Diversão e Arte

Grupo de fotógrafos busca a representação individual do ser humano

A exposição fica até 23 de março, na loja colaborativa Do meu jeito

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 16/03/2017 07:30

Ravel Luz, um dos fotógrafos da exposição, como modelo em foto da Marli

A ideia de um pequeno grupo formado por sete fotógrafos que trabalham na cidade era reunir obras que mostrassem a maneira com a qual cada artista percebe o mundo à sua volta. Assim surgiu a exposição Singular, idealizada por Xenágoras Brasil, que acredita que cada profissional interage com a fotografia sob sua ótica particular, modificando os olhares possíveis sobre uma mesma situação.

Com a proposta de ocupar espaços alternativos e não tradicionais entre o roteiro de exposições da cidade, o grupo escolheu uma loja colaborativa para apresentar suas singularidades a partir de cores, formas, sombras e contrastes presentes entre as imagens.

Xenágoras conta que começou a trabalhar profissionalmente quando sentiu que tinha consciência e propósito diante das cenas de seu cotidiano e que gosta de buscar imagens onde a beleza não seria tradicionalmente percebida. ;Somos bombardeados por imagens que nos deixam atônitos com o óbvio, como se houvesse um filtro saturado de tanta informação visual, impossibilitando apreciar o corriqueiro;. A fotógrafa tem preferência pelo ambiente urbano e procura por situações e fragmentos que possam demonstrar essa maneira de viver nas cidades.

O grupo optou por não unificar o tema das fotografias para a exposição e cada artista optou por seu gênero e temática de maior proximidade. Entre eles, está Talita Yamaguti, que tem como foco a fotografia de viagem. Para registrar as diferentes culturas que visita, ela se aprofunda no contraste de cores e busca registrar instantes que possam ampliar sua percepção em relação aos outros.

Enquanto isso, Marli Arboleia, que leva para a exposição as séries Deserto de sal e Psycho, conta que seu trabalho com as imagens começou nas artes visuais, primeiro com a pintura.

Seu foco de pesquisa está no retrato, e a força de uma imagem seria, para ela, criada a partir do instante em que o corpo e a alma são desnudados pela fotografia. ;Procuro algo de particular no interior de cada modelo, em cada foto é preciso imprimir sentimentos e sensações;. Outra característica marcante são os super closes, com a câmera bem perto da pele e a captura dos detalhes no corpo de seus personagens.

O foco de Ravel Luz também está na figura humana. Fotojornalista, ele conta que procura construir imagens que despertem no observador um novo olhar e novas reflexões. ;Gosto de retratar a questão do divino, busco isso por meio das cores, que aparecem mais intensas e vibrantes, quase sempre com perfil metálico;.

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Contar histórias
A fotografia aparece, desta maneira, como um estudo da figura humana e sua conexão com um divino. Para Ravel, o trabalho fotográfico pode se aliar aos estudos antropológicos, estudando e representando a presença humana em determinada sociedade.

Enquanto isso, Mariana Raphael, que expõe imagens da série Tambor de criola, trabalha para criar narrativas visuais por meio de suas fotos, contar histórias e revelar personagens de diferentes contextos e realidades sociais. A série atual foi produzida em 2016, em São Luís, e expressa a resistência negra no local. ;Escolhi imagens que representam o tambor de crioula de forma quase abstrata, valorizando as cores, o movimento e a dramaticidade da dança;. A artista lembra que a ideia da mostra foi a de reunir diferentes linguagens em um mesmo espaço, apresentando inquietações e experimentações autorais.

Mostrando que a expressão fotográfica encontra caminhos diversos, Hygor Lennon trabalha a poética do cotidiano nas periferias. Para ele, a fotografia pode aumentar a visibilidade das periferias esquecidas, além de mostrar a beleza simplista, o fluxo das populações e a condição humana destes espaços. ;Convivemos em meio ao receio, ao medo e à pobreza, mas não é só isso que temos, meu objetivo é quebrar esse estereótipo, mesmo que seja apenas por quem acompanha meus trabalhos;.

Entre narrativas e poéticas urbanas, o grupo busca ampliar o espaço da fotografia autoral na cidade e convidar o público a conhecer novos pontos de cultura. Motivados por diferentes inspirações e caminhos de trabalho, cada fotógrafo pretende dialogar com o público através de suas imagens, possibilitando identificação, reflexão e maior entendimento acerca das individualidades humanas.



Fotógrafos expositores

Francisco Stuckert

Hygor Lennon

Mariana Raphael

Marli Arboleia

Ravel Luz

Talita Yamaguti

Xenágoras Brasil



Singular
Exposição, até 23 de março, na loja colaborativa Do meu jeito (404 Sul, Bl. A lj. 13).

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