Diversão e Arte

Flor do Moinho ocupa a tela do Cine Brasília em sessão gratuita

O média-metragem será exibido às 18h, dentro da programação do Lobo Fest: Festival Internacional de Curtíssimos

Ricardo Daehn
postado em 22/04/2017 07:30

A diretora  explorou feitos da mulher que teve 18 filhos e adotou mais 28, além de ter respondido pelo nascimento de 315 crianças

Por muito do que se vê no média-metragem Flor do Moinho, Florentina Pereira Santos, a protagonista do documentário, faz valer o dom de ser Flor, nome que a torna ;mais influente;. A empatia natural não se restringe apenas ao Povoado do Moinho (GO), onde ela vive, mas se estende a quem entra em contato com a ilustre, e simples, moradora dos arredores de Alto Paraíso. A diretora Érika Bauer facilita o encontro para quem não puder conhecer Flor pessoalmente: das imediações da Chapada dos Veadeiros, Florentina ocupará, hoje, as telas do Cine Brasília (EQS 106/107), em sessão gratuita, às 18h, dentro da programação do Lobo Fest: Festival Internacional de Curtíssimos.

;Meu dom eu não posso passar;, observa, em cena do filme, a raizeira e parteira, aos 79 anos. Intuitiva, Flor já foi muita coisa na vida, de garimpeira a tecelã, passando pela função de agente de saúde; ela conta que para as curas descobre procedimentos e remédios, no momento em que precisa.

Com a responsabilidade de apresentar um tema que poderia ser polêmico, Érika Bauer é quem esclarece. ;Tem quem pratique este tipo de medicina sem entender. Fazem cursos rápidos e se acham prontos. Quis tirar um pouco da confusão disso. Flor é quem pode falar das ervas medicinais. Ela é descendente de quilombola, defende o parto humanizado e não descarta a medicina alopática;, comenta.

Prole interminável

Bauer explorou imagem e feitos de uma mulher que teve 18 filhos e adotou mais 28, além de ter respondido pelo nascimento de 315 crianças, e que igualmente acredita que o parto humanizado não deveria ter sido suplantado pelas incursões hospitalares. Rhina Leite de Morais, filha de Flor, foi paciente dela, no nascimento da própria neta de Flor.

;Xingada; (como diz) de parteira, Flor passou pela experiência de ter dado à luz um filho sozinha. Longe da presença do pai (sempre ausente, e que teve até riqueza, acabou ;com a mulherzada;), no nascimento do irmão, Flor teria apelado ;pro Deus;, ao auxiliar a mãe em trabalho de parto. Nascia a parteira.

;Flor é demais. Às vezes, parece uma menina ; sobe até em árvore. Ela é a vida em profusão, além de trazer um conhecimento que transborda;, avalia a diretora mineira de Flor do Moinho. Longe da objetividade, a diretora conta que tomou parte do projeto, por notar o genuíno apelo advindo do conhecimento específico de Flor que, segundo ela, ;a natureza ensina;.

Prova irrefutável do sucesso de Flor deriva da filosofia de vida dela: ;Ser boa mãe pro seus filhos dá sobra pra ser boa para qualquer um;, diz, relembrando de pilares na vida ; amor, respeito e educação. Agradecimento e confiança fluíram, naturalmente: para a produção do filme, R$ 85 mil foram alcançados, via internet, por meio de financiamento coletivo.


"Meu dom eu não posso passar"
Florentina Pereira Santos,
parteira

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