Diversão e Arte

Espetáculo Auê incorpora performances e alta sonoridade, no Teatro da Caixa

Espetáculo Auê promove fusão anárquica de música e encenações para falar de explosivos sentimentos

Irlam Rocha Lima
postado em 09/03/2017 07:32

Auê é uma criação coletiva que instala uma celebração festiva no palco

Segundo o dicionarista Antônio Houaiss, a expressão auê significa farra, tumulto, confusão e barulho. Na busca de uma explicação para o título do espetáculo cênico-musical que o brasiliense assistirá de hoje a domingo, no Teatro da Caixa, a diretora Duda Maia sugere: ;Auê, nome masculino, com força, que fala de um lugar caótico e revolucionário, assim como o amor;.

Pois é sobre o amor, nas suas mais diversas facetas, que trata Auê, concebido a partir da mistura de elementos da música, do teatro e da dança, numa fusão impregnados de brasilidade. Criada em processo coletivo, a encenação utiliza as letras como dramaturgia e promove uma autêntica farra teatral. Seguindo o conceito principal do trabalho, os oito cantores, músicos e atores se valem da diversidade rítmica das canções para uma festiva celebração no palco.

O elenco de Auê ; que cumpriu temporadas de sucesso no Rio de Janeiro ; tem em sua formação Ádren Alves, Alfredo Del Penho, Beto Lemos, Eduardo Rios, Fabio Enriquez, Renato Luciano e Ricca Barros, todos multi-instrumentistas e vocalistas. A eles, se juntou um músico convidado, o baterista Rick La Torre. A direção musical e os arranjos, que passam por samba de roda, baião, rock, valsa, maracatu, coco e ijexá, têm a assinatura de Del Penho e Lemos.

Esses múltiplos artistas formam a Barca dos Corações Partidos, companhia forjada nas montagens de outros dois elogiados espetáculos, Gonzagão ; A Lenda, de João Falcão; e Ópera do Malandro, concebido por Chico Buarque de Holanda. Para os integrantes da trupe, Auê deve ser vista como uma grande homenagem à cultura musical brasileira.


Auê
Espetáculo cênico-musical com a companhia Barca dos Corações Partidos, sob a direção de Duda Maia. Hoje e amanhã, às 20h; sábado, às 17h30 e 20h; e domingo, às 19h, no Teatro da Caixa (Setor Bancário Sul). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Duração: 90 minutos. Não recomendado para menores de 12 anos.

Duas perguntas: Duda Maia

Duda, você trabalhou com esse grupo de atores em Gonzagão ; A Lenda. Como foi o reencontro com eles, agora como diretora do Auê?
Fui convidada por eles para dirigir esse trabalho, onde a única exigência era ser uma obra com músicas deles, que falasse de amor. Não tinha nada fechado, era um vazio assustador e, ao mesmo tempo, bem instigante. Foram alguns meses escutando e experimentando as músicas escolhidas. A expressão Auê , que dá nome ao espetáculo, veio do título de uma das músicas. Foi uma experiência fantástica. Eu, uma mulher, dirigindo oito homens, fortes e sensíveis, rasgando o coração, podendo criar um roteiro que fosse nosso, sem precisar estar a serviço de nenhuma obra, imprimindo uma digital. Pra mim, esse é o grande trunfo do espetáculo.

O que você destaca no espetáculo?
O que me encanta no trabalho não é apenas a cena, apesar de ser fã desses meninos extremamente talentosos. Mas o que mais me impressiona, e me deixa muito feliz, é a reação da plateia. Auê, definitivamente, comunica com o público, se afeta num lugar sensorial e, por isso, é transformador.

Duas Perguntas: Alfredo Del Penho

A Barca dos Corações Partidos foi criada quando?
A companhia foi constituída já há quase cinco anos e surgiu durante processo de ensaio do Gonzagão ; A lenda. Os integrantes da Barca Cia têm formações distintas, e desde o início desse encontro, tínhamos vontade de aprender sobre essa diversidade. Começamos a organizar aulas, encontros e oficinas uns com os outros, e percebemos a partir daí, que ganhávamos uma unidade. Isso tudo aliado à vontade de estarmos juntos e criarmos pela afinidade que tínhamos. Desde então, a companhia não parou mais de trabalhar e de criar.

Como foi o processo de criação do Auê?
Cada espetáculo da companhia tem um caminho na dramaturgia e na construção da encenação. O Gonzagão, apesar de ser uma biografia, não é linear, cartesiana, não conta a história cronologicamente e, sim, poeticamente. A Ópera do malandro é o musical consagrado com um texto fechado apesar da adaptação que se fez. Já o Auê é basicamente composto por músicas, encenações e performances costuradas.

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