Estado de Minas
postado em 28/07/2017 13:32
A professora Diva Guimarães emocionou a plateia durante a mesa, A pele que habito, que reuniu o ator Lázaro Ramos e a jornalista portuguesa Joana Gorjão Henriques na manhã desta sexta-feira, 28, no Centro Histórico, na 15; Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Lázaro, que fez a conferência de abertura desta edição, falou sobre o racismo no Brasil, dizendo que não se trata de tema de interesse apenas dos negros, mas de pessoas de todas as etnias. O ator elencou aspectos fundamentais para enfrentar situações de desigualdade causadas pelo racismo: uma família estruturada e acesso a educação.
Quando Lázaro terminou a primeira parte da exposição, a professora , que estava na plateia, pegou o microfone para o relato. Com os cabelos brancos trançados, Diva contou que veio do interior do Paraná, foi neta de escravos e saiu muito cedo de sua cidade para estudar em Curitiba. ;Sou do Sul do Paraná, lá do interior. Sou uma brasileira que sobreviveu porque tive uma mãe que fez de tudo, passou por todas as humilhações, para que nós estudássemos;, disse.
Ela relatou que na infância foi levada para um colégio interno e amadureceu muito jovem, aos 6 anos de idade, quando as freiras contavam uma história para falar sobre a diferença de negros e brancos. Na história contada pela freira a diferença de cor entre brancos e negros se deve ao fato da criação de um Rio por Deus - certa mitologia de origem- onde brancos e negros se banharam. Trabalhadores os brancos teriam se banhado na água limpa e por preguiça os negros só teriam chegado até a lama. ;Amadureci com seis anos de idade. Demorei a aceitar esse Deus.; Diva disse que repassou esses conhecimentos aos seus alunos em sala de aula. ;Sou uma sobrevivente pela educação;, afirmou.
Lázaro Ramos e boa parte do público não conteve a emoção com o depoimento da professora. Lázaro reforçou a fala da professora afirmando que é preciso estabelecer um pacto pela educação pública. Diva foi ovacionada pela plateia quando disse que a libertação da escravatura não existe hoje no Brasil e quando afirmou que foram seus antepassados que construíram o Brasil. Durante a mesa, houve protesto contra o presidente Michel Temer e contra o governador do Rio de Janeiro. O público gritou Fora Temer e muitos