São muitas as reivindicações femininas na sociedade contemporânea. No início deste mês, uma pesquisa realizada pelo instituto DataFolha constatou que dois a cada três brasileiros vivenciaram situações de violência contra a mulher. Nunca se falou tanto sobre o assunto e novos casos não deixam de aparecer. A rapper brasiliense Vera Verônika engrossa o coro em Mojubá, disco produzido por Higo Melo em que comemora 25 anos de carreira.
[SAIBAMAIS]
Mantenedora do abrigo infantil Recanto da Paz (em Valparaíso ; GO), pedagoga, empreendedora e consultora nas causas de Direitos Humanos, Verônika começa o novo projeto com a faixa Calada não mais, com participação da cantora Paula Dias. A música é um misto de manifesto e de prestação de serviço a quem se encontra em situação de vulnerabilidade, com informações como a de que a agressão nem sempre é física.
;O rap é a voz dos excluídos. Se são essas as mazelas que acontecem com as mulheres hoje, como a falta de direitos humanos, as constantes agressões e o desrespeito à diversidade sexual, é sobre isso que falaremos;, explica a cantora e compositora.
;Sempre me impus e, por ter essa postura, não passei por situações de machismo na cena musical, por exemplo. Mas ajudo as amigas que vivenciam esses momentos. Basta ver a Batalha das Gurias aqui no Distrito Federal. Antes, fazia parte de evento de rap freestyle misto, e, hoje, as meninas duelam sozinhas. É uma batalha de conhecimento, mas quando enfrentavam algum cara, ele tinha o prazer em falar do cabelo, do corpo, da sexualidade. Essa luta é o que nos motiva;, acrescenta.
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A mesma temática aparece em Traficadas (um grito contra o tráfico de meninas e mulheres) e em Assediadas. Na última canção, a cantora convidou algumas das mais importantes figuras do gênero das últimas décadas, de veteranas a nomes expoentes. Entre as mais conhecidas, a paulista Tássia Reis.
Orgulho afro
Os direitos das mulheres não são a única bandeira na qual Vera Verônika se engaja. Uma exaltação à cultura e à religiosidade negra, Mojubá, faixa-título, coescrita com o rapper Sagaz, evoca orixás com a sonoridade do afrobeat e a voz precisa de quem sente e lamenta o preconceito em relação à religiões africanas. Soul negra, soul livre, coescrita com Ellen Oléria, tem a batida do soul e uma mensagem de empoderamento voltada para a mulher negra.
;Não poderia fazer um disco sem citar o genocídio pelo qual passa a população negra. Estão querendo nos exterminar;, critica, incisiva. O disco Mojubá é apenas o início das comemorações dos 25 anos de carreira. Em julho, chega ao público um DVD com 25 videoclipes, um para cada ano na ativa. Um livro também está nos planos deste ano festivo.
SERVIÇO
Mojubá
Novo disco da rapper Vera Verônica.
Independente, 11 faixas.
Disponível para audição gratuita nas plataformas digitais.