No século 19, o pistoleiro Diogo da Rocha Figueira, conhecido como Dioguinho, era o terror do sertão paulista. Com uma ficha criminal de pelo menos 50 assassinatos, ele era temido pelas técnicas macabras e pela tentativa de se esconder da polícia em cavernas da região.
Foram as histórias de Dioguinho e as lendas criadas sobre ele que inspiraram o quadrinista Breno Ferreira a produzir a HQ Cão. ;Sou do interior de São Paulo, e uma parte da minha família vive na zona rural. Desde pequeno, escutava várias histórias sobre coisas que aconteceram na região, todas repletas de exageros e fantasias. Uma delas era a história de um tal de Dioguinho, que passou bom tempo morando em cavernas enquanto se escondia da polícia e enganava as autoridades;, lembra.
[SAIBAMAIS]Acostumado a publicações menores, Breno conta que escrever uma história maior foi um dos desafios do projeto. ;Estava mais acostumado a fazer histórias curtas no coletivo O miolo frito e as tirinhas do Cabuloso suco gástrico. Isso principalmente pra começar, acho que era um bloqueio ligado à responsabilidade e tal;, lembra.
Para superar essa barreira, Breno optou por não escrever uma narrativa corrida, sem quebras, e separou a história em pedaços menores. ;Optei por dividir em capítulos com intuito de ajudar a minha falta de experiência com uma narrativa comprida e acredito que tenha ajudado;, destaca.
Outra dificuldade foi o fato de já haver muitas publicações sobre a história de Dioguinho em diversos formatos, tanto documentais quanto ficcionais. ;Minha preocupação foi tentar fazer algo diferente das narrativas que já existia, mas, ao mesmo tempo, usá-las a base histórica e até fictícia que já permeiam o personagem;, explica.
A pesquisa de referência e de mais elementos da história do assassino acabaram levando bastante tempo, conta Diego. Ele contou com a ajuda do irmão, Raphael Moraes, e do pai, Du Ferreira, no trabalho. ;A pesquisa foi bem mais demorada do que eu esperava, meu pai e meu irmão participaram bastante do processo. Depois de um bom tempo fuçando livros (alguns bem antigos) e monografias, comecei a desenvolver o roteiro;, completa.
Apesar de admirar muitos quadrinistas, Breno cita os parceiros do coletivo O miolo frito como uma referência fundamental para o seu trabalho. ;Ultimamente, percebo mais a presença dos amigos próximos, como os camaradas d;O miolo frito, que sem dúvida acrescentam muita coisa ao meu trabalho, desde sutilezas até grandes exageros;, aponta.
Cão
Breno Ferreira. Editora Mino. 88 páginas. R$ 41,90.