A Segunda Guerra Mundial já foi profundamente explorada em diversos tipos de manifestações artísticas. Inúmeros filmes exploraram um filão inesgotável de histórias. Porém, na exposição Last Folio ; Preservando Memórias, em cartaz no Museu da República, até 29 de junho, o último grande combate da humanidade ganha uma realidade intimista e chocante.
O fotógrafo Yuri Dojc e a cineasta Katya Krausova passaram anos recolhendo registros do que sobrou da Segunda Guerra Mundial da cultura judaica na Eslováquia, agora apresentam ao público tudo que viram em fotos e filmes. O Correio conversou com a cineasta, que explicou que a ideia para o trabalho surgiu sem grandes pretensões: ;Yuri e eu estávamos trabalhando em um documentário sobre os sobreviventes quando descobrimos uma escola judia abandonada numa cidadezinha no oeste da Eslováquia e começamos a trabalhar o filme. A partir dai, a exibição começou a viajar, primeiro para a Inglaterra, depois os Estados Unidos e outros 27 países, até que agora chegou à América do Sul;.
Ainda segundo a cineasta, apesar do tema complexo e de todas as dores e memórias que ele suscita, escutar as histórias dos sobreviventes foi muito gratificante. ;Paradoxalmente, escutar, filmar, fotografar as pessoas que viveram para contar suas histórias profundamente inspiradoras não foi difícil, foi um imenso privilégio encontrá-los;, explica.
Como uma guerra que ocorreu há anos ainda pode ser relevante hoje? Katya defende que de várias formas, mas principalmente para impedir erros do passado. ;Se olharmos para a destruição de pessoas, culturas, e memórias na Ruanda até o Camboja, mais recentemente na Síria, Iraque, Líbia. A menos que nós nos recordemos sobre o que a crise dos refugiados significa, nós estaremos sentenciados a repetir esses terríveis atos;.
A mensagem
;A maior dificuldade foi o ;tempo interno;, a inevitável passagem de tempo, o constante conhecimento de que você quer gravar e capturar como testemunha de toda história, e que está sendo perdida dia após dia;. O que Katya explica como maior dificuldade de seu trabalho também se tornou a maior fortuna da exposição. ;De uma forma surpreendente nós encontramos nesse tempo muitas pessoas que conviveram com nossos próprios familiares durante a Segunda Guerra, e isso foi inesquecível. O que deveria ter sido mais difícil fez tudo mais fácil: nós nos achamos;, explica a cineasta.
A exposição Last Folio ; Preservando memórias fica aberta ao público de terça a domingo, das 9h às 18h30. No próximo 16 de maio ocorrerá uma cerimônia com a presença de Yuri e Katya no Museu da República, a partir das 18h. Os autores conversarão com o público sobre suas experiências.
Last Folio - Preservando Memórias
Museu da República (SCS Scts 2; 11 3060-3390). Até 29 de junho. De terça a domingo, das 9h às 18h30. Entrada franca. Classificação livre