Diversão e Arte

Festival reúne literatura, debate e cerveja em Brasília

Movida literária reúne nomes representativos da cena do DF e convida autores de outras regiões para dialogar

Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 16/05/2017 07:10
Nicolas Behr, Jéferson  Assumção, Paulliny Gualberto, José Rezende e Maurício de Almeida
O evento que vai reunir novos e tradicionais nomes da literatura brasiliense, além de apaixonados por livros dos mais diferentes estilos e idades, começa no próximo dia 24. Escritores, leitores e curiosos se reunirão entre mesas de diferentes bares da cidade na Movida Literária para refletir e debater a produção literária atual. Serão sete noites, 14 mesas de debate e 26 autores em destaque. Entre eles, dois convidados que vem de São Paulo para compartilhar suas ideias: Sheyla Smanioto e Marcelino Freire. A ideia é mobilizar os autores de prosa, poesia e outras vertentes. Jéferson Assumção, um dos idealizadores do projeto, destaca que é preciso que a cidade mostre ao Brasil que sua capital é viva e criativa.

Jéferson enfatiza que há muitos autores premiados na cidade, inseridos em importantes redes e circuitos. O objetivo é ampliar cada vez mais esse espaço de diálogo e produção, incentivando a diversidade de linguagens e a capacidade de representar a literatura local. ;Muitos que não moram aqui ainda pensam que é um lugar apenas de burocracia, mas acho que o brasileiro precisa ver sua capital como um lugar criativo de música, dança, escrita;, afirma. Entre os grandes diferenciais da Movida, o autor lembra de sua passagem pelos bares da cidade, reconhecidos como lugares de troca, debate e humanização.

Sheyla Smanioto viu seu romance de estreia Desesterro se consagrar como vencedor do Prêmio Sesc de Literatura na categoria romance em 2015. A personagem principal, Maria de Fátima, caminha entre o cenário de pobreza e mostra as marcas de gerações que viveram em um universo de fome e escassez. Atualmente, a escritora mantém o foco na experiência do corpo feminino e nas narrativas que rondam as possibilidades desse corpo. ;O que nos falam e nos limita, por exemplo. E o fato de que a vida é uma espécie de teia de narrativas (sobre o que podemos, sobre quem somos) de que a gente precisa desfazer os nós, um a um, uma geração após a outra, até quem sabe sobrar só quem a gente é;, destaca.

Angústias
Para a autora, eventos como a Movida são fundamentais para a literatura e para a produção local, gerando troca de experiências, leituras e movimentação em torno dos livros. ;É um respiro, uma chance que a gente vai ter de botar a literatura em contato com as nossas angústias e faltas;. Ela destaca que Brasília tem grande potencial justamente por sua força ao juntar gente de todos os cantos do país, como acontece em São Paulo. O importante seria falar mais dos livros durante as mesas de debate, da construção das obras e de como essa produção se relaciona com a vida, as angústias e faltas cotidianas. Outro ponto a ser valorizado seria a dimensão política do acesso ao livro e da literatura como possibilidade de juntar pessoas e provocar mudanças.

;Nesses eventos, nós colocamos nossa humanidade à disposição, provamos que somos de carne e osso. É um movimento político de contra-elitização da literatura, um movimento que em tudo deve afirmar essa aproximação entre o livro e o leitor, entre a literatura e a vida;, afirma Sheyla. Para a escritora, somos um conjunto de narrativas, entre histórias e linguagens. A literatura entraria como ponto essencial para as transformações.

Enquanto isso, o reconhecido escritor Marcelino Freire, escolhido como o Boêmio da Vez durante a Movida, acredita que a literatura deve estar sempre nas ruas, tomando conta de bares, praças e passarelas. Atualmente, os autores seriam os maiores distribuidores de livros no país, tornando ainda maior a importância de eventos como este, que aumentam sua visibilidade. ;Digo sempre que estamos hoje no tempo do autor. Cada autor e autora circulando pelas redes sociais, pelas ruas, pelos saraus. O maior distribuidor de livro hoje no Brasil é o ;suvaco;. Espero que Brasília já tenha aprendido isto e tenha soltado o verbo em saraus, festas, blogs, esquinas, botecos;.

O autor lembra que o mais importante no caminho entre leitores e escritores é o aperto de mão, o olho no olho, o encontro, seja ele físico ou entre páginas. Marcelino, assim como outros, escreve para encontrar parceiros de boteco e de estrada. A ideia é reunir esses pensamentos nas mesas dos bares da Movida e encontrar cada vez mais a voz e o diálogo entre quem lê, produz e escreve.

"Digo sempre que estamos hoje no tempo do autor. Cada autor e autora circulando pelas redes sociais, pelas ruas, pelos saraus"
Marcelino Freire, escritor
Serviço
Beirute (109 Sul)
21 de maio, domingo. Às 19h, rodada com mediação de Luís Turiba e participação de Noélia Ribeiro e Adeilton Lima. Às 20h30, rpdada com mediação de Liziane Guazina e participação de Jéferson Assumção e Marco Miranda.

Sebinho (406 Norte, Bl. C, lj 44)
23 de maio, terça. Às 19h, rodada com mediação de Dad Squarisi e participação de Tino Freitas e Luda Lima. Às 20h30, rodada com mediação de Geraldo Lima e participação de Raphael Rocha e Wélcio de Toledo.

Bar 400 (410 Norte)
24 de maio, quarta. Às 19h, rodada com mediação de Isabella de Andrade e participação de Marcos Fabrício e João Bosco Bezerra Bonfim. Às 20h30, rodada com mediação de Roberto Medina e participação de André Giusti e Lourenço Cazarré.

Ernesto Café (115 Sul)
25 de maio, quinta. Às 19h, rodada com mediação de Paulo Paniago e participação de Marina Mara e Jorge Amâncio. Às 20h30, rodada com mediação de Nahima Maciel e participação de Sheyla Smanioto e Paulliny Gualberto Tort.

Martinica (303 Norte, Bl. A, lj. 4)
26 de maio, sexta. Às 19h, rodada com mediação de Alexandre de Paula e participação de Lisa Alves e Carla Andrade. Às 20h30, rodada com mediação de Maurício Melo e participação de José Rezende Jr. e Maurício de Almeida.

Objeto encontrado (102 Norte, Bl. B, lj 56)
27 de maio, sábado. Às 19h, rodada com mediação de Conceição Freitas e participação de Beatriz Leal e Cristiane Sobral. Às 20h30, rodada com mediação de Maxçuny Alves e participação de Nicolas Behr e Alexandre Pilati.

Bar Raízes (408 Norte)
28 de maio, domingo. Às 19h, rodada com mediação de Julliany Mucury e participação de Mariana Carpanezzi e Tiago Velasco. Às 20h30, rodada com mediação de : José Carlos Vieira e participação de Alexandre Vidal Porto e Marcelino Freire.

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