Diversão e Arte

Vilões das animações conquistam o público. Quem é seu malvado favorito?

Mais humanizados e com suas histórias reveladas, os antagonistas conquistam o público que passa a se identificar com as figuras malvadas

Beatriz Queiroz*
postado em 18/07/2017 07:03

Gru se divide entre ser malvado e bonzinho em Meu malvado favorito

Meu malvado favorito estreou há pouco mais de três semanas e bateu recordes de bilheteria. Com mais de 1,5 milhão de ingressos vendidos, o filme tomou o posto de maior estreia de animação no Brasil, arrecadou R$ 25,7 milhões e deixou para trás os recordes de Minions (2015) e Procurando Dory (2016). Os resultados são apenas uma forma de mostrar que os brasileiros têm uma queda por essas novas formas de vilões.

"Esses personagens ganharam um aspecto muito mais próximo ao humano. Eles têm o lado perverso do vilão, mas também o lado afetivo e mostram que os vilões não são apenas maldades. O Gru (Meu malvado favorito) quer roubar a lua, mas acaba se apaixonando pelas crianças e as adota. As pessoas se identificam com isso porque todo mundo tem um lado que não é tão bonzinho", explica a coordenadora do curso de psicologia do Iesb Sul, Graziela Ferreira.

A mudança de direção dos vilões aparece há alguns anos, mas ganhou força em 2010 com as estreias do primeiro Meu malvado favorito e Megamente. Enquanto o ladrão de lua vindo de uma família de vilões se dividia entre fazer maldades e agradar as pequenas Agnes, Margot e Edith, o extraterrestre azul deixou de ser um vilão sem querer.

O objetivo de Megamente era eliminar seu adversário Metro Man e assumir o comando de Metro City, mas tudo muda quando ele dá um sumiço no herói e percebe que as coisas não têm graça sem o mesmo. Bem atrapalhado, ele acaba inventando um herói para combater e se apaixona por sua refém, a repórter Rosane Rocha.

O filme do extraterrestre malvado conquistou o eletricista industrial Washington Júnior, 19. "Sempre me identifico bastante com vilões e essas releituras são uma bela solução para aquele velho sentimento de odiar sempre o vilão e amar o mocinho. Por que não amar os dois? Megamente para mim é um ícone nesse quesito. Ele é odiavelmente agradável! Identifico muito da minha própria personalidade nele."

Sempre com a contraposição entre o bem e o mal, o cinema assume o papel de tornar os vilões mais humanos e fazer com que o público se torne mais simpático aos personagens. "Os desenhos passaram a trazer o lado de redenção e isso é um consolo para nós. Eles mostram que você pode ser mais duro às vezes e continua possível manter uma relação afetiva saudável", enfatiza a psicóloga.

Referência

Graziela resgata ainda um personagem que marcou gerações e foi uma ruptura dos padrões estéticos pregados pelos contos de fada. "O Shrek (2001) tinha diversas características de vilão, ele era um ogro, grosso e gostava de viver isolado, mas, no final, se apaixona pela princesa. Ele tinha tudo para ser mau e rompe essa ideia, mostrando que tem sentimentos e é bonzinho."

Mas as coisas não foram sempre assim. A psicóloga recorda que nas décadas de 1980 e 1990 as histórias traziam sempre mocinhos e vilões e esses personagens eram fiéis a suas origens do início ao fim. Ela enfatiza que somos criados numa cultura de que existe o bem e o mal, e que na época ninguém queria se identificar com o vilão. "Buscam mostrar para as crianças o que elas podem ou não fazer, mas é preciso lembrar que ninguém é bonzinho o tempo todo. A gente sempre vai transgredir alguma regra", finaliza.

Verdade

Enquanto muitos se apaixonam pelos vilões humanizados em releituras, outros simpatizam com as figuras originais. "Eu prefiro os vilões em alguns filmes. Eles têm uma história que explica porque eles são vilões, carregam uma boa história com eles e geralmente são engraçados. Apesar de serem malvados, têm bons diálogos e a gente consegue se divertir", ressalta Pedro Vendrell, de 12 anos.

O menino sempre foi fã dos clássicos Disney e, entre os filmes preferidos, destaca uma das vilãs mais conhecidas dos contos de fada, Malévola. "Tem uma história com ela e a releitura com a Angelina Jolie mostra que ela sofreu antes de se tornar má", destaca.

A bruxa de A bela adormecida (1959) ganhou protagonismo e um novo olhar no live action, de 2014, que leva o nome da bruxa. Com o bordão "Ora, ora", eternizado na voz de Angelina Jolie, ela conquistou um novo público de adoradores para a bruxa e mostrou algo além para quem já havia sido conquistado pelas habilidades mágicas do clássico infantil.

[SAIBAMAIS]Mas essa não é a única personagem má que conquistou Pedro. Apaixonado por filmes, ele adquiriu simpatia por um dos vilões mais poderosos do cinema, Lorde Voldemort. Antagonista da saga Harry Potter, ele aparece em diferentes versões ao longo da história e mostra que tem suas razões para ter se tornado tão malvado. "É engraçado porque ele se acha o melhor de todos, mata todo mundo e no fim acaba se matando", completa Pedro.

*Estagiária sob a supervisão de Igor Silveira

Quem é seu malvado preferido?

Cruela DeVil

Quem é: Vilã de 101 dálmatas (e variações)

Maldade: Ela rouba filhotes de dálmatas para fazer casacos de pele

Poderes: Ela não possui, mas tem uma obsessão por peles que a leva a cometer

qualquer loucura

Gru

Quem é: O vilão de Meu malvado favorito

Maldade: Roubar a lua

Poderes: Podemos considerar a inteligência, visto que ele cria os planos e seus equipamentos

Megamente

Quem é: O supervilão extraterrestre

Maldade: Dar um sumiço (sem querer) no super-herói de MetroCity

Poderes: O uso de equipamentos

Malévola

Quem é: A bruxa de A bela adormecida (1959), fada na releitura que leva o nome da vilã

Maldade: Profecia para que Aurora caísse num sono profundo ;ao tocar o fuso de uma roca; quando fizesse 16 anos

Poderes: Além das diversas mágicas, ela se transformava em animais

Úrsula

Quem é: A bruxa do mar de A pequena sereia

Maldade: Muito esperta, ela consegue roubar a voz de Ariel como pagamento da poção para que a sereia vire humana

Poderes: Ela é ótima em fazer poções

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