Pode até não parecer, mas de 1997 para cá, 20 anos já se passaram. A época foi movimentada para a música brasileira e proporcionou discos importantes para o cenário nacional, com bandas, como Titãs, Racionais, Charlie Brown Jr. e Raimundos. Além deles, clássicos para os fãs de pagode e axé do Molejo e do É o tchan comemoram duas décadas.
Em versão acústica
A banda Titãs completou, em 1997, 15 anos de carreira. O grupo tinha estourado com álbuns pesados na década de 1980, como Cabeça dinossauro, mas aceitou o convite para fazer um projeto mais pop e menos roqueiro. Com isso, veio o primeiro Acústico MTV da banda.
O álbum trazia canções como Marvin, Homem primata, Televisão, Família e Pra dizer adeus. O projeto contou também com participações de Arnaldo Antunes (ex-integrante da banda) e do argentino Fito Paes.
O disco foi um dos primeiros a utilizar o formato no Brasil e conquistou o maior sucesso do projeto da MTV. Foram dois milhões de cópias vendidas, o que colocou a banda no centro dos holofotes. Para muitos, o disco marcou também o fim de um ciclo para o Titãs e uma guinada comercial e pop.
O canto da periferia
1997 já estava quase no fim quando os Racionais lançaram o quinto álbum de estúdio da carreira e alcançaram uma dimensão ainda maior do que já tinha. Inspirados pela violência e pelos péssimos índices sociais que o país e a cidade de São Paulo amargavam, o grupo liderado por Mano Brown lançou Sobrevivendo no inferno.
O álbum trazia músicas que se tornaram clássicos que retravam a dura realidade do cotidiano na perifeira paulistana e teve um sucesso estrondoso. Em menos de um mês, foram mais de 200 mil cópias vendidas, número que depois passou de um milhão. Os Racionais já eram um fenômeno na periferia, mas foi com esse disco que o grupo alcançou um público muito maior, incluindo o respaldo de acadêmicos e críticos.
Provavelmente, o maior sucesso de Sobrevivendo no inferno foi Diário de um detento. A letra foi co-escrita por Josemir Prado, ex-presidiário do Carandiru. Com narração de Mano Brown, a faixa conta os dias anteriores ao massacre no presídio, que dizimou 111 presos em 1992.
O disco também promovia algumas misturas musicais, como quando mescla a letra de Jorge da Capadócia, de Jorge Ben, à base de Ike;s rap II, do músico de soul e funk Isaac Hayes.
Da praia para os palcos
Foi também em 1997 que a banda santista Charlie Brown Jr., ainda desconhecida do grande público, gravou o primeiro álbum. O grupo era liderado pelo vocalista Chorão. Produzido por Rick Bonadio, Transpiração contínua prolongada vendeu, à epoca, 250 mil cópias e ganhou disco de platina.
O álbum trazia canções que se tornaram sucesso como Proibida pra mim, O coro vai comê e Tudo o que ela gosta de escutar marcou a entrada da banda no mercado musical brasileiro.
Com estilo debochado, o grupo apresentou uma sonoridade pouco difundida no Brasil até o momento (apesar de ter referências como Planet Hemp, O Rappa, Raimundos, Chico Science e Nação Zumbi e Mundo Livre S/A.) e misturou rap, ska e hardcore.
Em 2013, com a morte de Chorão, a gravadora EMI relançou o álbum em seu formato original.
Ainda mais pesado
No mesmo ano, os Raimundos lançaram o terceiro álbum de estúdio, Lapada do povo. O disco foi produzido pelo americano Mark Dearnley e gravado em Los Angeles, na Califórnia.
Em Lapada do povo, a banda deu ainda mais peso às canções, com ritmo mais acelerado e hardcore. O álbum traz músicas como Véio manco e gordo, Wipe out, CC de com força, em que o vocal de Rodolfo Abrantes soa quase como trava-língua e é difícil de acompanhar.
Apesar de bem avaliado, o álbum vendeu menos do que os anteriores e as mudanças assustaram um pouco os fãs da banda. Um detalhe curioso é que as guitarras de Digão foram gravadas com equipamentos do renomado guitarrista americano Steve Vai, que estava no mesmo estúdio que a banda.
Clássicos populares
O axé e o pagode dos anos 1990 passaram a ser cultuados com fervor nos últimos anos. Em tempos de internet e de memes, grupos como É o tchan e Molejo bombam na rede, celebrados, principalmente, por quem era criança quando os grupos estouraram.
Dois álbuns fundamentais para o gênero e para a época também chegam a duas décadas em 2017: Brincadeira de criança (Molejo) e É o tchan do Brasil (É o tchan).
Um dos maiores sucessos da banda de pagode, Brincadeira de criança, do Molejo, bateu a marca de um milhão de cópias vendidas e apresentou hits como Tá maluca, Dança da vassoura, Pula por cima da dor e Menina.
É o tchan do Brasil foi outro sucesso estrondoso do ano. O disco do grupo baiano vendeu mais de dois milhões de cópias e lançou sucessos que ficaram na cabeça do povo, como Ralando o tchan, Bambolê e Dança do põe põe.