Diversão e Arte

Netflix lança hoje a primeira temporada da série El Chapo

Série sobre o mega traficante mexicano retrata desde a infância humilde até se tornar o chefe do Cartel de Sinaloa

Estado de Minas
postado em 16/06/2017 11:26
Netflix/Divulgação
No controverso encontro de Sean Penn com o líder do Cartel de Sinaloa Joaquín Guzmán, El Chapo afirmou ao ator que esteve com Pablo Escobar uma vez. A informação veio a público em janeiro de 2016, através de um extenso artigo de Penn para a revista Rolling Stone, escrito com base no encontro secreto ocorrido em outubro de 2015.

A entrevista foi publicada um dia após o governo mexicano ter recapturado Guzmán. Este tinha passado seis meses foragido, depois da espetacular fuga de uma prisão de segurança máxima. Havia escapado através de um túnel cavado dentro de sua cela.

Série que marca a primeira coprodução do canal Univision (emissora norte-americana falada em castelhano) com a Netflix, El Chapo chega hoje à plataforma de streaming.

Com 34 episódios previstos (são três temporadas), a produção resgata a trajetória de Joaquín ;El Chapo; Guzmán. Em janeiro, o governo do presidente mexicano Enrique Peña Nieto entregou o ex-chefão às autoridades dos Estados Unidos.

Nos EUA, El Chapo era acusado de lavagem de dinheiro e associação criminosa, entre outros crimes. Sua extradição ocorreu poucas horas antes de Barack Obama entregar a Presidência a Donald Trump. Hoje, ele está numa penitenciária de segurança máxima em Nova York.

Não há como assistir a El Chapo sem compará-la com Narcos. A terceira temporada da produção da Netflix capitaneada por José Padilha, ainda sem data de estreia, vai acompanhar a ascensão do Cartel de Cali, já que o de Medellín foi desmantelado após a morte de Escobar. A chegada da narrativa ao México é certa, pois estão ali os hoje mais poderosos cartéis de droga do mundo.

Narcos, desde seu início, se propôs a mostrar o retrato do narcotráfico no mundo. Escobar foi a estrela das duas temporadas iniciais. Já El Chapo é centrada na figura do chefão mexicano, que tem uma trajetória com muitos pontos em comum com a de Escobar: infância rural e pobre; imagem quase de Robin Hood entre os mais humildes de seu país; milhares de assassinatos; e fortuna pessoal na casa dos bilhões de dólares.

Mas, como narrativa, as duas são bem distintas. Narcos, falada em espanhol e inglês, tem uma pegada mais didática, com sua narração em off feita pelo agente da Drug Enforcement Administration (DEA), órgão encarregado de repressão e controle de drogas nos EUA, Steve Murphy (papel de Boyd Holbrook). É também mais irônico e com uma câmera mais nervosa e edição rápida, elementos característicos das produções de José Padilha.

Toda falada em espanhol, El Chapo é mais convencional, seguindo uma linha mais novelesca. A série tem um início documental. Telejornais de vários lugares do mundo registram, em janeiro de 2016, o momento em que o chefão, após sua captura, chega ao aeroporto da Cidade do México.

Depois deste início, a série engata na ficção. A narrativa começa em 1985, quando Chapo, apenas mais um homem do baixo escalão do Cartel de Guadalajara, constrói o primeiro túnel que vai da fronteira do México até os Estados Unidos. Abrindo um parêntese, teria sido em 1989 que ele cavou sua primeira passagem subterrânea entre as duas fronteiras.

Pois cansado de ser café pequeno, Chapo decide fazer uma operação arriscada. Vai, sozinho, à Colômbia para tentar um encontro com Escobar. Propõe ao Patrón o impossível. Fazer a droga de Escobar chegar em dois dias à Califórnia, quando o tempo normal do transporte era de cinco dias.

Neste momento, a série ganha um clima de 24 horas. Correndo contra o tempo (se não conseguisse realizar um feito, seria um homem morto), Chapo, sempre de olho no relógio, enfrenta a polícia, a queda de um avião e até um telefonema da família dizendo que seu pai está à morte. Já no capítulo inicial, fica claro que a produção vai humanizar a figura do personagem, assim como ocorreu com o Escobar de Narcos. E que a aliança com Escobar vai servir como trampolim para Chapo.

Se a produção de José Padilha enfrentou críticas do filho de Escobar, Juan Escobar, depois que a série estreou, a equipe de El Chapo teve problemas maiores. Advogados do narcotraficante apresentaram uma série de recursos para impedir que o nome dele fosse utilizado sem sua autorização.

Como não havia garantias de segurança, a Univision e a Netflix preferiram utilizar locações na Colômbia e não no México. Estas se transformaram em Sinaloa, Guadalajara e a fronteira com os EUA. As gravações foram realizadas em segredo.

E ao contrário de Narcos, El Chapo não deverá enfrentar críticas quanto à escalação do elenco. O personagem-título é interpretado também por um mexicano, o ator Marco de La O. O Escobar que aparece no primeiro episódio é vivido por um colombiano, Mauricio Mejía. O intérprete tem familiaridade com a história. Viveu Escobar quando jovem em um episódio da produção colombiana Pablo Escobar: O senhor do tráfico (2012). Já em Narcos, foi Carlos Castaño, um dos integrantes do grupo paramilitar Los Pepes.

NO CINEMA

As fugas espetaculares de El Chapo e a entrevista dele a Sean Penn só aumentaram a mítica em torno do narcotraficante. Ridley Scott está envolvido em The cartel, longa-metragem inspirado no livro homônimo de Don Winslow. O livro, uma ficção, fala da guerra das drogas no México e tem partes inspiradas na vida de El Chapo. Já Michael Bay está cotado para dirigir Hunting El Chapo (Caçando El Chapo). O filme é também uma adaptação, no caso, de um livro ainda não publicado. Com lançamento previsto para outubro nos EUA, Hunting
El Chapo foi escrito a quatro mãos. O jornalista canadense Douglas Century se uniu a Cole Merrell para contar os bastidores da captura do barão das drogas. Merrell, na verdade, é o pseudônimo de um dos agentes da DEA que esteve na equipe que
capturou Chapo.


PROCURA-SE

Pablo Escobar ; El Patrón
; Colômbia
; Nascimento: Rionegro, 1; de dezembro de 1949
; Morte: Medellín, 2 de dezembro de 1993
; Criador do Cartel de Medellín
; 17 anos em atividade
; Tráfico de cocaína
; Mercado: EUA
; Responsável por 10 mil assassinatos
; Rivais: Cartel de Cali, Los Pepes, governos da Colômbia e dos EUA


Joaquín Guzmán
Loera ; El Chapo
; México
; Nascimento: La Tuna, 25 de dezembro de 1954 ou 4 de abril de 1957
; Criador do Cartel de Sinaloa
; 25 anos em atividade
; Tráfico de cocaína, maconha, metanfetamina e heroína
; Mercado: EUA, Europa e Ásia
; Responsável por 3 mil assassinatos
; Rivais: Los Zetas, cartéis de Juárez, Tijuana e Beltran-Leyva, governos do México e dos EUA

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