De tempos em tempos, a batida eletrônica invade gêneros incomuns da música brasileira. Em 2011, a cantora baiana Gal Costa surpreendeu ao lançar Recanto, um álbum com pegada eletrônica produzido por Caetano Veloso e o filho de dele, Moreno Veloso. Anos antes, Fernanda Porto roubou a cena ao lançar a faixa Sambassim com remix do DJ Patife. ;A MPB de hoje demonstra mais uma vez comportamento vanguardista trazendo batidas sintéticas em suas produções;, definiu Pedro Ascar em artigo do site Monkeybuzz, portal especializado em música.
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Como as tendências costumam ser cíclicas, os sintetizadores voltaram com tudo à produção nacional como mostram os novos trabalhos de Ana Carolina, Marcia Castro, Céu, Vanessa da Mata e Lucy Alves. Essa tendência aparece na nova música de Ana Carolina, Gostosas, lindas e sexies (GLS), canção gravada em parceria com a cantora Preta Gil como trilha sonora do filme homônimo, que acompanha quatro mulheres acima do peso. Composta por Ana Carolina, a faixa tem letra moderna que aposta no empoderamento do corpo feminino e, até por isso, ganhou uma batida contemporânea.
Outra artista que apostou na mistura com a música eletrônica foi a cantora Lucy Alves, ex-The voice Brasil. Em processo de lançamento do próximo EP, a artista lançou Caçadora, faixa que mostra uma repaginação total no som da paraibana. O single foi gravado em parceria com DJ Ruxell, que também já trabalhou com Nikki (Não faz linha, Despertar e Eu faço assim) e Leandro Buenno (Nem por um segundo e Essa noite), ambos ex-participantes do reality show musical da Rede Globo que projetou Lucy nacionalmente. ;Eu já queria trazer a música eletrônica para o meu som e foi uma felicidade ter o Ruxell nesse trabalho: veio a sanfona, que tem uma sonoridade mais orgânica, e ele pôs a batida a partir daí;, afirmou a cantora durante divulgação da música na internet.
De acordo com Ruxell, a dupla tentou mostrar as influências da raízes do Norte e Nordeste agregando a música pop nacional: "Trazendo ousadia, quebrando um pouco alguns paradigmas sobre mistura de gêneros e se arriscando em algo novo que possa abrir muitas portas para novos artistas". O DJ e produtor classifica a mistura de ritmos como uma tendência do mercado. "É o futuro para liberdade musical. A música eletrônica está nos proporcionando a criação de novos subgêneros a cada dia e criando uma identidade única para os artistas e os produtoras nacionais sem perder as raízes", conta.
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Contemporâneo
A cantora Vanessa da Mata estava acostumada a lançar versões remixadas de suas principais canções. Isso aconteceu com Ai, ai, ai, Boa sorte e Não me deixe só. Porém, neste ano, o fato mudou e Vanessa gravou uma música em formato eletrônico. Em parceria com o duo Felguk, formado por Felipe (Fel) Lozinsky e Gustavo (Guk) Rozenthal, a cantora lançou É tudo que eu quero ter. A convite da dupla, Vanessa resolveu gravar a música, que teve produção e arranjo dos DJs. Essa é a primeira faixa inédita de Vanessa da Mata após um hiato de dois anos.
O próximo trabalho inédito da baiana Marcia Castro, o quarto da carreira, também será inspirado na música eletrônica. Com apoio do DJ Rafa Dias, do projeto Átooxxá, ela começou a fazer um laboratório da inserção do ritmo na turnê que batizou de Eletrobailada e foi apresentada em Brasília neste ano. ;Eu queria fazer experimentos da música eletrônica com ritmos brasileiros e baianos. Eu sempre desejei fazer um trabalho que fosse mais de corpo e dança, menos teatral, menos MPB, que dialogasse com a música contemporânea;, conta a artista que deve lançar o material ainda neste ano.
No ano passado, a cantora Céu lançou Tropix, material que logo foi taxado como música eletrônica. Na época, a artista defendeu que se tratava de uma fusão entre a batida dos sintetizadores com ares tropicais. Em vídeo publicado no YouTube, Céu até definiu: ;o título do álbum é uma mistura das palavras trópico e pixel. O pixel é uma microparte da leitura digital, e eu estava flertando com coisas mais eletrônicas, mais digitais;.
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