Ricardo Daehn
postado em 31/01/2017 08:56
Se o melhor amigo do homem for mesmo o cão, a recíproca pode ser tão verdadeira a ponto de um cachorro não sossegar enquanto não reencontrar o dono, como prega a trama do filme Quatro vidas de um cachorro. O filme ; apesar de uma polêmica em torno do tratamento reservado aos cães atores ; é mais um candidato a blockbuster na carreira do diretor sueco Lasse Hallstr;m, que, em Hollywood, já conquistou público ligado em cachorros, com Sempre ao seu lado (2009).
Nesse filme, Richard Gere desenvolvia mais do que uma afinidade invejável com um akita, num enredo baseado em história real japonesa ocorrida nos anos 1920. Vale lembrar ainda outra obra com mote canino assinada por Hallstr;m: o excepcional Minha vida de cachorro, que deu ao sueco a indicação ao Oscar de melhor diretor, em 1987.
Cães tiveram vidas de coadjuvantes com peso decisivo em tramas de cinema, como visto nos filmes Toda forma de amor (voltado a perdas familiares) e Melhor é impossível (no qual um cão domava o rabugento personagem de Jack Nicholson) e Legalmente loira (2001), em que uma cadelinha otimizava a figura fútil da protagonista de Resee Witherspoon.
Sistematicamente, a indústria do cinema não perde tempo (menos ainda dinheiro), sabendo até mimar mascotes, em fitas como Um hotel bom pra cachorro (2009) e Perdido pra cachorro (2008). Com a evolução da importância, os cachorros brilham, a ponto de terem para si prêmios como o The Palm Dog, concedido, em Cannes, por críticos internacionais. Entre os vencedores, estiveram Uggie, de O artista (2011) e até um elenco inteiro de cachorros, premiado, coletivamente, pelo húngaro White god (2014). Confira alguns dos sucessos hollywoodianos que têm o cão com protagonista.
Companheiros de formação
Marley & eu (2008)
Há oito anos, o longa de David Frankel (Beleza oculta) ficou entre as 15 maiores bilheterias do ano, confirmando o potencial da fórmula best-seller %2b cinema verte lucro. Owen Wilson e Jennifer Aniston estão no elenco, mas sem saber, o espectador se derrete pelos anônimos intérpretes Rudy, Jonah e Clyde, labradores que se revezam na trama para viver o protagonista que, longe do rigor na disciplina, afetam a felicidade de toda uma família.
Caninos brancos (1991)
Diretor de Grease ; Nos tempos da brilhantina, Randal Kleiser comandou esta aventura no Alasca, tendo no elenco não apenas um lobo selvagem ; reconhecido como aparentado dos cães domésticos ;, mas ainda o jovem Ethan Hawke (no auge, depois de Sociedade dos poetas mortos), que vive um rapaz órfão na trama de amizade.
Meu cachorro Skip (1999)
Todos conhecem de cor a história do filme: um cachorro (no caso, terrier) invade a vida de uma família, transformando todos. Com a narração embargada de Kevin Bacon, fica difícil segurar as lágrimas, na cena final. Autor do livro que deu origem ao filme, Willie Morrris conseguiu, com a Igreja episcopal, a garantia do direito de ter o cachorro (que inspirou a trama) enterrado a seu lado, no mesmo cemitério.
Fora de série, mas nunca de linha
A coragem de Lassie (1946)
Uma cachorra collie ligada, por 20 anos, ao sucesso de um show televisivo. Lassie ; à frente de mais de 20 produções audiovisuais ; teve companheiros de cena vistosos, entre os quais Elizabeth Taylor, à época, com apenas 14 anos de idade.
Benji (1974)
Até um Globo de Ouro, reservado à melhor canção de 1975 (no cinema), com I feel love, um dos cachorros ícone dos anos de 1970 e 1980 assegurou. Além de especiais e série de tevê, Benji se viu até como meio de reencarnação para um detetive que investiga a própria morte, em Benji ; O cachorro divino (1980).
As aventuras de Tintim (2011)
Desde os anos de 1960 adaptado para cinema e televisão, o criativo mundo administrado pelo belga Hergé teve muita repercussão, sob a ótica de Steven Spielberg, apontado como melhor animação pelo Globo de Ouro. Milu, o cão, pode até ajudar na busca por tesouro perdido no Oceano, mas não sem roubar muitas cenas.
Nem tão fofos
Digby, o maior cão do mundo (1973)
Um acidente químico é responsável pela descomunal deformidade que se instala na vida de Digby, o sheepdog capaz de gerar altíssima carga de preconceitos diante da massa corpórea de proporções indesejadas.
Cujo (1983)
Antes do grande êxito com a leveza adotada no blockbuster A joia do Nilo (1985), o diretor Lewis Teague apostou na adaptação de um texto do cultuado Stephen King. Longe da amistosa imagem do são bernardo, o protagonista é tomado pela raiva, aterrorizando uma pequena cidade.
Frankenweenie (2012)
Este filme de Tim Burton perdeu o Oscar de melhor animação para uma aventura da Disney que apostou quebrar paradigmas: Valente. Cheio de homenagens para o cinema, o longa trata da ressurreição de um cachorro, trazido à nova vida por métodos nada ortodoxos.
Todos os cães merecem o céu (1989)
Assassinato, retorno à Terra e espírito de vingança não são dos temas mais amenos para um desenho animado. Mas, às vésperas de 1990, o protagonista da animação Charlie Barkin pôde encontrar um filete de redenção.
Au-au gringo
Amores brutos (2001)
Num dos primeiros passos rumo à carreira internacional, o mexicano Alejandro González Iñárritu já armou uma intrincada trama na qual o cachorro Cofi é testemunha e vítima (num esquema lucrativo de rinha) dos planos arquitetados por personagens que se desvencilham de antigos amores.
O cachorro (2004)
No longa-metragem argentino de Carlos Sorín (Histórias mínimas), uma Patagônia recheada de fracassos para o atendente de posto de gasolina Juan Villegas se vê transformada. Agente que opera esta reversão de destino é o cão Bombón, um marco na vida de Villegas, principalmente depois de vencer um concurso canino.
Umberto D (1952)
O autor de Ladrões de bicicleta Vittorio De Sica, em cena, traz o cachorro Flik como uma espécie de alento para a tortuosa existência do idoso Umberto. Desrespeitado ao extremo pela mísera aposentadoria, ele ocupa as ruas de Roma, num dos grandes filmes sobre homens e animais.
Pelagem em desenhos
A dama e o vagabundo (1955)
Além da popularidade de, por um bom período, estar entre os 60 filmes mais assistidos no mundo, A dama e o vagabundo teve requintes na produção, entre os quais contar com a cantora de jazz Peggy Lee, na dublagem da cocker spaniel apaixonada por um vira-lata e de outros três personagens distintos. A cena no restaurante do italiano Tony foi capitalizada com os restaurantes (que remetem ao filme) espalhados nos parques da Disney.
A guerra dos dálmatas (1961)
Do casal coruja Pongo e Perdita à leva de brincalhões filhotes, passando pela perversidade de Cruela Cruel e a confecção de um casaco de pele, pouca gente esquece o que viu em A guerra dos dálmatas.
O cão e a raposa (1981)
Entre os 14 filmes mais assistidos no mercado norte-americano, O cão e a raposa trouxe para as telas a incorruptível amizade entre o cachorro Copper e a raposa Todd. Uma pérola de filme.
Altas aventuras
K-9 ; Um policial bom pra cachorro (1989)
Beethoven, o magnífico (1992)
Bud: O cão amigo (1997)
Como cães e gatos (2001)
Scooby-Doo! (2002)
Bolt ; Super cão (2008)
Marmaduke (2010)