Diversão e Arte

Com foco na diversidade, Academia anuncia concorrentes ao Oscar

Academia investe em Oscar multicultural com diversidade étnica

Ricardo Daehn
postado em 25/01/2017 07:30

La la land é um dos concorrentes ao Oscar

Do novo recorde da vigésima indicação da atriz Meryl Streep para o Oscar até a plataforma de múltiplas indicações para o musical La la land (equiparado a Titanic e A malvada), novo e consagrado convivem no pré-Oscar 2017. Mesmo o escapismo, prenunciado com a ficção científica indicada a melhor filme com A chegada (com oito indicações, e uma esnobada: a atriz Amy Adams ficou de fora), não se confirma na lista: o filme fala do entendimento amplo, promovido pelo diálogo.

O Oscar traz ao centro fitas com conteúdo relevante, especialmente em oito filmes que concentraram 56 indicações. A indústria está representada, mas com menor quinhão para títulos como Star Trek: Sem fronteiras, Doutor Estranho (uma indicação, cada), Passageiros e Rogue One (mirradas duas chances de estatueta, cada). Ainda que mais velho do que indicados anteriores, como Orson Welles, Claude Lelouch e George Lucas, o diretor de La la land, Damien Chazelle, tem muito para se tornar, aos 32 anos, o mais jovem a vencer a estatueta dourada na categoria.

Após a divulgação da lista dos finalistas, os artistas adotaram engajamento, como no caso do roteirista Luke Davies, de Lion: Uma jornada para casa (indicado a seis prêmios): ;O filme é um hino à persistência do amor;, resumiu, enfatizando as discussões com a fita, que trata da ética na adoção de crianças e no viés da exploração sexual de jovens. Outro tópico candente foi exaltado por uma das favoritas a melhor atriz coadjuvante Viola Davis (Cercas), que agradeceu ao parceiro Denzel Washington, pela direção.

Natalie Portman é indicada a melhor atriz por Jackie

De forma geral, o recado da Academia (que vota o Oscar), foi de equiparação racial. Ainda que a protagonista de Estrelas além do tempo (Taraji P. Henson) tenha ficado de fora da corrida pelo ouro, o filme ; que trata de racismo ; foi valorizado nas categorias de melhor filme, roteiro adaptado e atriz coadjuvante (Octavia Spencer). Outro título a colocar em evidência questões de etnia é Moonlight: Sob a luz do luar ; fixado na criação de um jovem negro em ambiente perigoso ; trouxe muito reconhecimento para o estreante Barry Jenkins (candidato a melhor direção). Moonlight (ganhador do Globo de Ouro) ainda disputa como filme, além de outras seis indicações.

Reveladora de certo arejamento nas indicações foi a leitura dos candidatos a melhor documentário. Alinhado com a crise dos refugiados, o italiano Fogo no mar está candidato, ao lado de Não sou o seu negro (do hatiano Raoul Peck, inspirado por livro de James Baldwin, que aposta numa América do Norte dividida), O.J.: Made in America (com quase oito horas de duração), do diretor negro Ezra Edelman, e A 13; Emenda, produzido por Ava DuVernay (Selma), detido no desequilíbrio racial carcerário nos EUA.

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Mistura étnica

Ruth Negga (candidata à atriz, no 89; Oscar) defende um personagem que briga, na justiça, pelo amor inter-racial de Loving, fez parelha (no combate à discriminação racial) com indicações de Naomie Harris (coadjuvante de Moonlight), do mexicano Rodrigo Prieto (fotógrafo de Silêncio, filme de Martin Scorsese esnobado pela Academia) e de Dev Patel (coadjuvante com ascendência indiana, indicado por Lion). Entre as curiosidades multiculturais da lista do Oscar, está a primeira indicação da Austrália (como filme estrangeiro), com Tanna, e o reconhecimento do roteiro original do grego Yorgos Lanthimos (O lagosta). Dotada de preceitos asiáticos, a animação Kubo e as cordas mágicas engrossou o caldo étnico, ao lado de outro candidato: Moana. Coproduções francesas, como A tartaruga vermelha e Minha vida de abobrinha também diversificaram, na categoria.


Confira as principais categorias


Filme
Até o último homem
Estrelas além do tempo
Lion
Moonlight: Sob a luz do luar
Cercas
À qualquer custo
La la land ; Cantando estações
Manchester à beira-mar

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Diretor
Dennis Villeneuve (A chegada)
Mel Gibson (Até o último homem)
Damien Chazelle (La la land: Cantando estações)
Kenneth Lonergan (Manchester à beira-mar)
Barry Jenkins (Moonlight: Sob a luz do luar)



Ator principal
Casey Affleck
(Manchester à beira-mar)
Andrew Garfield
(Até o último homem)
Ryan Gosling (La la land)
Viggo Mortensen
Capitão Fantástico)
Denzel Washington (Cercas)



Atriz principal
Isabelle Huppert (Elle)
Ruth Negga (Loving)
Natalie Porman (Jackie)
Emma Stone (La la land)
Meryl Streep (Florence: Quem é essa mulher?)

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Outros musicais indicados a melhor filme

1952
Sinfonia de Paris

O nono melhor musical de todos os tempos, pelo American Film Institute, foi considerado o melhor filme, tendo sido estrelado por Gene Kelly e Leslie Caron.

1955
Sete noivas para sete irmãos

Muito antes da popularidade do visual lenhador, o codiretor de Cantando na chuva Stanley Donen perfilou 14 pretendentes a casamento conjunto, no cinema.

1957
O rei e eu

Melhor ator, pelo Oscar, Yul Brynner firmou parceria, em cena, com Deborah Kerr, uma preceptora culturalmente deslocada, no Reino de Sião.

1959
Gigi

Considerado o melhor filme, o longa baseado em romance da escritora francesa Colette mostra Leslie Caron como uma pretendente que objetiva se refinar.

1962
Amor, sublime amor

Musical mais premiado de todos os tempos, foi melhor filme e ainda teve outras nove vitórias, entre os 11 prêmios aos quais competiu.

1963
O vendedor de ilusões

Vencedor de melhor trilha sonora, o longa mostra Harold Hill (Robert Preston) tentando arregimentar o maior número de crianças de uma pequena cidade, para a formação de uma banda.

1965
Mary Poppins

O longa que rendeu Oscar para a atriz Julie Andrews teve recorde de 13 indicações para um musical.

Minha bela dama
Melhor filme, diretor e ator (Rex Harrison), a produção conta a história da vendedora de flores inglesa a ser moldada como uma nobre.

1966
A noviça rebelde

A terceira maior bilheteria de cinema de todos os tempos (perde para E o vento levou e Star wars) venceu como melhor filme, ao contar da criação libertária para sete filhos de um rigoroso viúvo

1968
O fabuloso Doutor Dolittle

Desbancando criações de Quincy Jones e Burt Bacharach, Talk to the animals foi a melhor canção pelo Oscar neste musical readaptado para as telas, em 1998, com Eddie Murphy.

1969
Oliver!

Tocante drama com Mark Lester, venceu como melhor filme, ao mostrar um órfão em fuga de instituição corretiva, integrando trupe de trombadinhas.

Funny girl

Barbra Streisand dá vida a Fanny Brice, cantora e artista celebrada pela era do rádio.

1970
Alô, Dolly!

Gene Kelly dirigiu Streisand, no musical que tem bela participação de Louis Armstrong.

1972
Um violinista no telhado

Tudo é multicultural, aqui: indicado como melhor ator, o isralense Topol foi dirigido pelo canadense Norman Jewison, na trama que recrimina czares russos do início do século 20.

1973
Cabaret

No musical que revisita a Alemanha nazista, Liza Minnelli foi eternizada como melhor atriz, no Oscar.

1980
All that jazz

O diretor e coreógrafo de Cabaret Bob Fosse (morto em 1987) tem boa parte da vida passada a limpo, na encenação a cargo de Roy Scheider (Tubarão).

1992
A bela e a fera

Um pioneiro, o produto Disney foi o primeiro desenho (e musical animado) a competir como melhor filme.

2002
Moulin Rouge!

O australiano Baz Luhrmann (O grande Gatsby) conduziu Nicole Kidman para a indicação ao Oscar de melhor atriz.

2003
Chicago

Indicado a 13 prêmios (recordista, ao lado de Mary Poppins), venceu como melhor filme.

2013
Os miseráveis

Derrotado na categoria central, o longa deslanchou o reconhecimento do talento da premiada Anne Hathaway (melhor coadjuvante), irrepreensível à frente de I dreamed a dream.

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