O escritor Roberto Lima lança o livro Papoula de Kandahar, no Carpe Diem, às 19h, na quarta-feira. A obra, que é um conjunto de crônicas, marca a estreia do autor ; que vive há 33 anos nos Estados Unidos no comando do jornal Brazilian Voice ; no gênero, e o quarto livro da carreira.
O Correio conversou com o escritor, que atualmente se encontra em Belo Horizonte na turnê de divulgação do livro. O mineiro não escondeu o orgulho em relação a chegada obra ao público. ;Esse é um livro que eu quero compartilhar como um copo de chope, ou um pedaço de pão, como uma coisa da minha mesa. Eu já disse e te repito: eu não tenho leitores, tenho amigos;, explica.
Seguindo uma divulgação independente de editoras, Lima apresenta um livro de crônicas reflexivo, que faz referências a grandes nomes da música, como Aretha Franklin e Gonzaguinha, e ainda apresenta, como afirma o também escritor Wilson Pereira, o humor como um traço marcante. ;Ele usa esse humor de uma forma sutil, inteligente, não é uma coisa escancarada, ou abusada. Dá prazer em lê;, indica Pereira. E completa: ;É uma obra muito bem escrita, que tem leveza, no ponto de vista literário mesmo;.
O próprio Lima defende o traço humorístico como algo essencial, que confere à obra uma identidade.;O humor é tão importante quanto a vida, não tem como você viver sem sorrir. Se uma conversa for muito séria, ela fica sem graça, sem sentido;, sintetiza.
Lima conta ainda que mais do que inspirações, grandes nomes da literatura fizeram parte de Papoula de Kandahar. ;Eu li muito Verissimo e Rubens Braga, e eles me influenciaram nas duas primeiras partes do livro. Já na terceira parte, eu tomei a liberdade de me aproximar mais do público, de falar da minha cozinha, da minha vida. Se ele aguentou até esse ponto, talvez aceite um pouco dessa liberdade;.
;O mercado de livros é sempre complicado. Em um país como o Brasil, em que não tem comida, é normal uma coisa como livro se afastar das pessoas, é uma coisa que acontece;, argumenta Lima. O ato de produção independente de Papoula de Kandahar reflete um momento especial na literatura brasileira, que, segundo Lima, poderia estar em panorama mais favorável.
;Eu prefiro produzir meus livros do que ficar preso 10, 20 anos na mão de uma editora e ainda não ter um retorno financeiro;, sustenta o autor. ;Desse jeito tem dado muito certo, estou visitando várias cidades e acho que funciona;.
Já Pereira julga que o cenário literário brasileiro afeta mais do que a produção editorial e chega aos autores de uma forma assertiva. ;Eu acho que a literatura brasileira está numa fase de cansaço, a gente não tem mais aqueles autores como Manuel Bandeira, por exemplo. Todos estão em uma assustadora média;, desabafa.
Estreia
Para o lançamento do livro, Lima aposta no estilo mais próximo do público. ;Eu quero fazer amigos em Brasília, entende? É a primeira vez que vou à capital e quero que as pessoas possam dar uma chance ao livro. E, então, sair da cidade com muita vontade de voltar;, conclui.
*Estagiário sob supervisão de Severino Francisco
;Eu prefiro produzir meus livros do que ficar preso 10, 20 anos na mão
de uma editora e ainda não ter um retorno financeiro;
Roberto Lima, escritor
Papoula de Kandahar
Carpe Diem
(104 Sul; 3325-5301)
Quarta-feira, 14, às 19h.
Entrada Franca.
Classificação
indicativa livre.