Maurício Costa - Especial para o Correio
postado em 23/01/2017 11:00
Utah (EUA) - O primeiro longa metragem dirigido por Felipe Bragança é uma fábula sobre um Brasil que sequer os brasileiros conhecem. Ao tratar, literal e metaforicamente, das consequências da Guerra do Paraguai nas relações sociais da fronteira entre os dois países, Não devore meu coração é, ao mesmo tempo, a denúncia de um conflito e um acerto de contas com o passado.
Há duas narrativas paralelas: a história de amor impossível entre os adolescentes João Carlos e da Busano e a história do irmão mais velho de João, Fernando, o Inimigo, interpretado por Cauã Reymond, envolvido em uma série de crimes contra índios guarani.
[SAIBAMAIS]O cruzamento entre a realidade crua e realidade imaginada pelo adolescente apaixonado resulta em uma narrativa fabulesca e quase mágica, cuja sensibilidade transborda da tela.
Ao ser questionado se teria uma mensagem sobre o filme para o público brasileiro, Felipe Bragança afirmou que este é um filme sobre o que é ser brasileiro e latino-americano. Um filme sobre eterno entre-lugar das culturas miscigenadas das ex-colônias, potencializado pelos conflitos na fronteira.
Não devore meu coração é um exercício de gênero incomum no cinema brasileiro, tão ousado quanto bem sucedido.
O Brasil está muito bem representado no Festival de Sundance 2017.
Acompanhe a cobertura do Conexão Sundance no Correio Braziliense, Razão de Aspecto, Cine Drive Out, Cinem(ação), Pós-Créditos e Conacine.
*Maurício Costa é colunista do blog Razão de Aspecto (razaodeaspecto.blogspot.com.br)