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Lei Rouanet terá teto maior para projetos do Norte, Nordeste e Centro-Oeste

Mudanças na lei foram anunciadas ontem no Minsitério da Cultura

Um dos principais meios de captação de recursos para projetos culturais no país, Lei Rouanet ganha um pacote de mudanças que pretende corrigir suas principais distorções. O Ministério da Cultura (MinC) anunciou, ontem, a criação de novos limites para a captação e valores de ingresso. As novas regras colocam um limite de R$ 700 mil para pessoas físicas e microempreendedores, e R$ 10 milhões para empresas grandes. A descentralização dos recursos, com incentivos para regiões mais carentes do país, é outro ponto que ganha destaque com as novas medidas.

Criada em 1991, a Lei de Incentivo à Cultura, mais conhecida como Lei Rouanet, oferece incentivos fiscais para projetos e ações culturais. Por meio de renúncia fiscal, pessoas físicas e jurídicas podem aplicar parte seus impostos devidos em produções de cultura. O ministro Roberto Freire afirma que as atribuições da lei foram mal interpretadas e geraram ideias distorcidas, na opinião pública, de como esses recursos eram aplicados. A reformulação atual pretende levar mais transparência aos processos e democratizar seu acesso.

;É imprescindível preservar essa lei e garantir a sua continuidade. Algumas críticas foram feitas de maneira correta, como a da centralização dos projetos em algumas regiões, principalmente entre Sul e Sudeste; ou a concentração de recursos em poucos projetos. Esse quadro exigia uma posição mais ofensiva de caminhos a se tomar;, afirmou Roberto Freire. Para incentivar a descentralização cultural, projetos integralmente realizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste terão um teto maior, de R$ 15 milhões.

Atualmente, o MinC acumula 18 mil projetos apoiados via Rouanet, com prestação de contas em análise. Para acelerar esse processo, a inserção de ferramentas eletrônicas se tornará prioridade. Além disso, a prestação de contas será feita em tempo real com comprovação virtual de gastos. A medida pretende evitar a utilização indevida dos recursos captados e estará disponível no Portal da Transparência, acessível a toda a população.

Limites

;A tecnologia é fundamental, atualmente, para um programa com esse volume de recursos. Teremos formas de controle para evitar que o proponente fique exposto e, para isso, o alinhamento com os órgãos de controle é muito importante;, afirma José Paulo Martins, secretário de Fomento e Incentivo à Cultura.

O novo pacote de regras engloba quatro aspectos principais: controle, fiscalização e transparência dos projetos culturais; democratização do acesso aos recursos; desconcentração regional e equilíbrio da distribuição de acesso à cultura; redução de custos para o Estado. Para este último ponto, o MinC vai priorizar projetos com 10% de captação dos recursos do orçamento aprovado. A ideia é analisar, com prioridade, os projetos culturais com maior chance de execução.

Para diminuir (e pulverizar) a captação de recursos concentrados de empresas de grande porte, a nova regra estabelece limites anuais de captação por proponente, além de limite no valor de ingressos e limite na lucratividade.

Vale lembrar que os incentivos fiscais da Rouanet pretendem estimular o apoio da iniciativa privada ao setor cultural e ampliar a produção de bens culturais em território nacional. As propostas podem abranger diversos segmentos, como espetáculos de música ou teatro, dança, circo, literatura, artes plásticas e gráficas, artesanato, patrimônio cultural e audiovisual.