O músico brasiliense tem, há 12 anos, um espaço nobre para se apresentar na cidade. Com o projeto Prata da Casa, o Clube do Choro oferece a esses artistas maior visibilidade. A iniciativa foi ao encontro de instrumentistas, cantores e grupos interessados em mostrar ao público um trabalho autoral ou releituras em shows com estrutura profissional.
Desde março de 2016, o projeto passou a ter dimensão maior. Se até então as apresentações estavam restritas às terças-feiras e sábados, a ocupação do palco do Espaço Cultural do Choro passou a ocorrer praticamente durante toda a semana. Isso decorre do fato de a direção do clube vir investindo ainda mais nos talentos locais.
;Quando foi criado, em 2005, o Prata da Casa ocorria apenas às terças-feiras. Mas, diante da crescente reivindicação dos músicos e do público, decidimos há cinco anos que o projeto teria mais um dia, o de sábado. Do ano passado para cá, a presença deles em nossa programação é cativa;, explicou Henrique Santos Neto, o Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro.
Quem se apresenta amanhã, às 21h, no Espaço Cultural do Choro é o duo formado por Pedro Vaz (viola caipira) e Jefferson Amorim (contrabaixo acústico). ;Já tocamos em outros lugares, mas esse show de agora vai ser o mais importante para nós. Vamos interpretar composições autorais e criações de mestres como Almir Sater e Roberto Corrêa, além de arranjos para clássicos de Dominguinhos e do pessoal do Clube da Esquina;, anuncia Pedro, músico goiano com licenciatura pelo Departamento de Música da UnB.
[SAIBAMAIS]
Reco do Bandolim revela que a reestruturação do projeto principal lhe trouxe um misto de surpresa e alegria. ;Percebemos que os frequentadores do clube têm prestigiado bastante a chamada prata da casa. Em várias ocasiões tivemos plateias expressivas para assisti-los, superando até de artistas consagrados. Isso nos permitiu ratificar a constatação de que Brasília é, realmente, um celeiro de compositores, cantores e instrumentistas talentosos;, destaca.
A partir de abril, quando a instituição inicia a celebração dos 40 anos de existência, os músicos brasilienses continuarão tendo espaço, não apenas no Prata da Casa, como também no projeto comemorativo da data e no Clube do Choro Convida. Estamos acertando os últimos detalhes para que tudo venha a ser algo inesquecível;, adianta.
Com 40 anos de carreira, o violonista e guitarrista Paulo André Tavares é um nome icônico da música candanga. ;Ao tocar no palco do Clube do Choro, os instrumentistas, principalmente os mais jovens, passam a ter maior visibilidade;, destaca. Mestre em jazz pela Queens College, de Nova York, ex-professor da Escola de Música, P.A. (como é chamado pelos amigos) acompanhou Oswaldo Montenegro, Rosa Passos, Zélia Duncan e Cássia Eller no início da carreira deles, além de ter integrado o lendário grupo jazzístico Corda Solta, ao lado de Jaime Ernest Dias e Tony Botelho.
Com essa bagagem toda, optou por permanecer em Brasília, mas deixando de lado o bairrismo, torce para que os shows com instrumentistas renomados de outras regiões do país voltem ao Espaço Cultural do Choro. ;Além de vê-los tocar ao vivo, há sempre a possibilidade de troca de experiência, de informação;. Quinta e sexta-feira últimas, foi a vez dele, à frente da Orquestra de Violões ; que criou, com Jaime Ernest Dias ;, brindar o público naquele local, com um show memorável.
Programação variada
Um outro veterano da cena musical brasiliense, o guitarrista Luis Cachorrão, da banda de blues Cachorro Cego, aplaude o esforço da direção do Clube do Choro pela programação democrática do Prata da Casa. ;Depois de um hiato de quase uma década, retomamos nossa trajetória, em 23 de fevereiro último, com o show comemorativo dos 25 anos da Cachorro Cego.;
Luis acrescenta: ;Para nós, foi um privilégio celebrar a data em grande estilo, naquele palco, tocando músicas autorais e fazendo releitura de clássicos de B.B. King, Eric Clapton, Rolling Stones e Led Zeppelin. Pois além de ganhar os aplausos da plateia, que compareceu em grande número, fizemos a gravação de vídeos que postamos em redes sociais;.
Quem também levou seu som para o Espaço Cultural do Choro no mês passado foi a Jack Walker, banda que, há 16 anos, tem como proposta promover a mescla de rock, blues e soul há 16 anos. ;Para músicos e bandas da capital tocar naquele palco emblemático é algo para se colocar no currículo;, afirma a vocalista Lyla Oliver.
Segundo ela, ;o Clube do Choro é uma das raras casas de show na cidade que oferecem estrutura profissional, o que nos permite levar ao público um trabalho digno. Junte-se a isso o fato de recebermos um cachê justo;. A cantora esteve acompanhada por Jorge Nasser (guitarra), Celso Nasser (gaita), Pablo Nasser (bateria), Jorge Manzur (teclados) e Bruno Amario (baixo).
No segundo semestre do ano passado, o regional Choro pra Cinco lançou ali o seu primeiro CD, com um show bem concorrido. A flautista Thamise (professora de prática de conjunto da Escola de Música) é uma das integrantes e tem a companhia de Gabriel Correia, Pedro Silva, Vinicius Magalhães e George Costa. Para ela, o Clube do Choro é um lugar onde o gênero seminal da música popular brasileira está sempre em destaque. ;Já toquei naquele palco incontáveis vezes, inclusive ao lado do saudoso mestre Altamiro Carilho. Lançar o nosso disco ali foi algo marcante para o Choro pra Cinco.;
; Shows em março
Amanhã
Pedro Vaz, Jefferson Amorim e Duo Salimanga
Quarta-feira 22
Paulo Rosback e Família
Quinta-feira e sexta-feira 23/24
Oswaldo Amorim e convidados
Sábado 25
Tuco Pellegrino, Marquinho do Pandeiro e Guaracy 7 Cordas
Dia 28
Luciano Maia, Gabriel Selvage
e Cassiano Vargas