Irlam Rocha Lima
postado em 20/07/2017 07:00
O brasiliense é afeito a manifestações artísticas em espaços abertos da cidade. Muita gente costuma se reunir na Praça da Torre de TV, na área externa do Museu Nacional da República e no Parque da Cidade quando esses lugares recebem shows, festivais ou eventos do gênero. O mesmo ocorre no gramado do Complexo Cultural da Funarte, no Eixo Monumental.
Desde 1; de junho, o espaço está acolhendo o Buraco do Jazz, um dos mais concorridos movimentos musicais alternativos promovidos na capital nos últimos tempos. Tudo começou em junho de 2016, em área próxima ao posto de gasolina da 214 Sul. Com o crescimento do projeto houve necessidade de transferi-lo para outro ponto que tivesse condições de receber um número maior de pessoas.
;Ao criarmos o Buraco do Jazz, queríamos oferecer aos amantes desse gênero musical algo inovador, ou seja, música de qualidade em espaço aberto, que levasse o espectador a vivenciar a arte e também entretenimento, num ambiente descontraído;, afirma o produtor cultural Gustavo Frade. ;Este é um evento sem nenhum apoio oficial. Desde o início, bancamos tudo: desde a montagem da estrutura de palco ao pagamento do cachê dos artistas convidados ;, acrescenta.
Parte dos custos da produção é amenizado pela contribuição dos proprietários de food trucks que se instalam na área e se transformaram em parceiros; e da venda de bebida no bar do evento. O Buraco do Jazz, que chega hoje à 61; edição, foi sendo descoberto aos poucos. ;Nas três primeiras edições reunimos um pouco mais de 50 pessoas, mas logo depois esse número foi aumentando, passando na sequência para 250, 400 e 600 frequentadores;, conta Frade.
Com o crescimento do público, a realização do Buraco do Jazz na 214 Sul tornou-se inviável. Como as pessoas se espalhavam, inclusive pelo Eixinho, houve reclamação do DER, levando a polícia a interferir. ;Buscamos encontrar outra alternativa e, em contato com o coordenador da Funarte em Brasília, João Carlos Corrêa, apresentei a proposta de promover o Buraco do Jazz, na área externa da instituição, às quintas-feiras, entre às 18h e meia noite;, relata Guylherme Almeida, diretor artístico do projeto.
Para a surpresa dos organizadores, com a mudança, o público cresceu. Na última quinta-feira, quando da 60; edição, mais de mil foram lá para assistir ao show do quarteto formado por Raildo Ratho (sax), Cláudio Henrique (guitarra) e Moisés Pacífico (baixo) e Daniel Oliveira (bateria). O grupo passeou por repertório que incluiu clássicos de Miles Davis, Chet Baker, Billie Holiday e Nina Simone.
Bom gosto
De acordo com o diretor artístico, há entre os espectadores aqueles que têm marcado presença no Buraco do Jazz desde as primeiras edições. Os mais assíduos são escolhidos, em cada mês, para receber um certificado de fidelidade ao projeto, devidamente emoldurado; além de ter a bebida, no bar do evento, liberada. O gestor cultural Marcelo Fontelles foi o agraciado da 60; edição. Para ele, o Buraco do Jazz foi um ganho. ;Estar aqui, em meio a tantas pessoas de bom gosto e educadas, e ouvir jazz de primeira qualidade, é um privilégio;, ressalta.
[SAIBAMAIS]No show desta noite, composições autorais, inspiradas nos icônicos jazzistas norte-americanos Cole Porter, George Gershwin, Ella Fitzgerald e na brasileríssima Elis Regina serão ouvidas na interpretação do quarteto formado por Hanna Bezerra e Rodrigo Mariani (vocal), Caio Antunes (guitarra) e João Pedro (sax). ;Este show vai servir para lançar o Cena Contemporânea. Entre 22 de agosto e 3 de setembro, o Buraco do Jazz vai se instalar, temporariamente, no Museu da República;, adianta Guylherme Almeida.
Buraco do Jazz
Show do quarteto formado por Hanna Bezerra e Rodrigo Mariani (vocal), Caio Antunes (guitarra) e João Pedro (sax), hoje, das 18h à meia noite, no gramado do Complexo Cultural da Funarte. Entrada franca. Não recomendado para menores de 18 anos.