<div style="text-align: justify"><img src="https://imgsapp2.correiobraziliense.com.br/app/noticia_127983242361/2017/02/17/574532/20170217093216972049u.jpg" alt="%u201CJoaquim%u201D mostra com clareza que o negro participou da revolta contra Portugal" /> </div><div style="text-align: justify"><strong>Berlim -</strong> <em>Joaquim</em>, o personagem principal do filme brasileiro no Festival Internacional de Cinema de Berlim, não achou o ouro tão desejado pelo colonisador português. Marcelo Gomes, o realizador, também não. Mas o filme tem um filão precioso: o de incorporar a presença negra, no relato do episódio histórico daquela que seria a primeira tentativa de rebelião contra Portugal.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Porque, geralmente, quando se fala em libertação brasileira da colonização portuguesa são esquecidos os escravos, submetidos tanto aos portugueses quanto aos brasileiros da elite branca em formação. Ao criar a figura imaginária de Preta, a mulher por quem se apaixonara Joaquim, o realizador Marcelo Gomes, criou na condição da escrava que Joaquim não podia comprar, o fator detonador da revolta de Tiradentes.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Como costuma ocorrer, as explicações e mesmo um certo debate do realizador com a crítica, na tradicional entrevista coletiva posterior à exibição do filme, completaram a compreensão de alguns aspectos da nossa colonização, não muito claros no filme. Durante algumas dezenas de minutos, o filme se perde no garimpo do ouro, tornando-se mesmo um documentário desnecessário.</div><div style="text-align: justify"><br /></div><div style="text-align: justify">Marcelo Gomes na apresentação do filme descreveu a colonização portuguesa com uma das piores, provocando explicações contrárias de um crítico de origem eritreia, que enumerou os excessos cometidos pelos italianos contra as populações africanas. A própria produtora portuguesa e um crítico português reagiram contra à má catalogação dos colonizadores portugueses. Na verdade, não existiram bons ou menos maus colonizadores, tanto espanhóis, holandeses, ingleses, italianos como franceses tratavam os colonizados como seres inferiores, igualando-se embora de maneiras diversas nas suas políticas e crueldades. </div><div style="text-align: justify"><br /></div>