Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Ronaldo Bastos faz palestra de abertura no Prêmio Profissionais da Música

Parceiro de canções clássicas com Milton Nascimento, Ronaldo Bastos é um dos convidados do evento, que acontece sexta e sábado no Cota Mil

Niteroiense que tinha fascínio pelos grandes sambistas da velha guarda, Ronaldo Bastos, nos primeiros anos da adolescência, fugia da escola para visitar a casa de Heitor dos Prazeres. O compositor carioca formava, ao lado de Donga, João da Baiana e Pixinguinha, o núcleo responsável pela criação do mais representativo gênero da música popular brasileiro.
[SAIBAMAIS]
Tempos depois, aos 20 anos, no Rio de Janeiro, durante a apresentação do espetáculo Rosa de Ouro, idealizado por Hermínio Belo de Carvalho, Ronaldo conheceu Milton Nascimento a quem se juntou no mítico Clube da Esquina. O jovem poeta, então, tornou-se parceiro do compositor ; os dois são autores de clássicos como Cais, Cravo e canela, Fé cega, faca amolada e Nada será como antes.

Ronaldo viria a dividir composições também com outros três influentes participantes do celebrado movimento, surgido há 40 anos, em Minas Geraes. Ele fez letra para, por exemplo, O trem azul e Sonho real, de Lô Borges; Amor de índio e O sal da terra, de Beto Guedes; e Bons amigos, de Toninho Horta. Além disso, atuou como produtor de discos dos três.

Um dos fundadores do coletivo Nuvem Cigana, ao lado de Bernardo Vilhena, Chacal, Charles Peixoto e Ronaldo Santos, movimento poético da contracultura chamou a atenção no Rio, entre meados das dos anos 1970 e 1980, Ronaldo ; co-autor de Um certo alguém, sucesso de Lulu Santos ; criaria na década seguinte o Dubas Música. O selo lançou o songbook Cais, com a participação de Tom Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e Simone.

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O poeta está de volta a Brasília. Na sexta-feira, será um dos palestrantes do painel de abertura da terceira edição do Prêmio Profissionais da Música, que tem início às 10h, no Cota Mil (Setor de Clubes Sul), com entrada franca. O evento foi idealizado pelo gestor cultural Gustavo Vasconcellos. Da programação, que prossegue até sábado, constam talkshows, workshops e premiação.


O Clube da Esquina completa 40 anos em 2017. Com o natural distanciamento, que avaliação você faz do movimento?
O Clube da Esquina é uma lenda universal que completa 40 anos sem envelhecer. Isso não é pouca coisa. Se você pegar todos os álbuns que foram produzidos na época pela galera do Clube da Esquina, você vai constatar que o movimento mantém sua força e originalidade intactas. Quer ser moderno de verdade? Vai escutar aqueles álbuns todos. De fato, tem uma galera nova que está se deixando influenciar pelo Clube, ao mesmo tempo em que abre seu próprio caminho.

Como um niteroiense foi se juntar aos mineiros Milton Nascimento, Fernando Brant, Lô Borges, Beto Guedes, entre outros, no Clube?
Deve ter sido a força que as coisas têm quando precisam acontecer. É assim que nascem os rios, não é mesmo?

O que foi feito naquela época por vocês ainda pode ser visto como algo ligado à vanguarda da MPB?
Todos os dias a música do Clube influencía alguém em alguma parte do mundo. Estar na vanguarda não é o mais importante, assim como nem tudo que reluz é ouro. De qualquer forma, qualquer pessoa que entenda um pouco de música pode afirmar que o Clube da Esquina como estilo musical pós-bossa nova até hoje continua imbatível na riqueza e na modernidade da sua música e sua poesia.

A quantas anda a sua produção atual, como letrista e poeta?
Muito fértil. Eu não paro e procuro não me repetir. Adoro fazer música com os parceiros maravilhosos de sempre e com os novos. Sempre tem gente boa chegando.

Tem algo novo sendo lançado por você?
Sim. Esse ano tem várias novidades que renovam a esperança.

Como vê o momento atual da música popular brasileira?
Com carinho e espírito crítico.

Em que aposta entre artistas da nova geração?
São muitos os artistas que me interessam na atualidade, além dos que me interessam desde sempre. Eu gosto de conhecer e me misturar com meus colegas. Não é que tudo seja bom; Mas há tanta gente fazendo coisas bacanas, que eu não fico à vontade para só apontar alguns.

A prevalência de gêneros musicais como sertanejo universitário e funk lhe incomoda?
Não me incomoda. Eu amo as pessoas e a liberdade de criação. Mas é lógico que sinta falta de toda a diversidade brasileira no rádio, na TV, nas playlists sugeridas pelos canais de streaming, etc.

O novo ministro da Cultura quer reformular a Lei Rouanet. Já procurou se inteirar sobre o que ele propõe?
No momento eu não tenho condições de fazer uma análise fundamentada sobre a Lei Rouanet. Espero que a reformulação seja favorável à classe artística. Assim como eu espero que a lei que rege o Direito Autoral seja respeitada. Estou cansado de ver pessoas que enchem a boca para dizer que amam a música brasileira enquanto sonegam o pagamento devido aos criadores dessa riqueza que o Brasil produz, consome e exporta. Em sua maioria, são políticos e empresas que receberam concessão pública para funcionar e não cunprem com seu dever. Pelo contrário, existem grupos organizados de parlamentares atuando sistematicamente para anular as merecidas conquistas dos artistas brasileiros.

Tem conseguido manter a Dubas em funcionamento?
Sim, com muito trabalho e uma equipe maravilhosa. Somos sobreviventes e continuaremos resistindo.

Você chega a Brasília num momento conturbado da vida nacional, em vários setores. Que sentimento isso lhe provoca?
O mesmo sentimento de um garoto que atravessou a ditadura fazendo canções. O Brasil tem de mudar e, para isso, precisa varrer para o lixo o verdadeiro lixo que comanda a política. Este país tem tudo para fazer diferente. Só precisa deixar no passado a cultura de pegar atalho. As coisas se conseguem com trabalho e honestidade. E dá para fazer isso sem perder nosso jogo de cintura, nossa identidade, que é toda misturada e justamente por isso tão original. Eu luto por mais saneamento básico e pelo fim da caretice.

Que importância você atribui ao Prêmio Profissionais da Música?
O Prêmio Profissionais da Música se afirma por uma agenda que procura entender a natureza da nossa atividade e os caminhos que ela deve trilhar para se aprimorar e crescer. É um lugar de discussão em que prevalece a celebração da música e da amizade. Nesse sentido, difere da maioria dos outros prêmios, que parecem cada vez mais engessados no modelo de eventos mundanos e televisivos.

Qual vai ser o tema de sua palestra, no painel que abre o evento?
Ainda não sei. Não sou exatamente um palestrante. Desconfio que foi exatamente por isso que fizeram a loucura de me convidar. Como é a abertura do evento, penso em costurar uma visão utópica e libertária da atividade.

Programação 2017


Data: 28 de abril de 2017 | Local: Salão Principal do Cota Mil Iate Clube


Brunch de Boas Vindas para convidados 10h

Painel de 11h às 12h
Tema: Qual o futuro do autor na era digital?
Convidados Especiais: Ronaldo Bastos [autor] e Manno Góes [cantor, músico e compositor]
Mediador: Gustavo Vasconcellos [idealizador do Prêmio Profissionais da Música]

Workshop 12h
Tema: Direito autorais musicais de execução pública em audiovisual
Palestrante: Chico Ribeiro [UBC]

Talkshows de 14h às 14h45

Tema: O que acontece com as orquestras e a música erudita?
Convidados: João Magalhães [Orquestra Petrobras Sinfônica], Mateus Simões [Orquestra Petrobras Sinfônica], Airan D;Sousa [regente] e Kátia Pinheiro [musicista e empresária]
Mediador: Rênio Quintas [maestro]

Talkshows de 15h às 15:45h
Tema: Qual o seu futuro nas mídias digitais?
Convidados: Valéria Becker [rádio Graviola], Nelson Faria [fotógrafo], Vinícius Soares [Palco Digital], Thiago Gomes [YouTuber] e Marcelo Vig [músico e produtor].
Mediador: Pedro de Luna [Ilustre Editora]

Talkshows de 16h às 16:45h
Tema: Audiovisual e mercado fonográfico: qual é a convergência?
Convidados: Ligiana Costa [autora e cantora], Vinícius Giffoni [fotógrafo e produtor], GOG [Rapper], Chico Ribeiro [UBC], Marcos Chomen [CD Baby]
Mediador: Bruno Boulay [Totem Musicais]

Workshop 16h30

Tema: Conexão Cultura DF ; participação internacional em feiras de negócios | Case: Atlantic Music Expo
Palestrantes: Guilherme Tavares, Geovana Dias, Maria Rita Ferreira e Tâmara Elias
Troca de experiência sobre mercados e feiras de negócios internacionais da música. Os palestrantes falarão sobre a participação no Atlantic Music Expo, Cabo Verde, via programa Conexão Cultura DF. O Conexão compõe as ações do Programa de Promoção, Difusão e Intercâmbio Cultural da SEC/DF, que fortalece a difusão nacional e internacional dos empreendedores criativos do Distrito Federal.

Painel de 17h às 18h
Tema: Como andam as ações de fomento dos negócios da música no Brasil e no Exterior
Palestrantes: Denise Forini [Sebrae Nacional] , Frederico Miranda da Silva e Silva [Apex-Brasil], Daniela Diniz [Secult ; DF]
Mediador: Gustavo Anitelli

Workshop 17h30

Tema: DIY ; As novas regras do jogo para o artista independente
Palestrantes: Marcos Chomen [CD Baby]

Painel de 18h às 19h
Tema: Capacitação em MusicBusiness
Palestrantes: Marinilda Boulay [Midem]
Mediadora: Lara Chicuta Franco [Sebrae Nacional]

Coquetel de lançamento da plataforma audiovisual Memórias do Brasil 19:30h

Data: 29 de abril de 2017 | Local: Salão Principal do Cota Mil Iate Clube


Painel 10h
Tema: 10 anos de exportação da Música Brasileira
Palestrantes: Bruno Boulay [Totem Musicais] e Sérgio Ajzenberg [Brazilian Music & Arts]
Mediador: Frederico Miranda da Silva e Silva [APEX]

Painel 11h15 às 12h15

Tema: Música Independente: Passado, Presente e Futuro
Palestrantes: Benjamim Taubkin [pianista, compositor, arranjador e produtor musical] e Thomas Roth [produtor musical, compositor, músico, cantor, ator, apresentador e jurado de televisão]
Mediador: Gustavo Vasconcellos [idealizador do Prêmio Profissionais da Música]

Workshop 12h
Tema: Técnicas vocais para apresentações ao vivo e gravações
Palestrante: Paula Santoro [cantora e professora]
Noções básicas da anatomia e fisiologia da laringe; noções de higiene vocal; exercícios para postura; Respiração, apoio vocal e articulação no canto; aquecimento e desaquecimento vocal; vocalizes para aquecimento vocal; canto em grupo.

Talkshows de 14h às 14h45

Tema: A saída é o associativismo? E as entradas?
Palestrantes: Katya Teixeira [cantora, instrumentista e compositora], Luiza Bitencourt [produtora cultural], Gustavo Anitelli [O Teatro Mágico], Afonso Oliveira [produtor cultural]
Mediador: Daniel Domingues [Ponte Plural]

Talkshows de 15h às 15h45

Tema: O que você produz?
Palestrantes: Rodrigo Tavares Barata [DJ e produtor], Daniel Domingues [Ponte Plural], Socorro Lira [cantora e produtora], Sérgio Mendonça [Pôr do Som], Carlos Badia [Porto Alegre Jazz Festival]
Mediador: Marinilda Boulay [Midem]

Workshop 15h30

Tema: Marketing Digital para Música
Palestrantes: Bruno Costa [Agência Milk] e Filipe Teixeira [Agência Milk]

Talkshows de 16h às 16h45

Tema: Qual o papel do produtor artístico e musical na era digital?
Palestrantes: Petterson Melo [produtor artístico], Daniel Figueiredo [MusicSolution], Fernando Anitelli [O Teatro Mágico]
Mediador: Corciolli [MusicDelivery]

Workshop 16h30

Tema: O novo fã e o seu papel na construção de uma carreira musical
Palestrantes: Vinícius Soares [Palco Digital]
O Workshop discutirá o novo comportamento do consumidor de música e os principais fatores que fortalecem seu engajamento em prol de artistas nos dias atuais.

Talkshows de 17h às 17h45

Tema: Selos, StartUps, Agências de Comunicação e/ou Empresariamento de Artistas: Você já tem o seu?
Convidados: Corciolli [MusicDelivery], Bruno Costa [Agência Milk], Genildo Fonseca [Circuito Musical], Filipe Teixeira [Agência MILK]
Mediador: Pedro de Luna [Ilustre Editora]

Workshop 17h30

Tema: Do Vinil ao Stream ; O processo atual da masterização para diversas mídias
Palestrantes: Carlos Freitas [ClassicMaster]
Nessa palestra eu conto história da masterização, desde o inicio da era do vinil nos anos 60, passando pelo CD nos anos 90, pelo Download nos anos 2000 até o Stream na atualidade.
Eu mostro ainda a evolução do processo de masterização, que no inicio tinha um aspecto muito técnico e era local até agora que tem u aspecto artístico e é global.
Eu mostro também com exemplos os diferentes tipos de masterização para Vinil, CD, Download e Stream.

TalkShow de 18h15 às 19h
Tema: Ser profissional da música é? Com a palavra, as musas
Palestrantes: Paula Santoro [cantora e compositora], Juliana Cortes [cantora], Vanessa Moreno [cantora], Anna Tréa [cantora e artista]
Mediador: Célia Porto [cantora e professora]

Coquetel de Lançamento do app Daniel Figueiredo 19:30h e lançamento do documentário sobre a trilha sonora do filme Os 10 Mandamentos

Cerimônia de Premiação para convidados 21:30