Diversão e Arte

A eterna força de uma mulher combatente: Carrie Fisher

Sem se render ao estabelecido, a atriz de Star wars emplacou uma carreira rebelde, em Hollywood

postado em 29/12/2016 07:32

Sem se render ao estabelecido, a atriz de Star wars emplacou uma carreira rebelde, em Hollywood

Depois de sofrer uma parada cardíaca dentro de um avião e passar quatro dias internada, a atriz Carrie Fisher foi se juntar à Força na última terça-feira. A princesa Leia de Star wars deixou um legado para além da figura de atriz e mocinha hollywoodiana. Com personalidade complexa e cheia de coragem para dizer o que pensava, Fisher foi exemplo importante de que é possível alcançar o sucesso sem se enquadrar.

No dia depois da morte de Carrie Fisher, duas informações novas foram divulgadas. A primeira, a confirmação de que a atriz sofreu, de fato, mais uma parada cardíaca antes de morrer. Ela respirava com ajuda de aparelhos e não sobreviveu ao novo problema.

A segunda dá um tom emocionante ao já tão esperado Episódio VIII da saga Star wars. Segundo a revista Variety, Carrie já havia gravado todas as cenas em que agora a General Leia Organa aparecerá. O site Deadline também afirmou que Leia terá uma participação com mais destaque. O longa tem previsão de estrear em dezembro do próximo ano e é dirigido por Rian Johnson.

Se nos cinemas Leia se recusou a ser uma princesa comum e esteve sempre dentro dos combates, Carrie Fisher seguiu caminho parecido fora das telas. Problemas como o vício em drogas, por exemplo, nunca foram ignorados pela atriz, que falou abertamente sobre eles e até escreveu livros em que o tema esteve presente.

Além do abuso de álcool e drogas, Carrie sofria também com a depressão. Todos esses problemas fizeram com que a atriz se esquecesse de muita coisa. Ela contou que tratamentos a ajudaram a superar. ;Com o tempo, prestei atenção, tomei nota e esqueci facilmente a metade de tudo o que passei. Mas remexo a metade das lembranças e as ponho aos seus pés;, disse em entrevista sobre o assunto.


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Literatura
O auge dos problemas com álcool, drogas e depressão ocorreu nos anos 1980, quando a atriz também teve, coincidentemente, muitos papéis fracassados nas telas do cinema em filmes como Hotel das confusões. Em várias entrevistas, Carrie falou também sobre o transtorno de bipolaridade e a dependência em remédios e cocaína. Ela admitiu, por exemplo, que filmou O império contra-ataca sob o efeito da droga.

A coragem e a sinceridade da atriz para falar sobre o tema fizeram com que Carrie se tornasse uma das principais ativistas na luta contra as drogas e pelo tratamento das doenças mentais.

Foi no fim dos anos 1980 e no início dos anos 1990 que ela resolveu se dedicar a escrita mais do que ao cinema. Escreveu romances, obras de não ficção e roteiros. Lembranças de Hollywood, seu maior sucesso, virou filme em 1990.

Antes de morrer, Fisher promovia o livro The princess diarist. A obra se baseia em recortes de jornais que ela guardou durante as filmagens da trilogia original de Star wars. No livro, ela admitiu, inclusive, um romance com Harrison Ford, que interpretou o personagem Han Solo na saga.

Em Rogue one, spin-off de Star wars lançado neste mês, Carrie aparece, por um breve período, com o visual de quando interpretou Leia em Uma nova esperança (1977). A aparição da atriz foi feita por meio de computação gráfica e garantiu a presença de Leia no longa.

Existe a expectativa de que a técnica volte a ser usada no Episódio IX, já que as filmagens ainda não começaram e a presença de Carrie Fisher só seria possível utilizando a tecnologia. Ainda não há informações sobre qual será o enredo do longa, que deve estrear em 2018.



Depoimento

Uma princesa fora da torre


;Princesa Leia nos foi apresentada em 1977 e, quase 40 anos depois, ainda é um símbolo de representatividade nas telas. A primeira vez que fomos apresentados à princesa não vimos uma donzela em apuros, mas uma mulher capaz de olhar Darth Vader nos olhos, o maior vilão da história do cinema, e enfrentá-lo sem nenhum medo.

Uma mulher que não cedeu às torturas infligidas a ela para revelar a localização dos planos da Estrela da Morte. Uma mulher que, em vez de ser resgatada pelos dois mocinhos do filme, acaba salvando suas peles. Princesa Leia viu seu planeta natal ser destruído diante dos olhos. Perdeu a família, o lar, mas continuou a lutar pela causa que acreditava, sem titubear.

Comandou a Aliança Rebelde e liderou um exército até depor o governo tirano do Imperador Palpatine. E, quando se deu conta de que a Nova República que substituiu o Império Galáctico também não tinha a fibra necessária para lutar contra os novos inimigos, iniciou uma nova resistência. Deixou de ser a Princesa Leia e tornou-se General Organa (mas só para os novos conhecidos. Para nós, ela sempre será da realeza).

Com o passar dos anos, Leia amargou outras derrotas. Perdeu seu filho para o Lado Negro da Força. Perdeu o amor de sua vida para as desilusões da vida. Perdeu o irmão que, ao contrário de Leia, fugiu para o exílio quando não pôde lidar com o peso das batalhas vencidas. Todos os homens de sua vida a abandonaram, mas ela não parou de lutar, em momento algum.

A precoce partida da atriz Carrie Fisher abalou a todos os fãs de Star wars e da Princesa/General. Mas como ela sempre enfrentou suas batalhas nos filmes e na vida real, o legado deixado por ela é muito maior que sua carreira. O exemplo que essa princesa deixa para todas as jovens é que nenhuma princesa ser capturada e presa numa torre, nem tampouco precisa ser salva por um príncipe encantado. As mulheres, no cinema e no mundo real, sempre terão a força necessária para vencer seus próprios desafios.;

Henrique Granado, Coordenador geral do Conselho Jedi Rio de Janeiro (fã clube)

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