A mensagem é direta e Marília Mendonça pede que o ex a esqueça e que agora ela já tem outra pessoa, e é fiel. Enquanto isso, ela reforça o gosto das mulheres por liberdade e uma boa farra na música Saudade do meu ex. Além disso, a cantora traz uma crítica direta a pensamentos machistas. ;Desconfia, agora eu faço o que eu quero, tô nem aí se tá com vergonha de mim. Se quer saber hoje eu vou beber de novo, vou voltar pra casa louca.;

Na mesma época em que lançou Meu coração deu PT, Safadão divulgou também Solteiro de novo. ;Nós tocamos muito essa música. O forró dele vinha fazendo sucesso desde o ano passado e continua muito em alta, ele acabou encaixado no sertanejo;, ressalta o cantor Ruan. Além da letra animada característica dos sucessos de Safadão, a música conta com a participação do jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho e se tornou uma espécie de hino dos solteiros.

* Estagiária sob supervisão de Igor Silveira

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