Camila Beatriz*
postado em 13/07/2017 07:30
Alguns artistas extinguem a regra de demarcar distâncias mínimas entre obras e espectadores. Na Dinamarca, por exemplo, o artista plástico norueguês Dolk permitiu que o público participasse de uma criação: ele expôs um Lamborghini no museu Aarhus Kunstmuseum para os visitantes arranharem o carro como quisessem. Enquanto isso, Liverpool recebe The danger tree, uma mostra de Scarlett Raven e Marc Marot, que homenageia poetas da Primeira Guerra Mundial, aliando animação e música em realidade aumentada para apresentar poesias ao público.
Para o professor Graça Veloso, do departamento de Arte da Universidade de Brasília (UnB), a interatividade com o público não é algo que começou com descobertas e avanços tecnológicos, mas desde os primórdios da arte. ;Sempre tivemos dois fazedores simultâneos: o espectador e o artista, e um depende do outro;, diz. Mesmo assim, a tecnologia virou uma forte opção para artistas exibirem suas obras. Os exemplos aparecem o tempo inteiro.
Natureza virtual
Formado por Ceci Soloaga e Ygor Marotta, o VJ Suave é conhecido por projetar desenhos em ambiente urbano, mas está na Caixa Cultural de Brasília com um trabalho diferente. Além das projeções, a instalação O essencial é invisível aos olhos utiliza óculos de realidade virtual. Para Ygor, o recurso é uma forma de transportar os visitantes para outro lugar. ;Descobrimos que com a interatividade podíamos dar vida a nossos personagens, e, quando o visitante veste os óculos, esquece de onde está e se transporta para o ambiente da obra;, conta.
A exposição pretende fazer o público vivenciar uma experiência completa na natureza. ;Criamos uma floresta para mostrar as forças invisíveis da cachoeira, da luz, da caverna;, afirma Ygor. Para ele, cada visitante terá uma experiência única, uma vez que é o espectador quem decide o caminho a trilhar na imersão.
Serviço
O essencial é invisível aos olhos
Caixa Cultural (SBS, Q. 4, lt 3/4). Até o dia 16 de julho, das 9h às 12h e das 13h às 21h. Entrada franca. Não recomendado para menores de 10 anos. Informações: 3206-9448.
Pegadinha on-line
O stand up comedy trabalha intensamente com a resposta do público. Maurício Meirelles levou essa máxima a um outro nível. No espetáculo Webbullying, a graça gira em torno da interação entre Meirelles e as redes sociais de um convidado da plateia, que sobe ao palco e deixa o artista passar trotes para contatos do espectador, normalmente pelo Facebook.
;A interatividade deixa sempre um show diferente do outro, e a plateia se diverte muito com isso;, observa o comediante. A ideia levou o artista a turnês fora do Brasil, passando por Lisboa, Londres, Amsterdã, Dublin e outras cidades. Em pouco tempo, a brincadeira viralizou e o primeiro vídeo enviado ao canal do YouTube de Meirelles, em 2013, alcançou 500 mil visualizações. ;São mais de 160 vídeos só do Webbulling e mais de 260 milhões de visualizações em todo o canal;, conta.
Serviço
Webbullying
Espaço Cultural Caesb (Av. Sibipiruna, lt. 13/21, Águas Claras). Amanhã, às 21h e às 23h. Ingressos a R$ 70 e R$ 35 (meia-entrada). Não recomendado para menores de 14 anos. Informações: 98480-4654.
Para os gamers
Jogando Minecraft, PAC e Mike comandam o TazerCraft, um dos 15 maiores canais brasileiros do YouTube. Em vez de permanecer atrás das telas, a dupla planejou uma festa, que chegará à capital no próximo dia 23, com o nome de TazerCraft Party. Mike afirma que o objetivo do evento é criar um ambiente contagiante e interativo. ;Para nós, a interatividade é muito importante, pois nos dá a possibilidade de nos aproximar ainda mais dos nossos seguidores;, complementa PAC.
Para fazer essa interação com o público acontecer, a festa estará equipada com palco, painéis de LED e luzes que recriarão os cenários dos jogos exibidos no canal dos youtubers, como Esconde-esconde, Assassinos e Cluster Truck, para que o público se sinta dentro de uma partida na vida real.
Serviço
TazerCraft Party
Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Eixo Monumental). Dia 23 de julho, domingo, às 18h. Ingressos a partir de R$ 55 (meia-entrada). Classificação indicativa livre.
*Estagiária sob a supervisão de Igor Silveira