Diversão e Arte

Conheça histórias de Luiz Melodia em Brasília

O cantor fez várias apresentações na cidade e conquistou muitos fãs na capital

Irlam Rocha Lima, Isabella de Andrade - Especial para o Correio
postado em 05/08/2017 07:00
Último show de Luiz Melodia em Brasília.

Ao longo da carreira, Luiz Melodia fez várias apresentações em Brasília e conquistou muitos fãs na capital. O primeiro show do cantor e compositor carioca na cidade foi em novembro de 1979, na Piscina Coberta (hoje, Ginásio Cláudio Coutinho) pelo Projeto Pixinguinha, quando dividiu o palco com a cantora e atriz Zezé Mata e roqueira Marina Lima ; em início de carreira. Nas três noites, eles foram assistidos por expressivas plateias.

O Clube da Imprensa (Setor de Clubes Sul) e a Facita (Taguatinga Norte) foram outros locais que receberam o autor de Pérola negra, Magrelinha e Juventude transviada. Mas Melodia fez um outro show memorável na Sala Villa-Lobos. Na verdade foi um recital acústico em que, acompanhado apenas pelo violonista Renato Piau, passou em revista seus maiores sucessos.

Em 26 de setembro de 2015, o brasiliense aplaudiu Melodia pela última vez, no encerramento do festival Satélite 061, inciativa da produtora Marta Carvalho. O cantor e compositor do Estácio, com sua banda completa e um naipe de metais, aproveitou para lançar o álbum Zerima, interpretando quase todas as músicas do álbum, além de vários dos clássicos de sua obra. A plateia, de aproximadamente 30 mil pessoas, fez coro com ele em várias canções, com destaque para Magrelinha, levando-o à emoção.

Luiz Melodia em 1982 na Facita em Taguatinga.

Uma noite de Luiz Melodia em Taguatinga

Quem chega ao tradicional Kareka;s Bar, na CNF 2, atualmente chamado Cervejaria Kaixa D; Água, em Taguatinga Norte, quer logo saber se aquele da foto pendurada na parede é mesmo Luiz Melodia. Orgulhoso, o proprietário Jaile de Assis, de 61 anos, mais conhecido como Kareka, confirma a presença do importante músico no bar e conta a história da visita, que aconteceu em 1982.

A cervejaria até hoje é famosa que pela programação cultural rica e sempre focada em MPB. Jaile contou Melodia apareceu no bar, quando era localizado no centro da cidade, após um show realizado na Facita (Feira do Comércio e Indústria de Taguatinga). O comerciante lembra que a visita foi feita no mês da consciência negra e acabou se transformando em um sarau entre os presentes, com muita música e poesia.

A fotografia feita pelo hoje premiado Ivaldo Cavalcante é um registro descontraído daquele tempo e guarda o estilo da época, despertando curiosidade entre os frequentadores do bar. ;Ele chegou e já se enturmou com a galera, escreveu poesias, cantou. Naquela época ele fazia muito sucesso e o bar se encheu de gente para participar do encontro;, lembra o proprietário do bar. Jaile guarda o disco em vinil de Pérola negra e conta que vai deixá-lo em amostra no Kaixa D; Água. ;Eu admiro muito sua voz, que embalava canções lindíssimas. Além disso, Melodia sempre foi muito ousado e inovador. A cultura brasileira perde um grande intérprete e músico;, destaca.

Luiz Melodia visita o tradicional bar do Kareka em Taguatinga.
O ator e mamulengueiro Chico Simões também esteve presente no encontro histórico de Taguatinga e lembra que Melodia bateu papo sobre música e fez poesia em guardanapos do bar, ;Naquele dia conversamos muito sobre a arte nos bares, que, na época, eram quase como centros culturais. Falamos das transformações do país e tínhamos muita esperança, já que naquele momento estava acabando a ditadura militar. Era um período muito rico;, relembra Simões.

Para Chico, a importância do músico se deve principalmente à sua origem, entre bares e subúrbios. ;Ele não vinha da classe média e também não era do movimento Tropicália. Surgiu como um poeta muito fino e elegante, trazendo aquelas canções que não eram diretamente de denúncia e protesto, mas falavam do amor;, lembra o artista.

[SAIBAMAIS]O fotógrafo Ivaldo Cavalcante registrou o momento e lembra que também assistiu ao show na Facita, seguindo depois com o grupo para o bar, que era um ponto de resistência cultural e de poesia na época. Ivaldo lembra que o músico experimentou a famosa pinga com mel do Kareka. Noite inesquecível...

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