Foi ao se olhar no espelho um dia que Melissa Maurer, 38 anos, pensou: por que me saboto, me maltrato e me boicoto tanto? As respostas não foram imediatas, mas vieram ao longo do tempo e, com elas, a ideia de um projeto que desse voz a mulheres e funcionasse como um espelho. Dois anos depois daquele dia, Melissa criou o Bem me quero mal me quero e convidou fotógrafas do mundo inteiro para embarcar na ideia de registrar voluntárias de todas as idades, cores e formas e pedir a elas que escrevessem uma carta para si mesmas. O resultado começou a circular nas redes sociais na madrugada de hoje com a hashtag #bemmequeromalmequero.
No total, participaram 132 fotógrafas de seis países, incluindo Índia, Espanha, Austrália, Estados Unidos, Portugal e Argentina, além do Brasil. Cada profissional montou uma rede de voluntárias que topassem ser registradas e escrever a carta. A própria Melissa fez mais de 100 fotografias, que pretende divulgar ao longo do Dia Internacional da Mulher. Formada em turismo, moradora de Alto Paraíso há mais de 12 anos e fotógrafa profissional, Melissa queria propor uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade e as exigências em relação a essa atuação. Por isso era importante que as voluntárias representassem todas as idades, cores e tamanhos.
Nas cartas, que deveriam ter entre um parágrafo e uma página, elas foram convidadas a falar sobre o que as incomodava e a dar um recado a si mesmas. ;Pedimos que escrevessem com amorosidade, que se acolhessem. Muitas escreveram sobre os padrões estéticos exigidos pela sociedade, sobre relacionamentos abusivos, sobre a cobrança de ser forte, sobre medos e vergonhas;, avisa Melissa. ;A ideia do projeto é que, a partir do momento em que coloco para fora o que sinto, começo a me curar.;
O projeto tomou uma proporção que Melissa não esperava. Ao convidar as fotógrafas pelas redes sociais, ela imaginava o retorno de, no máximo, 30 profissionais. Agora, ela não tem ideia de quantas imagens nasceram do Bem me quero mal me quero. Cada profissional ficou livre para registrar quantas voluntárias quisesse e Melissa não sabe quantas imagens serão postadas ao longo do dia. Para realizar suas próprias fotografias, ela acompanhou vivências como sessões de terapia tântrica e reuniões de grupos de mulheres em Alto Paraíso e Florianópolis. ;A intenção é unir mulheres;, garante. O Diversão reproduz aqui algumas fotos e trechos das cartas escritas para o projeto em homenagem às mulheres do Brasil e do mundo.
;Confesso que a maternidade me desnorteou muito. Claro que amo ser mãe, e acho inclusive que dentre todos os meus ;papéis;, é o que eu desempenho melhor e com mais prazer. Mas nossa, você saber que tem um ser que depende tanto de você, e muitas vezes você simplesmente não sabe o que fazer, e muitas vezes, mesmo com tantas pessoas a sua volta, você está sozinha, é desesperador. É desesperador saber que você não está mais largado no mundo;, Luana
;As minhas atitudes não podem ser compreendidas somente a partir de um olhar masculino. Isso é sobre o meu ;Eu;. Não mais sobre aquela lógica de brincadeira com as flores amarelas ;bem me quer, mal me quer;. Sejamos nós. Sejamos nossas. E que não sejamos tão dura conosco. O mundo já faz esse papel;, Mariana Félix de Quadros
;A vida inteira a gente aprende a se ver pelo olhar do outro. Como se nosso corpo estivesse a serviço do desejo masculino. Como se a gente fosse só isso. Por isso, a gente tem receio de tudo o que pode marcar o corpo como o tempo, estilo de vida ou a maternidade. A gente vive em função de ser bonita e apreciada;, L.C
;Desculpe-me por não poder te segurar enquanto você se afundava, eu não tive força para te salvar dessa queda livre. Eu te fiz ir ao fundo para que eu pudesse renascer e você suportou, esperando pacientemente chegar o seu limite;, Laise Brasil
"Heiii você..
Está precisando dar uma melhorada nessa pele hein, reduzir esse culote, dar uma hidratada nesse cabelo seco. Você já é Negra, quer ser mais malvista ainda Querida?! Homem nenhum vai querer , mas também, como se isso importasse alguma coisa pro seu juízo.Não basta ser a Neguinha de culote com tenis sujo, a boneca ainda resolve ser sapatão. Pela virgem santa. Cresça e apareça Pathy", Pathy Urucungá