Adriana Izel
postado em 20/02/2017 09:18
O carnaval é um período de extrema importância na vida do músico e compositor Pretinho da Serrinha. A folia faz parte da vida do compositor, que, durante 10 anos foi diretor de bateria da escola carioca Império Serrano e atualmente é um dos comentaristas do carnaval do Rio de Janeiro na transmissão da Rede Globo. ;Faço comentários há quatro anos. No início, eu comentava as quatro noites (os desfiles do grupo de Acesso e do Especial do carnaval do Rio de Janeiro), mas esse ano vou ficar por conta apenas do Grupo Especial, no domingo e na segunda;, conta.
Antes de comentar a passagem das escolas pelo Sambódromo, Pretinho da Serrinha se prepara fazendo uma pesquisa sobre os sambas-enredos e o que cada agremiação preparou para apresentar no desfile. Ele visita os barracões, vê as fantasias e alegorias, encontra com os carnavalescos e acompanha os ensaios das baterias. ;Quando você visita o barracão dá para ter uma ideia de quem é o favorito ao título. Mas tem que esperar o desfile. Na hora, tudo muda;, garante.
Pretinho diz que há escolas que passam boa parte do período pré-carnavalesco como favoritas, mas no dia do desfile acabam não conquistando o público. Ele lembra um caso do Salgueiro, que, em 2014, fez um samba-enredo sobre orixás e despontou como favorita ao título. Naquele ano, a escola perdeu para a Unidos da Tijuca, que prestou uma homenagem ao piloto Ayrton Senna.
Sobre o desfile deste ano, Pretinho da Serrinha afirma que é difícil apontar um favorito. ;Depois que colocaram as notas fracionadas, isso de favoritismo mudou. Ninguém pode errar nada;, analisa. Mas, baseado em sua pesquisa, ele percebe uma boa safra de sambas-enredos. ;Esse ano estamos com uma média boa de sambas-enredos. Metade da escola é o samba. O resto é consequência;, completa. Ele destacou os sambas da Beija-Flor de Nilópolis (A virgem dos lábios de mel ; Iracema), União da Ilha (Nzara Ndembu ; Glória ao senhor tempo), Imperatriz Leopoldinense (Xingu ; O clamor que vem da floresta), Mocidade Independente de Padre Miguel (As mil e uma noites de uma Mocidade pra lá de Marrakech) e Vila Isabel (O som da cor).
Apesar de o samba-enredo ser considerado metade do caminho para uma escola de samba, Pretinho da Serrinha destaca outras alegorias importantes na vitória de uma agremiação. ;Mestre sala e porta-bandeira e comissão de frente contam muito. Mas também há fantasias e uma boa bateria, que podem fazer a diferença. A verdade é que carnaval é mistério;, garante. Ele lembra que no ano passado a Estação Primeira de Mangueira não era apontada como favorita. Mas foi apenas colocar o samba em homenagem a Maria Bethânia no Sambódromo para garantir o título. ;Ninguém esperava. Mas Bethânia trouxe uma energia que contagiou todo o desfile;, salienta.
Carreira
Além de atuar como comentarista de carnaval, Pretinho da Serrinha mantém a carreira artística a todo vapor. Em 2 de fevereiro, ele lançou o primeiro single do novo trabalho, a música Reza pra agradecer, uma composição dele em parceria com Nego Álvaro e Vinicius Feijão. A canção fala de positividade e tem um cunho bastante pessoal. ;Eu estava olhando o mar durante um show na Ilha de Caras e pensei nessa música. No início, pensei em só gravar e colocar na internet. Depois, comecei a gostar, fiz o clipe e pensei em colocá-la no álbum;, explica. A música deve compor o mais novo material do artista, que deve ser finalizado em março, logo após o carnaval.
Outra novidade é que Pretinho da Serrinha fará parte do filme sobre Pixinguinha que será lançado nos cinemas. O papel principal ficou com o cantor Seu Jorge e a direção da produção é de Denise Saraceni. Pretinho da Serrinha interpretará China, irmão de Pixinguinha, que fez parte do grupo Choro Carioca ao lado do irmão.
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Setenta anos de samba
Atualmente, no Grupo de Acesso do carnaval carioca, a escola de samba Império Serrano completa em março deste ano 70 anos da criação no Rio de Janeiro. A agremiação surgiu logo após um levante dos sambistas do Morro da Serrinha contra o autoritarismo do presidente da escola local, o Prazer da Serrinha, na casa de D. Eulália do Nascimento.
Em comemoração aos 70 anos da agremiação, o livro Serra, Serrinha, Serrano: O império do samba, de Rachel Valença & Suetônio Valença, publicado originalmente em 1981, ganhou uma segunda edição. A versão foi ampliada e revista. Assim, de 129 páginas, passou a ter 433, ganhando novos depoimentos e informações apuradas por Rachel, que tocou na bateria da escola e foi vice-presidente em dois mandatos nesses últimos anos, em parceria com Suetônio, que morreu no ano passado antes da chegada do livro às livrarias.
Serra, Serrinha, Serrano apresenta personagens importantes na história da agremiação, como a própria Eulália, o pai de santo Elói Antero Dias (responsável pelos primeiros instrumentos da bateria da agremiação) e os sambistas Ivone Lara, Wilson das Neves e Arlindo Cruz, que se envolveram na concepção de vários dos sambas-enredos da escola carioca.
Está no livro, por exemplo, a primeira vitória da escola após a publicação da versão original: o carnaval de 1982, vencido ao som do samba-enredo Bum bum paticumbum prugurundum. Esse foi o último título do Império Serrano no Grupo Especial do carnaval carioca. Desde então, a escola só venceu no Grupo de Acesso nos anos de 1998, 2000 e 2008. (AI)
Serra, Serrinha, Serrano: O império do samba
De Rachel Valença & Suetônio Valença. Editora Record, 434 páginas. Preço médio: R$ 69,90.
Acompanhe o desfile das escolas do Rio de Janeiro
Domingo, 26 de fevereiro
Paraíso do Tuiuti
Grande Rio
Imperatriz
Vila Isabel
Salgueiro
Beija-Flor
Segunda-feira, 27 de fevereiro
União da Ilha
São Clemente
Mocidade
Unidos da Tijuca
Portela
Mangueira