Rui Martins - Especial para o Correio
postado em 16/02/2017 14:00
Berlim - A lusofonia este ano bateu um recorde no Festival Internacional de Cinema de Berlim - são 18 filmes brasileiros e portugueses nas diversas competições. Ontem, foi a vez do longa-metragem da cineasta portuguesa Teresa Villaverde, Colo, mostrando a repercussão da crise econômica numa família portuguesa. "O filme tem o título de Colo que, entre coisas quer dizer afeto, porque", diz Villaverde.
Para ela, a crise não é só econômica, mas envolve igualmente um clima de falta de comunicação, porque se de um lado gera o desemprego, do outra algumas pessoas são obrigadas a acumular empregos, faltando-lhes tempo para curtir a família.
[SAIBAMAIS]No filme Colo, o desemprego leva o pai ao desespero e a filha não avalia a gravidade da crise vivida pela família, onde até a luz é cortada por falta de pagamento. Filmado na maior parte do tempo nos interiores e sem muita luz, Colo transmite a sensação de falta de perspectivas de seus personagens.
Teresa Villaverde permanece fiel aos filmes de cenas longas que sempre caracterizam as produções portuguesas. Uma exceção foi, há quatro anos e também com estreia em Berlim, o filme Tabu, de Miguel Gomes, com uma agilidade ainda rara no cinema português.
Embora o tema de Colo seja dos melhores, o que a crítica chamou de "silêncios", os planos fixos demorados e a falta de movimento em contraposição às cenas mais rápidas da moderna cinematografia, não foram bem recebidos pela crítica internacional que abandonou a projeção e não foi à coletiva para a imprensa.