Adriana Izel
postado em 08/02/2017 07:30
;Me sinto aprendiz sempre.; É assim que o cantor Saulo Fernandes se define dentro da axé music, estilo musical baiano que o revelou para o Brasil e que ele defende até hoje em sua carreira solo, iniciada há quatro anos quando ele deixou os vocais da Banda Eva. ;Só quero homenagear esses meus ídolos (da axé music). Eu sou o que a música quiser;, garante em entrevista ao Correio.
Após lançar Saulo ao vivo (2013) e Baiuno (2015), o cantor apresenta neste ano o terceiro disco da carreira solo, que está disponível nas plataformas digitais. É o álbum O azul e o sol, produzido pelo músico Adriano Gaiarsa, instrumentista da banda de Saulo, e realizado pela Rua 15 Produções, produtora do cantor baiano.
Como os álbuns anteriores do projeto do artista, O azul e o sol traz uma mistura de axé, com influências do reggae (A gente leve), do folk (Ponte, casa e flor) e da música africana (Lábios vermelhos e Ancestral). Fora a sonoridade, que já é uma característica de Saulo, o material mantém ainda outra tradição do cantor: a aposta em letras poéticas, leves e que representem positividade. ;Imagino que as pessoas sentirão um bocado de coisas ao ouvir o disco, como euforia, emoção, amor, reflexão, alegria pura... Tudo isso cantado em textos e palavras dançando em uma percussão deliciosa;, explica.
As faixas do álbum nasceram de textos criados por Saulo em parceria com diferentes compositores baianos. O compositor trabalhou com Lau, Ênio Taquari, Fábio Rocha, Alcione Rocha, Luciano Calazans, Adriano Gaiarsa, Gigi, Anderson Silva, Lazzo Matumbi, Dom Chicla e Renan Ribeiro. Alguns dos parceiros, inclusive, participam como convidados. É o caso de Fábio Rocha (Sol em festa e A gente leve), Gigi (Mó) e Luciano Calazans (Ponte, casa e flor e Lábios vermelhos).
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Além dos músicos que foram parceiros de composição, o material ainda conta com as participações de Skanibais, em Mundo da lua; Felipe Guedes e Gabi Guedes, na canção Ancestral; Grupo Muliere, que esteve em Ponte, casa e flor; e Danny Nascimento, que dividiu os vocais em Mó. A forte presença de convidados é justificada por Saulo: ;Eu não funciono só. São muitas parcerias com os caras amigos de banda, na estrada... sempre aprendendo;.
Mudanças
Considerado um dos últimos novos artistas a ter sucesso nacional no axé, Saulo é um grande defensor do gênero, que é aclamado em suas canções deste novo álbum, como Terra nossa (Axé). ;É que quando chega fevereiro / a gente espera o carnaval chegar para ser feliz e cantar;, diz a letra, que faz uma referência a importância do ritmo no carnaval baiano. ;Na Bahia, o carnaval é fundamental, por todo negócio envolvido, mas sobretudo, é no carnaval que o povo se expressa verdadeiramente e se revela um monte de gente boa, genuína e talentosa. Aí, a música reexiste;, afirma.
Saulo se considera saudosista em relação a relevância de outrora da música baiana, que dominou o Brasil nos anos 1990. ;Sinto muita saudade do bem que o axé fazia para o país todo, quando pensamos em leveza, alegria, sentimentos bons e liberdade. A gente avançava, era corajoso e hoje a gente anda para trás;, lamenta. Apesar disso, o cantor afirma que entende essa mudança no mercado. ;Já pensei tantas coisas sobre isso. Hoje, vejo tudo de uma forma natural, outros sons vêm, outras gerações, outras influências... Tudo muda;, completa.
Este ano será a primeira vez que o cantor estará em Brasília para participar do carnaval, trazendo a terça-feira do arrastão, uma tradição do artista em Salvador. ;Confesso que vejo o desenvolvimento do carnaval de Brasília de longe e estou achando massa. Está rolando um lance lindo e cúmplice com as pessoas de Brasília, que eu vou feliz fazer carnaval na cidade;, garante.
Qual é o melhor de Brasília?
Agora não tem mais jeito: o carnaval é nosso! O brasiliense se apropriou, de vez, da festa do Momo. Toma as ruas da cidade, dança, beija, traveste-se do que bem entende. Segue o trio, cai no samba, no axé, nas marchinhas e ; quem diria ; na música eletrônica. Senhor dos festejos, nada mais justo que vista a fantasia de juiz e eleja o melhor bloco de 2017. O Correio Braziliense formará uma comissão julgadora e contará também com uma enquete popular para entregar um troféu aos quatro escolhidos. Para votar, entre no site www.correiobraziliense.com.br e participe. Que vençam os mais animados!
Repertório do disco
1. O céu azul
2. Sol em festa
3. De repente mente
4. A gente leve
5. Mó
6. Vida labirinto
7. Ponte, casa e flor
8. Incrível ser
9. Lábios vermelhos
10. Ancestral
11. Deixa lá (Dê xalá)
12. Terra nossa (Axé)
13. Mundo da lua
14. Santa chapada
15. O azul e o sol
16. Que amor é esse? (faixa bônus)
O azul e o sol
De Saulo. Rua 15 Produções, 16 faixas. Disponível nas plataformas digitais.
4 ANOS
Tempo de carreira solo de Saulo