Diversão e Arte

Filmes e séries discutem a beleza feminina fora dos padrões

Em meio à famigerada indústria da moda, muitas mulheres mostram que bonito é o que cada uma tem e do jeito que tem

Maria Isabel Felix *
postado em 24/04/2017 08:51
Muitas pessoas levantaram a bandeira e mostraram orgulho pelo próprio corpo
A todo o momento as mulheres são bombardeadas com padrões estéticos para serem seguidos. O ramo do entretenimento se tornou o principal propagador da ditadura da beleza, criando uma referência irreal do atraente e desenhando uma geração que faz de tudo para ter o tão cobiçado corpo perfeito.

;A indústria da moda tem gerado um elevado grau de insatisfação das pessoas com elas mesmas, além de uma busca obsessiva por um modelo inalcançável de perfeição e, consequentemente, um número elevado de transtornos alimentares, de ansiedade e de depressão;, analisa a psiquiatra Mônica Melo.

Em um mundo onde o culto ao corpo é levado a sério por muitas mulheres, outras lutam contra esses arquétipos e mostram que aceitar e ser segura de si mesma é o que faz a pessoa atraente. Na mídia, muitas celebridades já levantam esta bandeira e se posicionam desfavorável à ditadura da beleza, contestando e redesenhando os padrões impostos.

A atriz americana Lena Dunham é um dos principais exemplos de personalidade que virou porta-voz de mulheres que não conseguem alcançar as medidas do manequim hollywoodiano. Recorrentemente, a diretora de Girls aparece nua em episódios da série e causa controvérsias com suas curvas acentuadas e algumas gordurinhas sobrando, mas poucos entendem que ela faz parte de uma geração que valoriza a beleza real.

No Brasil, o tema ganha forças entre o público feminino. Muitas celebridades usam da influência para abraçar a causa e ajudar a divulgar as novas referências do belo. O filme Gostosas, lindas e sexies, de Ernani Nunes, evidencia que ter corpo de modelo está fora de moda. No longa, quatro amigas bem resolvidas dividem entre si o manequim plus size e mostram o empoderamento feminino através da redefinição dos critérios de beleza.

;É a minha primeira protagonista em um filme com uma temática de quebra de padrões. A importância é mudar a visão da grande massa que está acostumada a um estereótipo de protagonistas bem-sucedidas, criar mais oportunidades para todos os perfis de atrizes e mostrar que: não importa o seu tamanho, você pode ser o que você quiser;, incentiva a atriz Lyv Ziese, que interpreta uma das personagens do longa.

Sem imposição


O discurso da autoestima fora das convenções criadas está ganhando cada vez mais força e incentiva mulheres a se aceitarem tal como são. ;Eu mudei a maneira como me via, comecei a seguir pessoas que tinham hábitos parecidos com os meus, corpos parecidos com o meu, metas que eu queria alcançar e não que foram impostas para eu ser aceita na sociedade ou na minha carreira. É um processo de aceitação;, afirma a atriz.

Segundo o Relatório global de autoconfiança feminina, divulgado ano passado, os modelos de beleza impostos fazem com que a insegurança com o próprio corpo aumente e muitas mulheres se sintam insatisfeitas e com a autoestima baixa. No entanto, o estudo ainda aponta que o número de pessoas lutando contra esses arquétipos irreais é crescente.

;Por quais motivos parece tão importante se enquadrar no padrão estipulado pela indústria da beleza? Qual a evidência que temos, que isso nos fará uma pessoa melhor ou feliz? Uma coisa é cuidar-se para ter uma boa saúde física e mental, outra coisa é buscar uma perfeição inalcançável que te mantém refém e infeliz;, questiona a psiquiatra Mônica Melo.

A verdade é que a maioria das mulheres não quer mais se submeter a procedimentos estéticos e dietas rigorosas para conseguir aquela cintura fina e um espaço entre as pernas. Elas querem desfilar com seus corpos voluptuosos e empoderados, para mostrar que beleza não tem padrão, nem cor, nem peso. O bonito é se aceitar do jeito que cada um é.

*Estagiária sob supervisão de Vinicius Nader

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