Alexandre de Paula
postado em 13/02/2017 08:46
Para a música e, especialmente para o rock, o ano de 1967 é daqueles para nunca esquecer. Além de obras-primas, como Sgt. Pepper;s lonely hearts club Band, dos Beatles, o ano apresentou para o público bandas como The Doors, Pink Floyd, Velvet Underground e o trio Jimi Hendrix Experience, que se tornaram fundamentais para o rock e para a história da música mundial.
Cinquenta anos depois, os álbuns de estreia lançados naquela época permanecem atuais (alguns inovadores mesmo hoje) e ainda fazem a cabeça de muita gente, tanto de fãs e ouvintes quanto de músicos que tiraram dali inspiração para construir a própria obra.
No final dos anos 1960, o rock já estava a pleno vapor e o som das guitarras já fazia parte do som da época. Mas alguns desses discos lançados em 1967 colocaram o que se fazia em outro patamar com sons psicodélicos, letras poéticas ou transgressão e sujeira.
Poesia roqueira
Os primeiros a despontar num ano tão singular para a música foram os ingleses do The Doors. Liderados por Jim Morisson, o grupo lançou o álbum homônimo de estreia logo no início do ano, em 4 de janeiro. O trabalho era fruto das gravações feitas no fim de 1966 pela banda.
Mas o que tinha o The Doors de tão especial? Principalmente, a poesia arrebatadora de Jim Morrison. O vocalista da banda compunha letras com forte teor lírico e juntava referências da literatura ao modo de escrever, cheio de estilo e de subjetividade. Não à toa, Morrison virou ídolo para muitas gerações.
Além da poesia, a maneira como a banda juntava o som das guitarras ao uso de sintetizadores e teclados foi outra marca do grupo, formado também pelo guitarrista Robby Krieger, pelo baterista John Densmore e pelo tecladista Ray Manzarek.
Gravado em Hollywood, o disco The Doors também teve muito sucesso comercial. Foram mais de 20 milhões de cópias vendidas e a banda alcançou o topo das paradas britânicas com a canção Light my fire, uma das mais conhecidas da banda.
A psicodelia inglesa
Outra banda que se mostrou ao mundo pela primeira vez em 1967 foi o Pink Floyd. Um dos mais importantes nomes do rock, quarteto lançou The piper at the gates of dawn, provavelmente o disco mais psicodélico e experimental dos britânicos com canções como Interstellar overdrive e Arnold Layne.
Além da importância de ser o álbum de estreia do Pink Floyd, Piper at the gates of dawn é um marco por ser o único trabalho do guitarrista e vocalista Syd Barret. Com Roger Waters ainda pouco influente nas decisões, a banda era liderada por Barret.
Barret sofria de esquizofrenia e deixou a banda pouco tempo depois, quando o abuso de LSD aprofundou a doença. A influência dele, no entanto, pode ser sentida em quase todos os trabalhos posteriores do grupo. Boa parte do álbum Shine on you, crazy diamond, por exemplo, foi dedicada ao guitarrista.
O gênio da guitarra
Quase ninguém tratou tão bem (musicalmente, pelo menos) uma guitarra do que Jimi Hendrix. Considerado por muitos como um dos maiores nomes do instrumento de todos os tempos, o genial músico americano gravou o primeiro disco, Are you experienced?, também em 1967. Ao lado de Mitch Mitchell e Noel Redding, o guitarrista formou o Jimi Hendrix Experience.
O álbum é inovador em muitos aspectos, mas o principal fator era maneira única e original de Hendrix tocar guitarra e de utilizar efeitos com o instrumento. Se ele foi importante? Dizer que Hendrix deixou desnorteada gente como Eric Clapton e Jeff Beck (outros gigantes do instrumento) deve ser suficiente para responder à pergunta.
Hendrix não economizou no repertório. No primeiro álbum, já estão clássicos da carreira do guitarrista. De cara, ele abre com a famosa Foxy lady, ainda há espaço para um blues como Red house e clássicos como Hey Joe e Purple haze.
Influenciador
Há quem ache que, sem Velvet Underground and Nico (1967), o punk rock nunca teria nascido. O álbum de estreia do Velvet Underground é daqueles discos que não fizeram tanto sucesso na época, mas influenciaram músicos e mais músicos que vieram depois. ;O disco vendeu pouco mais de 10 mil cópias, mas todos que o compraram formaram uma banda depois;, disse, certa vez, o produtor musical Brian Eno.
Com sonoridade suja, o álbum falava de temas polêmicos como drogas, sadomasoquismo e perversões sexuais. Os temas foram a razão de o álbum do grupo formado por Lou Reed, John Cale, Sterling Morrison e Maureen Tucker ser proibido em vários estabelecimentos, uma das razões do fracasso de vendas.
Você deve se lembrar da capa desse disco com uma banana desenhada pelo astro da pop art Andy Warhol, que era também empresário da banda.