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Romance à moda antiga levou Dinah Jefferies à lista de best sellers

Com um romance passado na Ásia, autora britânica ficou 16 semanas entre os mais vendidos

Nahima Maciel
postado em 01/03/2017 07:30

Dinah Jefferies colheu memórias familiares para escrever o romance

Dinah Jefferies é dessas escritoras que apostam tudo numa grande história de amor. À moda antiga, mas sempre envolvida em mistério. Graças a uma combinação que mistura lugares exóticos ou míticos, um segredo e um drama cheio de nuances humanistas, a escritora britânica costuma arrebatar os leitores. Seu O perfume da folha de chá, que chega agora às livrarias brasileiras, ficou 16 semanas na lista dos mais vendidos do Sunday Times em 2015, quando foi lançado na Inglaterra. Também ganhou o prêmio de melhor história de amor e romance histórico da revista feminina Woman & Home. No Brasil, o romance ficou entre os 100 mais vendidos do ranking da Nielsen.

O perfume da folha de chá é um livro escrito para o público feminino que ainda acredita no amor romântico, mas o romantismo de Jefferies vem recheado de questões históricas e sociais. Nascida na Malásia, onde o pai, um administrador britânico, ajudou a reconstituir o serviço de correios do país, a autora tem familiaridade particular com lugares exóticos e distantes. As lembranças da infância contribuem para o interesse, assim como a história da própria família: nascida de um casamento misto entre uma indiana e um irlandês, a sogra da autora costumava contar sobre a dificuldade de ser mestiça num ambiente de colonizadores e colonizados. De certa forma, esse drama dá liga ao romance.
No livro, Gwen é uma inglesa que se casa com um plantador de chá britânico radicado no Sri Lanka. Ao desembarcar no então Ceilão ; como era conhecida a ilha entre 1802 e 1948, quando ainda era colônia britânica ;, a moça percebe, aos poucos, uma distância entre o sonho de um casamento romântico e a realidade pautada por segredos e preconceitos. ;Não é uma simples história de amor. Exploro questões reais, seja racismo, vingança, colonialismo ou guerra;, avisa a autora. ;Esse é um livro sobre o amor, mas também sobre a perda. Nos meus livros, amor e perda andam de mãos dadas. Onde você encontra perda, encontra também amor. Esse livro é também sobre racismo, segredos, culpa e sobre o apagar de um Império, quando algumas certezas começaram a ir por terra.;

Jefferies passou semanas em uma plantação de chá no Sri Lanka para se ambientar. A Ásia, aliás, é um território comum para autora. A Malásia serviu de locação para o primeiro romance, The separation (;A separação;) (inédito no Brasil) e a Indochina francesa dos anos 1950 está em The silk merchant;s daughter (;A filha do vendedor de seda;), ambos inéditos no Brasil. Agora, ela se prepara para visitar Myanmar com a intenção de estudar locações para o próximo livro. As histórias contadas pela sogra inspiraram boa parte de O perfume da folha de chá. ;Ela contava sobre a Índia, várias histórias relacionadas com crianças mestiças;, lembra a autora. ;Eu também tinha essa ideia de que um segredo capaz de alterar uma vida estaria no coração do livro, um segredo que causaria culpa e partiria corações. O personagem principal se embrenha em uma crise moral e o livro é cheio de profundidade emocional.;

Nascer e passar parte da infância na Ásia para depois ser levada para a Inglaterra marcou muito a escritora. O estranhamento do olhar acostumado ao mundo tropical e transportado para o frio e a fleuma inglesa acabaram por levar Jefferies a personagens que se encontram divididos entre duas culturas e questionam as situações que opõem dominadores e dominados.

Capa do livro O perfume da folha de chá

O perfume da folha de chá
De Dinah Jefferies. Tradução: Alexandre Boide. Paralela, 432 páginas. R$ 39,90

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