Ricardo Daehn
postado em 31/08/2017 07:30
A figura de um pai com ótimo coração, um marido que lava pratos apenas quando há ;plateia; (leia-se, outros parentes por perto) e uma mãe que lida com as ;dores; de ver a filha se livrar das bonecas, virando adulta. Todas as situações fazem parte do longa Como nossos pais, que chega às telas, hoje, e consagrou a carreira da diretora Laís Bodanzky, em produção vencedora de seis prêmios Kikitos, no recente 45; Festival de Cinema de Gramado.
;Confeccionar o roteiro e ter filmado um longa que fala da mulher contemporânea foi um prazer. É um tema que está no ar e todas as mulheres querem e precisam que se fale. O que tem me chamado atenção, aliás, é que os homens têm reagido muito bem;, observa a diretora Laís Bodanszky, dona de filmografia que contempla longas como Chega de saudade e Bicho de sete cabeças.
Um dos segredos da cineasta foi o tratamento em tom leve. ;Não há homem vilão e nem há antagonistas. Na história não existe o certo e o errado: é todo mundo tentando acertar, e tropeçando, e errando também;, comenta Laís Bodanzky, à frente do roteiro coescrito por Luiz Bolognesi.
Relações maternais, considerações acerca do prazer, amores livres e desconfianças quanto a traições são alguns dos elementos explorados no longa estrelado por Maria Ribeiro. A escolha da atriz foi muito pensada pela forte identificação dela com o roteiro. ;Ela se via ali no enredo e eu pensava muito nela, ao escrever. Queria uma protagonista de atitude, com tônus;, conta Bodanzky.
[FOTO2]
O diálogo com o filme, pelo que observa, é fluido com quem, por exemplo, nem formou família. ;Os jovens percebem os equívocos nos modelos de família que têm sido repassados. Questionam até com mais facilidade e são abertos para outras formas de integração;, sublinha. Vinda da classe média, e filha de intelectuais, a protagonista de Como nossos pais, Rosa, vivencia experiências que independem de gerações e ainda, pela ótica da diretora, estão presentes em todas as classes.
Ao apostar numa personagem inconformada até mesmo com uma opressão discreta, e quase invisível, Bodanzky enobrece a voracidade de voz apresentada por Rosa. ;Ela tem atitude diversa do reclamar e ficar passiva ; ela é proativa, e não aceita coisas das quais discorde. Espero que a atitude dela inspire muita gente. Digo isso, na vida, dentro de casa, e fora de casa, na escola dos filhos, no trabalho, na rua. Na política!”, demarca a cineasta. Manifestação é incrementar o movimento da mudança, pelo que apregoa a também roteirista. ;Rosa me inspira, por fazer a pequena revolução. Pequenas revoluções, somadas são o que ocasionam mudança!”, conclui.
Outras estreias
Atômica
Os guardiões
David Lynch: A vida de um artista
Dupla explosiva
Emoji: O filme
O acampamento
Os campos voltarão