Diversão e Arte

Roger Moore foi o espião mais famoso de todos os tempos

Na pele de Jamos Bond, Roger Moore vivenciou os melhores momentos do cinema

Alexandre de Paula
postado em 24/05/2017 07:30

Na pele de Jamos Bond, Roger Moore vivenciou os melhores momentos do cinema

Não bastasse ter interpretado nos cinemas o espião mais famoso de todos os tempos (James Bond) e ser lembrado como um dos maiores atores no papel, Roger Moore trazia no currículo o fato de ter lutado pelas crianças como embaixador do Unicef e ostentava o título de cavaleiro inglês. O ator morreu vítima de câncer, ontem, aos 89 anos.

O comunicado da morte de Moore foi feito pelos filhos no Twitter. Eles falaram sobre a luta do pai contra a doença, que se desenvolveu de maneira rápida. ;Com coração pesado, temos de partilhar a informação de que o nosso pai, sir Roger Moore, morreu hoje. Ele partiu depois de uma batalha curta, mas corajosa, contra um câncer. O amor com o qual ele estava cercado nos seus últimos dias era tão grande que não pode ser quantificado apenas com palavras;, escreveram os filhos Deborah, Geoffrey e Christian.

Apesar de ter participado de outros longas importantes como A última vez que vi Paris (1954), Melodia interrompida (1955) e Selvagens cães de guerra (1978), Roger Moore ficou eternizado como o agente secreto James Bond. Na pele do espião, Moore fez sete filmes da franquia de 007.

Antes de interpretar o agente secreto, Moore se destacou em papéis na televisão. Ele participou de filmes e seriados como César e Cleópatra (1946), Rica, bonita e solteira (1951) e A cruz dos executores (1976). Além deles, se destacou em O santo (exibido entre 1963 e 1966). Na produção, ele interpretou Simon Templar, seu papel mais marcante depois de James Bond.

Especialistas e fãs apontam Moore como o principal ator a interpretar James Bond, ao lado do antecessor Sean Connery. A ligação de Moore com o personagem, na verdade, surgiu muito antes de ele assumir o papel. Ele foi um dos primeiros convidados a interpretar Bond. Os contratos com redes de televisão impediram que ele aceitasse.

Depois de 007 ; Os diamantes são eternos (1971), no entanto, Sean Connery deixou a franquia e os produtores acreditaram que Moore seria o ator certo para assumir o posto. Dessa vez, Moore topou e começou uma carreira com o espião que duraria sete filmes (lançados entre 1973 e 1985).

O James Bond de Roger Moore condizia com o clima da época. Bem menos violento do que o antecessor, o agente vivido por ele incorporava a liberdade sexual, o apelo da moda e outros conceitos fortes do período. Galã, Moore esbaldava charme e elegância na pele de 007 fosse para enfrentavar os temidos vilões ou para conquistar belas mulheres.


Na pele de Jamos Bond, Roger Moore vivenciou os melhores momentos do cinema

Franquia
O personagem de Moore deixava de lado aprofundamentos e questões psicológicas. O importante, nesse caso, era interpretar um Bond repleto de carisma e imponência. Os exageros, é claro, fizeram parte da franquia no período, com o espião utilizando os mais mirabolantes equipamentos e as técnicas mais imprevistas para resolver as situações em que era envolvido.

O ator se despediu do papel com 007 ; Na mira dos assassinos (1985). Depois dele, Timothy Dalton interpretou Bond. Com a saída de Moore e a entrada de Dalton, o agente se tornou mais violento outra vez e assumiu uma personalidade sombria e mais complexa.

Moore nunca negou que a sua interpretação de Bond trazia um tom de galhofa e levava a série para um caminho muito menos rebuscado do que o anterior. Ele mesmo comentou, certa vez em uma entrevista, que seu Bond não poderia ser encarado com qualquer tipo de realismo. ;Minha reação foi sempre: Ele não é um verdadeiro espião. Você não pode ser um espião real e fazer com que todos no mundo saibam quem você é e qual é sua bebida preferida. Isso é apenas histericamente engraçado;, disse.

No Brasil
Em 007 ; Contra o foguete da morte (1979), o espião interpretado por Roger Moore viveu aventuras em terras brasileiras. O longa cometia algumas falhas engraçadas, como situar as Cataratas do Iguaçu na Amazônia e chamar um aeroporto brasileiro de San Pietro.

É icônica a cena de 007 envolvido em uma luta no bondinho do Pão de Açúcar. Com a comicidade característica da safra de longas interpretados por Moore, Bond, em determinado momento, enfrenta um vilão que rói cabos do bondinho com seus dentes de aço.

Colaborou Adriana Izel

Brincalhão e bom de trilha sonora

Depois de sacramentado em temporadas da série O Santo, numa forte presença em aventuras a bordo de um Volvo que o levou à necessidade de estrelar Fabricantes de ilusões (1968) para o cinema, o mais galhofeiro dos intérpretes de 007 estava pronto para assumir o sucesso do personagem projetado inicialmente por Sean Connery.

Destronar o inaugural James Bond foi algo movido à sorte, pelo que sempre comentou o loiro inglês de quase 1,90 metro, incapaz de se levar a sério. Mais persistente entre os astros da franquia 007, por 12 anos, Moore alavancou sete títulos que renderam mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias. Dividindo a tela com figuras fortes, como Christopher Lee, Richard Kiel e Topol, nas aventuras de Bond, Moore entregava à imprensa o segredo do sucesso da imortalidade com o célebre papel: via 007 como ;uma piada para ser dividida com o público;.

Mesmo os detratores não podem tirar mérito alheio ao astro: ao som de Carly Simon (Nobody does it better) e Paul McCartney (Live and let die), ele estrelou as fitas com trilhas das mais inspiradas. Festejado, ao lado de Jane Fonda, como o casal preferido no mundo do cinema, pelo troféu do Globo de Ouro, em 1980, Moore levou a vida como quis: se divertindo. ;Ocioso; na Suíça, na condição que adorava, teve retornos escrachados, em fitas como Cruzeiro das loucas (2002) e O mundo das Spice Girls (1997), pelo qual concorreu ao Framboesa de pior coadjuvante. E alguém se importou com estes tropeços? (Ricardo Daehn)



O espião de Roger Moore

Com 007 viva e deixe morrer (1973)


007 contra o homem com a pistola de ouro (1974)

007 ; O espião que me amava (1977)

007 contra o Foguete da morte (1979)

007 ; Somente para seus olhos (1981)

007 contra Octopussy (1983)

007 ; Na mira dos assassinos (1985)




Repercussão


;Poucos são tão gentis e dados como foi Roger Moore. Pensamentos amorosos para sua família e amigos. Sua falta será sentida também no Unicef;

Mia Farrow, atriz


;Roger Moore, eu o amava;
Russell Crowe, ator


;RIP Sir Roger Moore. Meu primeiro Bond e um dos primeiros atores que eu amei quando criança. E uma pessoa linda, engraçada e calorosa. Despedida;

Edgar Wright, diretor e roteirista


;Meu querido tio Roger morreu. Que dia triste. Generoso, engraçado, bonito e amável #RogerMoore;
Michael Ball, ator e cantor


;Obrigado, sir. Roger Moore. Cada vez que você apareceu na tela, da infância à minha vida adulta, nunca deixou de trazer um sorriso para o meu rosto;

David Williams, ator e escritor

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