Camila Beatriz*
postado em 30/07/2017 07:34
Alguns desenhos animados são tão queridos que espectadores almejam ver como os personagens seriam na vida real. Várias histórias clássicas inspiram roteiros de animações e, mais tarde, de filmes live-action. Comumente, a preocupação das novas versões não é de ser fiel ao conto original, mas de remeter ; quase ; perfeitamente à produção animada.
O diretor e animador brasiliense Márcio Moraes aprova o movimento de desenhos animados que inspiram versões com atores reais. ;Essa tendência é bacana e a tecnologia permite que filmes live-action utilizem os mesmos recursos presentes nos animados;, conta. Para Márcio, o futuro do cinema está praticamente fadado à fusão entre animações e filmes live-action. Segundo ele, efeitos visuais e histórias que antes eram limitadas aos desenhos traçam caminhos para conquistar espaço nos filmes com atores.
;É interessante pensar nesses remakes em que, mesmo quando o personagem não aparece na forma humana, ele é interpretado por um artista renomado;, comenta o animador. É o caso de Kaa, a cobra de Mogli ; O menino lobo (2016), dublada por Scarlett Johansson, por exemplo. ;Um recurso muito utilizado é o motion capture, que captura pontos do rosto e corpo do ator e cria por computação uma nova versão de imagem, baseada na feição e movimentação daquela pessoa.;
[SAIBAMAIS]
A tecnologia aparece nos filmes de Planeta dos macacos, que foram precedidos por livros, quadrinhos e animação de tevê. César, o líder dos macacos, não é apenas dublado, mas interpretado por Andy Serkis. O ator trabalha com pontos espalhados pelo corpo para possibilitar a localização dos movimentos pelo computador e, depois, com transposição digital sobre as cenas filmadas, ele se transforma efetivamente em César. ;O elenco, nesse caso, é uma forma de marketing, mas também de trazer mais realidade ao filme. Os estúdios querem agradar aos fãs, por isso os live-actions são produções tão grandes;, observa Márcio.
Semelhanças e diferenças
No início deste ano, foi lançado o remake de A Bela e a Fera, e as semelhanças entre o live-action e a animação da Disney são visíveis nas roupas, no roteiro, nos personagens e na trilha sonora dos filmes. Desde os primeiros teasers e cartazes do novo longa, fãs fizeram montagens na internet para comparar as duas versões e exaltar as equivalências.
Camila Viana tinha 3 anos quando assistiu à animação pela primeira vez e aos 20 se encantou ao ver a princesa de volta às telonas, com representações em carne e osso. No início, a estudante não esperava muito. ;Imaginei que nem chegaria aos pés do desenho animado;, admite. ;Mas a escolha de atores foi ótima e encaixou muito bem nos personagens! O Gaston, por exemplo, está muito fiel ao da animação.; Mesmo com várias semelhanças, o enredo da história animada sofreu alterações para o remake, e as novidades agradaram a Camila. ;Algumas cenas foram idênticas, já outras nem existiam no desenho, mas complementaram bem a história;, opina.
A primeira animação a receber um remake em live-action da Disney e a fazer sucesso foi 101 Dálmatas ; O filme. O live foi exibido 35 anos depois da produção animada, de 1961. Quatro anos depois, a nova versão ganhou uma sequência, 102 Dálmatas, e, desde 2013, notícias sem confirmações oficiais da Disney especulam sobre um spin-off para 2018. Supostamente, o novo filme será protagonizado pela vilã da narrativa e se chamará Cruela.
A volta de Cruela Cruel às telonas não é a única notícia da Disney que anima os fãs. Neste mês, na conferência D23 Expo, o estúdio cinematográfico revelou uma lista de filmes para 2018 e 2019. Mulan, Aladdin, Dumbo e O rei leão são títulos que, confirmados pela empresa, ganharão versões live-action nas telonas. Os rumores em torno de produções de outros longas, como Tink, sobre a Sininho de Peter Pan e sequências para Malévola, de 2014, e Mogli ; O menino lobo, de 2016, estão correndo desde o ano passado.
Mangá
A Disney não é o único estúdio a transformar desenhos célebres em live-actions. A bióloga Renata Mamede é fã de filmes baseados em mangás e conta que o desenho que mais gosta é DragonBall, mas o live-action de 2011, DragonBall Evolution, não a agradou.
;Normalmente, não me incomoda mudarem a aparência se for uma coisa muito difícil de se reproduzir, mas nesse caso fatos não bateram e personagens tiveram suas características psicológicas muito alteradas;, desabafa. Renata teve outra experiência, dessa vez positiva, com esse tipo de remake.
Assim como DragonBall, Death note é um mangá que originou um anime e, por fim, uma versão live-action. Para a bióloga, os filmes live-action de 2006, produções japonesas, são um bom exemplo de como os personagens do remake podem ter a aparência alterada sem desagradar ao público. ;É só não mudar a mentalidade deles. Em Death note, nem todos eram como eu esperava fisicamente, mas eu visualizava perfeitamente os personagens na interpretação do filme;, afirma.
*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Nader
O que vem por aí
Dumbo (2019)
O filme será dirigido por Tim Burton e é o primeiro live-action do diretor considerado remake, já que Alice no país das maravilhas não tem o mesmo enredo da animação de 1951.
O rei leão (2019)
Dublador de Mufasa na animação, James Earl Jones é um dos confirmados no elenco e viverá o leão mais uma vez.
Aladdin (2018)
Naomi Scott, de Power Rangers ; O filme (2017), será Jasmine. Já o protagonista Aladdin será vivido por Mena Massoud, ao lado de Will Smith como o Gênio.
Cruela, Tink e Malévola 2
Fãs acreditam que Cruela Cruel será interpretada por Emma Stone, a fadinha, por Reese Witherspoon e que Angelina Jolie viverá a vilã Malévola pela segunda vez.
Death note (2017)
A produção japonesa em live-action de Death note tem um spin-off de 2008, sobre a vida de um dos protagonistas, e uma sequência de 2016. Uma versão norte-americana do enredo será distribuída pela Netflix, com lançamento confirmado para o dia 25 de agosto.