Diversão e Arte

Conheça artistas da cidade que se tornaram ícones em seus estilos

Celeiro musical, Brasília é também um caldeirão cheio de sabores sonoros e de ritmos

postado em 19/03/2017 07:40

Músicos Clodo e Climério Ferreira

Celeiro musical, Brasília é também um caldeirão cheio de sabores sonoros e de ritmos. Isso decorre do fato de, ao longo de seus 57 anos de existência, a capital ter acolhido artistas de diferentes pontos do país, que trouxeram elementos de culturas regionais. Do samba ao jazz, do choro ao reggae, da música caipira ao baião, ouve-se de tudo na cidade, resultado da criação de quem aqui se estabeleceu. Alguns se tornaram nomes icônicos ; de estilos diversos ; ao conquistarem o reconhecimento do público. O Correio destaca exemplos de artistas que ajudaram a fortalecer a vocação cultural da capital do país.

MPB ; Clodo e Climério Ferreira
Piauienses de Teresina, Clodo e Climério formaram com o irmão Clésio um fértil coletivo que produziu música de qualidade, registrada em seis discos ao longo de 21 anos. Algumas dessas canções foram gravadas também por nomes consagrados, como Fagner, Milton Nascimento e Simone (Revelação, de Clodo e Clésio) e Ednardo (Enquanto engoma a calça, de Climério e Ednardo). O poeta e letrista Climério e o cantor, compositor e violonista Clodo mantêm-se em atividade, enquanto a memória de Clésio é cultivada por muita gente que gosta de boa música. ;Acredito que já existe um legado com a nossa assinatura. São canções consagradas nacionalmente, criadas a partir de Brasília;, afirma Clodo.

Samba ; Carlos Elias
Embora nascido em Minas, foi no Rio de Janeiro onde Carlos Elias se lançou como sambista, ligado à Ala de Compositores da Portela. Homenagem a Nelson Cavaquinho, gravada por Beth Carvalho e Paulinho da Viola são suas músicas mais conhecidas. Em Brasília, onde chegou em 1975, criou o Clube do Samba, no Teatro Galpãozinho; e a Feira de Música, no Teatro Galpão; foi homenageado com o documentário Estou de bem com a vida; e é festejado em todos os locais da cidade onde o samba dá o tom. ;Meu projeto para 2017 é voltar com o Clube do Samba, no Teatro Galpão;, avisa o veterano sambista de 82 anos.

Reco do Bandolim.

Choro ; Reco do Bandolim
Um roqueiro que há 30 anos virou chorão, o baiano Henrique Santos Filho é o nome mais destacado em Brasília do gênero musical tido por historiadores como a gênese da MPB. Conhecido como Reco do Bandolim, foi um dos fundadores do Clube do Choro ; patrimônio imaterial da cultura do Distrito Federal ;, do qual é presidente desde a segunda metade da década de 1990. Criador da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello, ele lidera o regional Choro Livre, com cinco discos lançados e presença marcante em vários continentes. ;Conseguimos, ao longo dos últimos 40 anos, fazer de Brasília, a capital do Choro;, comemora o bandolinista.

Rock ; Philippe Seabra
O guitarrista e vocalista da Plebe Rude foi, há 35 anos, um dos criadores da Plebe Rude, que, ao lado da Legião Urbana, Capital Inicial formou a tríade das bandas responsáveis pelo boom do rock candango na década de 1980. Sem se afastar da cidade, mantem-se à frente do grupo, que lançou oito discos e um DVD e tem trabalhado como produtor. Músicas como Até quando esperar e Proteção são clássicos do rock nacional. ;O álbum O concreto já rachou foi incluído pela revista Rolling Stone entre os 100 melhores álbuns da música popular brasileira;, destaca.

Jazz ; Renato Vasconcellos
Ao chegar à capital em 1974, o pianista Renato Vasconcellos já tinha iniciação na música. Mas foi aqui que aprimorou sua técnica na Universidade de Brasília, onde obteve licenciatura em música; e tocando em formações de jazz, como o lendário grupo Instrumental e Tal; ou acompanhando nomes consagrados da MPB como Maria Bethânia e Beto Guedes. Tem mestrado na Universidade de Louisville, em Kentucky (EUA). ;Atualmente sou professor de piano e teoria do Departamento de Música da UnB e faço doutorado na Unicamp (SP). Embora tenha um envolvimento maior com o jazz, sou mais reconhecido como o autor do clássico Suíte Brasília, o que me alegra bastante;, celebra o pianista.

Renato Matos
Reggae ; Renato Matos
Com mais de 40 anos na capital, o cantor e compositor baiano Renato Matos transformou-se numa das principais referências da cena musical brasiliense. Autor da canção Um telefone é muito pouco, que faz parte da memória afetiva de muita gente, ele acumulou cinco títulos em sua discografia. O regueiro retribuiu à cidade que o acolheu com Menina do Parque (composta em parceria com o poeta Luis Turiba) e Chorinho do Beirute. O cineasta André Luiz Oliveira o distinguiu com o documentário Ziriguidum Brasília ; A arte e o sonho de Renato Matos. ;Tudo o que fiz musicalmente me trouxe muita satisfação, mas atualmente o que mais me orgulha é ver o reconhecimento do trabalho dos meus filhos Caetano e Flora Matos;, revela.

Música sertaneja ; Zé Mulato e Cassiano
Com 15 discos e um DVD lançados em 40 anos de carreira, os irmãos mineiros de Passabem desenvolveram toda a carreira artística em Brasília. Detentora de três troféus do Prêmio da Música Brasileira e um outro do Prêmio Excelência da Viola, a dupla mantém, desde sempre, intransigente fidelidade à música sertaneja autêntica, que cada vez mais tem menos criadores e intérpretes. Consciente do serviço que prestam à cultura popular, Zé Mulato ressalta: ;Cassiano e eu consideramos fundamental a defesa desse gênero musical, e nossa luta, hoje em dia, é para que ele não desapareça. Nos colocamos como guardiões da música caipira;.

O rapper Gog
Hip-hop ; GOG
Um dos mais importantes rappers brasileiros, Genival Oliveira Gonçalves, o GOG, nasceu em Sobradinho e fez ecoar sua arte engajada em todo o país, por meio de CDs como Dia-a-dia da periferia, Das trevas à luz e Tarja preta. Em 2008 lançou o DVD Cartão postal bomba, com a participação de Lenine, Maria Rita, Gerson King Cong Paulo Diniz, entre outros. Esse projeto o levou a apresentar uma nova proposta de negociação, divulgação, distribuição, visando a maior interação com a comunidade. Detentor de vários prêmios, ele exibe talento também como escritor.

Forró ; Trio Siridó
Quando Torres do Rojão criou o Trio Siridó há 43 anos, não imaginava que o grupo chegaria aos dias de hoje. A formação já mudou algumas vezes, e a de agora, além do cantor e tocador de triângulo, conta com Tico do Acordeon e o zabumbeiro Fabiano. Dois LPs e 10 CDs formam a discografia do trio, que tem como músicas mais conhecidas Flor mulher, Progresso da mandioca e Qui nem sapo na lagoa. Torres conta que o mercado para o grupos tradicionais como o Trio Siridó diminuiu consideravelmente. ;Tocamos mais no período das festas juninas. Em maio vamos levar nosso repertório de baião, coco, forró, xaxado e xote para a França e a Itália, onde temos shows agendados.;

Música brasiliense ; Liga Tripa
Em atividade ininterrupta há 35 anos, os integrantes do Liga Tripa são legítimos representantes do que se pode chamar de música brasiliense. Canções como Atrás do Liga Tripa só não vai quem já dançou, Juriti e Nossa Senhora do Cerrado (também conhecida como Travessia do Eixão), gravada também pela Legião Urbana, são exemplos do processo criativo de Aldo Justo, Sérgio Duboc, Fino, Caloro, Carrapa do Cavaquinho e Toninho Alves. ;Somos autênticos menestréis urbanos surgidos na moderna metrópole. Vejo o Liga Tripa como um grupo que tem a cara de Brasília;, diz Aldo.


Música de baile ; Squema Seis
O Squema Seis marcou réveillons, bailes de debutantes e muitas festas de formatura na capital. Trinta e cinco anos depois de criada pelo guitarrista Tião Rodrigues, a banda mantém-se como a principal referência na capital nesse segmento. Maurício Tuchal, Elton e Anne Lizz (vocal), Onivaldo de Oz e Lincoln (bateria), China (percussão), Ronan (guitarra), Daniel (baixo) e Jones (teclados) tocam mais em casamentos e eventos corporativos não só em Brasília, mas em outras cidades brasileiras. ;No ano passado, por exemplo, o Squema Seis foi responsável pela animação de um matrimônio no Golden Room do Copacabana Palace, no Rio;, festeja Maurício Tuchal, único remanescente da formação original.

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