postado em 05/01/2017 07:33
A primeira semana do ano é também a última para algumas das boas exposições em cartaz cidade. Para saber que questões aparecem atualmente na obra de Elyezer Szturm é preciso visitar a exposição até o final da semana. Já quem quiser conhecer o resultado do Prêmio Vera Brant, com a produção de destaque na cidade tem até fevereiro. A retrospectiva dos cubanos do Los Carpinteros fica em cartaz até a próxima semana e outras mostras, como Onde anda a onda e Nós, podem ser vistas até fevereiro. Confira abaixo o que está em cartaz e quais os destaques nas exposições.
Premiação contemporânea
Com a intenção de mapear a produção recente do Distrito Federal, o I Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea levou ao Salão Branco do Palácio do Buriti um conjunto de 20 obras assinadas por nomes como Clarice Gonçalves, Pedro Gandra, Nina Orthof, David Almeida, Julia Milward, Luiz Olivieri, Íris Helena, Eduardo Belga e João Angelini. Um júri formado por cinco curadores ; Clara Mellac, Graça Ramos, Graça Seligman, Pedro Mastruobono e Rogério Carvalho ; ficou responsável por selecionar as obras entre as 440 inscritas. ;A exposição do I Prêmio Vera Brant é muito mais do que um apanhado de obras excelentes que se relacionam;comenta Rogério Carvalho. ;É uma amostra do que há de mais significativo no pensamento e poética daqueles que produzem arte nessa região.;
Entre os selecionados, o júri escolheu David Almeida, João Angelini e Pedro Gandra. Cada um recebeu, respectivamente, R$ 15 mil, R$ 10 mil e R$ 8 mil. Na pintura Conduta de risco, Almeida retoma uma paisagem urbana que ganha contornos bastante subjetivos a partir da perspectiva do artista. Em Karma, Angelini reinterpreta órgãos humanos em superfícies retiradas de restos de paredes e Pedro Gandra parece falar de solidão e opressão na pintura Desilusão sob a lua.
I Prêmio Vera Brant de Arte Contemporânea
Visitação até 3 de fevereiro, de segunda a sexta, de 8 às 18 horas, no Salão Branco do Palácio do Buriti
Novos horizontes
Elyeser Szturm foi buscar na história das cores e suas simbologias o material para criar as obras de Céu e nós, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) até domingo. As peles de silicone carregam texturas diversas criadas no ateliê e remetem a um conjunto de referências cultivadas por Elyeser. Estão ali citações do Renascimento italiano, inspirações vindas dos versos do poeta Suffit Kitab Akenat e dos escritos do historiador Michel Pastoureau sobre a origem das cores. Pinturas com ares celestes, estrelas douradas e esculturas em pedra sabão compõem a exposição.
Céu e nós
Exposição de Elyeser Szturm. Visitação até 8 de janeiro, de quarta a segunda, das 9h às 21h, na Galeria 3 do Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Trecho 2)
Panorama brasiliense
Ficar a par do que há de mais recente na produção de artes plásticas da cidade é um bom motivo para visitar Onde anda a onda, no Museu da República. A exposição reúne 14 galerias e 248 obras, a maioria assinadas por artistas de Brasília e produzidas entre 2014 e 2016. O curador Wagner Barja encara a exposição como um recorte da produção local. O conjunto permite que o público se atualize quanto ao cenário das artes visuais locais e algumas obras merecem destaque. É o caso da série O milagre da multiplicação, de Valéria Pena-Costa. A obra de 2015 consiste em uma sobreposição de pequeninos desenhos que, juntos, formam as folhagens de árvores à qual está sempre associado um vestido de criança. ;Meus trabalhos são encadeados por investigações que têm no elenco o tempo, o desmanche e a memória;, explica a artista.
Também vale checar o Ritual golpista, um mosaico de microfotos de protestos políticos assinado por Lúcio de Araújo. Ruth Sousa trabalhou com uma instalação que é um verdadeiro gabinete de curiosidades, um laboratório com direito a esqueletos, amostras de plantas do cerrado, animais empalhados, insetos e outras bizarrices. Sucesso entre o público, Elementos do tempo, de Rogério Quintão, é uma videoinstalação com direito a vídeo 3D e participação da personagem Madame Quin Quin.
Ondeandaonda II
Exposição coletiva de 14 galerias
Visitação até 26 de fevereiro, de terça a domingo, das 9h às 18h30, no Museu Nacional da República
Nós
Reunidos sob a temática do afeto, os 10 artistas selecionados pela curadora Fernanda Pequeno para a coletiva Nós ocupam a galeria da Caixa Cultural com obras contemporâneas ancoradas em linguagens e suportes diversos. Há desde as assemblages de Arthur Bispo do Rosário até as delicadezas bizarras de Ana Miguel, dois destaques que merecem um olhar atento do espectador.
Em Sonho escrito na tinta do Brasil, Ana Miguel retoma a viagem descrita por Jean de Léry em Histoire d;un voyage faict en terre du Brésil, relato de um a viagem realizada pelo pastor no século 16. No início, o autor conta que escreveu o livro com tinta do Brasil. A artista ficou curiosa e descobriu que, de fato, Léry escreveu com pigmento feito de de pau-Brasil. ;Na época, inclusive, o seu uso era um certificado de que o documento tinha sido escrito por aqui;, conta Ana, que partiu da ideia da tinta para criar a instalação de fios vermelhos que ligam o livro de Léry a Macunaíma, de Mario de Andrade.
[SAIBAMAIS]Outros trabalhos que merecem destaque são o vídeo Quaquaraquáquá, de Ana Maria Maiolino, e Diagrama, Ricardo Basbaum. O primeiro acompanha a artista em tarefas domésticas ao som Vou deitar e rolar (Quaquaraquáquá), de Paulo César Pinheiro. A simplicidade das imagens leva o público a refletir sobre o fazer artístico e até a desmistificá-lo. Em Diagrama, Basbaum também fala sobre fazer arte, mas com uma cartografia da identidade do artista.
Nós
Caixa cultural Brasília (SBS, Qd. 4, Lt.3/4). Até 26 de fevereiro, de terça a domingo, das 9h às 21h. Obras de 10 artistas que discutem o afeto por de 23 trabalhos envolvendo vídeos, bordados, diagramas, esculturas e mais. Entrada franca. Classificação indicativa livre.
Da precariedade ao comentário universal
As obras de Los Carpinteros, em cartaz até 15 de janeiro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) são uma excelente oportunidade para conhecer a produção de um dos coletivos mais badalados da arte contemporânea mundial. Fundado originalmente por Marco Castillo, Dagoberto Rodriguez e Alexandre Zambramo, o grupo cubano começou a trabalhar na década de 1980 em situação precária, num cenário de constante dificuldade de material, mas de intensa produção intelectual. Hoje, os Carpinteros são apenas Marco Castillo e Dagoberto Rodriguez. ;A exposição está estruturada com obras que são como a pré-história dos Carpinteros. Há obras de quando éramos estudantes. Creio que é a exposição com obras mais antigas que já fizemos. E há uma recorrência cronológica das diferentes fases que tivemos;, avisa Dagoberto.
Exposição Los Carpinteros
CCBB - Galerias I, II, Pavilhão de Vidro, Sala Multiuso e Vão Central (Sces Tc. 2, Lt. 22; 318-7600). Até 15 de janeiro de 2017, quarta a segunda, das 9h às 21h.